Segundo o Ministério da Saúde o Brasil nos próximos dois meses poderá viver uma ''tempestade perfeita'' que são três doenças de uma vez só que é coronavírus, gripe e dengue. O que poderá sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde.
Wanderson Oliveira, secretário nacional de Vigilância em Saúde, usou a expressão "tempestade perfeita" para alertar a população em uma entrevista coletiva, "vamos ter o coronavírus, que é novo, vamos ter a influenza [gripe], que é rotina todo ano, e também vamos ter o pico da dengue... Estamos com três epidemias simultâneas".
Segundo o Ministério da Saúde, as infecções por coronavírus estão aumentando — já são 250 mortes e mais de 6,8 mil casos confirmados até quarta-feira, e ao mesmo tempo a incidência de dengue, transmitida pelo velho conhecido mosquito Aedes aegypti, também tem registrado um crescimento preocupante.
O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde diz que o Brasil já registrou, até 21 de março deste ano, pouco mais de 441 mil casos prováveis de dengue — aqueles que são notificados à pasta pelos Estados, mas ainda precisam de confirmação por meio de resultados de exames. Ao menos 120 pessoas morreram da doença no período, é possível que esse número de mortos seja maior, pois há dezenas de casos suspeitos que ainda necessitam de confirmação.
De acordo com o Ministério da Saúde o pico de registros de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya, ocorre nos meses de abril e maio.
Ou seja, se o cenário já parece ruim, ele tende a piorar nos próximos 60 dias, coincidindo com a provável alta de casos de covid-19 e de influenza, que também costuma crescer e causar mortes conforme a média da temperatura diminui em vários Estados.
E também o Brasil registrou 1.122 mortes pelos três tipos de influenza, segundo o Ministério da Saúde.
Em uma entrevista com Adriano Massuda, médico sanitarista e professor de saúde coletiva da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o acúmulo de epidemias concomitantes é "uma situação grave, que pode produzir uma sobrecarga no sistema de saúde."
"É possível até que exista uma confusão para descobrir quem está com dengue, com gripe ou covid-19. Isso pode atrapalhar ainda mais o sistema de saúde", diz.
"É um cenário que vai ficar ainda mais complexo. Apesar de alguns sintomas serem até parecidos, como dores no corpo e febre, precisa haver a linha de cuidados para pacientes respiratórios, como influenza e covid-19, e outro para a dengue, pois os tratamentos são diferentes", afirmou à BBC News Brasil, por telefone.
Para Massuda as medidas como o isolamento social para diminuir a proliferação do coronavírus, podem ajudar a diminuir o quadro de gripe comum, que é transmitida basicamente da mesma forma: pelo contato com pessoas já infectadas.
Com informações do site Terra