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Saída do Ministro da Saúde deve se concretizar hoje ou amanhã

Segundo o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta(DEM), pontuou hoje, quinta-feira (16), que a pasta sob sua responsabilidade deve ter modificações nas próximas horas. Para o ministro "devemos ter uma situação de troca no ministério que deve se concretizar hoje ou amanhã", declarou ele durante um debate online com especialistas da área de saúde sobre o Covid-19.

Devido ao desgaste da relação com o presidente a saída do ministro do cargo é o assunto mais comentado durante a semana. Em suas declarações Mandetta sustenta que "eu sou a peça menor dessa engrenagem, eu escolhi muito bem a minha equipe", declarou ao argumentar, em tom de despedida, que o trabalho de combate continuará independentemente de quem assuma a o seu cargo.

Os argumentos foram destacados durante um debate online promovido pela iniciativa do Fórum Inovação Saúde (FIS), que reuni lideranças da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, Fiocruz, UFF, UFRJ, Academia Nacional de Medicina, entre outras entidades. Compartilharam do debate André Medici, economista de saúde; Denise Santos, CEO do hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo; Henrique Salvador, presidente da rede Mater Dei de Saúde; e Margareth Dalcolmo, pneumologista docente da Fiocruz.

Indagado sobre os impactos causados pela pandemia e sobre os planos para o futuro, Mandetta destacou que o país terá dificuldades econômicas e, no âmbito pessoal, ponderou que "talvez começar com uma entrevista de emprego. Vamos ter muito desemprego, vamos ter um impacto social. Desligar um país como foi desligado e ligar é muito complexo", justificou. Durante o debate, Mandetta fez referências às discordâncias com o presidente Bolsoasno.

"O mundo terá que ter grandes cabeças que vão ter que encontrar um equilíbrio. Fazer um novo mapeamento das dependências que nós criamos dos sistemas de saúde. Quem olha o vírus sozinho vai errar, porque ele ataca a educação, a economia, a Olimpíada, porque ele se impõe(...). Mas nós não sabemos ainda todos os efeitos. Não sabemos nem quem será o Ministro da Saúde amanhã", apontou Mandetta.

Sobre seu possível substituto, ainda indefinido, considerou que quer garantir que quem assuma "tenha o mínimo de condições de trabalhar. O que eu puder ajudar eu vou ajudar e depois vou fazer um distanciamento. Por que aqui é muito complicado. Um dia uma coisa é certeza, depois a certeza virou pó, virou dúvida e já é outra coisa".

Mandetta fez críticas as notícias falsas sobre tratamento para o novo coronavírus

Mandetta declarou descontentamento com o fato de discussões técnicas estarem ocorrendo com integrantes do governo que não entendem do assunto e citou "uma reunião com ministros falando sobre remédios para o coronavírus e todos leigos tentando convencer outros leigos, quando deveria ser discutido com integrantes do Conselho Federal de Medicina, por exemplo".

Ainda reiterou que "quanto mais baixa a formação, mais terreno fértil pela má comunicação, mas isso é diferente da má comunicação política, onde aquele que não concorda com a opinião é massacrado", disse. Em seu pronunciamento justificou que a ciência ainda está entendendo e estudando o novo coronavírus e que cada cidade precisará avaliar seu contexto para ver quais medidas são mais apropriadas.

Para o ministro, apesar da crise, a pandemia pode abrir uma oportunidade positiva para o Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS ganha Importância política no Senado e na Câmara para ter orçamentos mais próximos de um país que tem muitas doenças negligenciadas, como tuberculose, convivemos com a necessidade de leitos de alta complexidade. Teremos uma voz mais forte sobre isso".

Ministro é favorável a continuidade do afastamento social

Em resposta a pergunta de um internauta sobre o fim da quarentena e volta ao trabalho, Mandetta reforçou que é preciso um trabalho de várias áreas do governo."No curto prazo soltar todo mundo para buscar comida vai colocar todo mundo doente. Não vai ter nem comida, nem hospital. É necessário que o Estado estenda a mão rapidamente. Dá para fazer isso a vida inteira? Não. Mas depois que passar essa epidemia, muita gente terá a doença e não sentirá nada".

Desabafo do Ministro

Ontem, quarta-feira (15), Mandetta desabafou em entrevista no site da revista Veja, sobre os desgastes vividos com Bolsonaro durante o enfrentamento da pandemia da Covid-19 e admitiu que deixará a pasta. O presidente é contrário às recomendações do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de especialistas, sobre a eficácia do distanciamento social para reduzir o número de infectados pelo novo coronavírus.

O ministro afirma estar cansado após dois meses de trabalho. "Sessenta dias tendo que medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante", ressaltou.

O ministro já havia criticado Bolsonaro em uma entrevista ao Fantástico no último domingo, quando considerou que o brasileiro não sabe se escuta ele(Ministro da Saúde) ou o presidente e previu momentos difíceis em maio.

*Com informações do Uol

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