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Presidente Bolsonaro ameaça romper com a OMS

Na noite da última sexta-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ameaçou deixar a Organização Mundial da Saúde (OMS), e foi recebida na diplomacia como uma tentativa deliberada do governo brasileiro de desviar a atenção e se eximir da responsabilidade pelas mortes no país por Covid-19.

O presidente declarou a OMS para que mudasse seu comportamento considerado como "ideológico" pelo Palácio, ele poderia seguir o exemplo de Donald Trump e romper com a agência.

Oficialmente, a OMS indicou neste sábado (6), que não irá reagir ao anúncio do presidente brasileiro. Mas não faltaram comentários no alto escalão da diplomacia de críticas e apontando como uma manobra para encontrar um culpado externo pela crise, exatamente a mesma tática usada pela Casa Branca quando os EUA registraram 100 mil mortes. Naquele dia, Donald Trump anunciou que estava "rompendo" com a agência de Saúde.

Para negociadores internacionais, escolher a OMS como foco de ataques é buscar uma "cortina de fumaça". Mas embaixadores e técnicos apontam que a realidade é que Bolsonaro ignorou os alertas da entidade.

No dia 30 de janeiro, a OMS declarou a emergência global, o máximo nível dentro das regras internacionais. Mas de um mês depois, em 9 de março, o presidente brasileiro insistiu que a questão estava "superdimensionada". Dois dias depois, a OMS declarou a pandemia global. Mas, naquele mesmo momento, Bolsonaro indicou que outras gripes mataram mais que a covid-19. Uma semana depois, Bolsonaro chamou de "histeria" o assunto.

Quase dois meses depois do alerta de emergência da OMS, em 24 de março, o presidente brasileiro insistiu em termos como "gripezinha" e "resfriadinho". No dia 12 de abril, ele ainda indicou que o vírus estava "indo embora".

Fora da agência, o Brasil poderia estar excluído de um esforço internacional liderado pela OMS e europeus para garantir a produção e acesso à vacina contra a Covid-19. O governo brasileiro hesitou em fazer parte do esforço e sequer havia sido convidado para o lançamento do projeto. Mas na semana passada, em reunião ministerial em Brasília decidiu dar o sinal verde para que o governo solicitasse a adesão ao mecanismo.

De fato, se o Brasil imita a tática de Trump, negociadores alertam para o impacto de uma eventual saída do país da entidade. O governo americano é responsável por US$ 400 milhões de um orçamento de US$ 2 bilhões da OMS. O Brasil ao contrário, é um dos beneficiários do sistema e hoje mantém uma das maiores dívidas com a entidade, de US$ 33 milhões. "O Brasil perde mais que ganha saindo da OMS", apontou um experiente negociador.

Desde o início da crise, o Brasil passou a adotar uma postura considerada como "problemática" na OMS. Nas reuniões, optou na maioria das vezes pelo silêncio ou simplesmente não aparecer, enquanto Bolsonaro atacava Tedros Ghebreyesus, o diretor da agência. Em cada comentário da agência, porém, o governo apresentava queixas a cúpula. Cartas ainda foram enviadas pelo Itamaraty e foram interpretadas como pressões sobre Tedros.

*Com informações do Uol.

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