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1 Ano de pandemia: População consciente, a principal arma de enfretamento

26 de fevereiro de 2020, o dia em que o primeiro caso de Covid-19 aqui no Brasil foi registrado, na cidade de São Paulo. Um homem de 61 anos, começou apresentar sintomas logo após o seu retorno da Itália. Neste começo, o vírus ainda era algo misterioso para o mundo todo e, principalmente, para médicos, estudiosos e pacientes. 

Pouco mais de 10 dias após o primeiro registro, já haviam 13 pessoas contaminadas no país, levando o Ministério da Saúde a anunciar medidas de reforço nos atendimentos hospitalares de todo Brasil. Um mês depois do primeiro caso, o Brasil já tinha aproximadamente três mil pessoas contaminadas, foi ai que começou o descontrole de toda situação. 

Quando a Covid-19 chegou aqui no país, a população não tinha o mínimo de conhecimento sobre o vírus, para muitos não se passava de uma gripe, e pouco se sabia sobre ele. Em março do ano passado, inicia-se a quarentena, o isolamento social, o uso obrigatório de máscaras e álcool em gel. Estas foram as medidas tomadas para diminuir e combater o avanço da Covid-19.

Mesmo após todas as medidas e protocolos de segurança imposta à população, nacionalmente poucas delas ou nenhuma delas foram colocadas em prática, cada vez menos se ver por exemplo, pessoas que não usam máscaras e nem se quer praticam o distanciamento social.

Este cenário onde a população começa descumprir todas as medidas de segurança, teve grande impulso através do discurso do próprio líder de governo do país. Em março de 2020, Jair Bolsonaro (sem partido) foi a TV falar sobre os fatos, e em seu discurso o presidente disse que o ‘’país devia voltar à normalidade e que o coronavírus era apenas uma gripezinha’’. Logo após o discurso do presidente, grande parte da população brasileira deixou de tomar os devidos cuidados e medidas de segurança. 

Pouco menos de um mês depois, em 12 de Abril, o presidente de forma equivocada, mentiu afirmando que o coronavírus estava recuando no Brasil. "Parece que está começando a ir embora a questão do vírus’’, disse Bolsonaro no mesmo dia em que o país já registrava mais de 22 mil contaminações pela Covid-19.

Meses depois, a velocidade do crescimento de óbitos no país cresceu de forma assustadora. O presidente continuou minimizando os efeitos da pandemia, incentivando a circulação normal de pessoas nas ruas e colocando os números em dúvidas.

Nesta mesma época, em abril de 2020, Goiás começava a expandir redes hospitalares para combater o avanço da Covid-19 no estado. Medida colocada em prática pelo governador Ronaldo Caiado (DEM). Na ocasião, Caiado disse que se nenhuma medida tivesse sido tomada, os casos estariam em outra situação.

De lá para cá, infelizmente em todo o estado, a situação saiu totalmente fora do controle. Goiás enfrenta hoje as taxas mais altas de lotação de UTIs desde o início da pandemia. No último dia 2 de março, Goiás registrou um novo recorde de contaminados em 24 horas e ultrapassou 400 mil casos de covid-19.

De acordo com Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO) atualmente, o estado está com aproximadamente 97% dos leitos estaduais de UTI destinados ao tratamento de Covid-19, ocupados. Em todo o estado, apenas 12 leitos de UTIs estão disponíveis.

Algumas regiões já se encontram com 100% de ocupação de leitos de UTI, como Luziânia e Formosa, região do entorno de Brasília, onde os Hospitais de Campanha, já não conseguem mais atender todos os casos. Em todo o estado de Goiás, no último sábado (6), foram registrados 521 casos e 24 mortes confirmadas por Covid-19.

Na capital, a rede pública possui 254 leitos especiais e até o último sábado (6), apenas 1 estava disponível. Questionada sobre as medidas de protocolo e segurança ao combate da Covid-19, a enfermeira Camila Cássia de Carvalho Sá, que atua na linha de frente e atendimento ao Covid-19 no município de Guapó, região metropolitana de Goiânia, em uma escala de 1 a 10, ela faz uma avalição de 7, sobre a população não respeitar as medidas de segurança.

"Em uma escala de 1 a 10, eu particularmente avalio 7. Pois vejo que, quem se preocupa de verdade são bem cautelosos, e alguns até ao extremo. Já entre essas pessoas que não se encaixam nessa escala, não tem responsabilidade nenhuma. Não usam máscaras corretamente, não higienizam as mãos, nas ruas por exemplo, vejo várias pessoas ainda sem máscara’’, destaca Camila.

Atualmente, Goiânia é a capital que aplicou o maior valor de multa por falta de uso de máscara durante a pandemia da Covid-19. Casos de notificações que chegaram acima de R$ 900 mil reais.

A enfermeira Camila Cássia, ainda alerta sobre o aumento de casos no município de Guapó, nas últimas duas semanas a cidade teve um grande aumento em relação ao número de casos e mortes. "Infelizmente nosso município está com um aumento assustador nessas últimas duas semanas, tem dias que são 50 notificações diária de pessoas com suspeita do Covid-19. Ambulatório da cidade está lotado com pessoas no oxigênio, outros aguardando vagas em UTI, fora os óbitos que tivemos nesta semana’’, afirma a enfermeira.

Os impactos da pandemia e a saúde mental dos enfermeiros

Os profissionais da saúde atuando 24 horas por dia no combate ao Covid-19 estão entre os grupos mais vulneráveis às consequências emocionais e psicológicas da pandemia. Diariamente eles encaram rotinas exaustivas, onde o foco total é dar tudo de si em prol de uma vida, de um paciente lutando para sobreviver.

A enfermeira Camila Cássia, que está diariamente frente aos pacientes com Covid-19, disse que em muitas vezes se sente cansada, um cansaço físico e psicológico.

"Às vezes tenho muito cansaço físico e psicológico, juntamente com as estagiárias de enfermagem que vem me ajudando nas notificações, com a demanda grande do momento. Às vezes penso que não irei conseguir, mas quando vemos aquelas pessoas desesperadas, ansiosas e com medo de estarem contaminadas, a gente pede a Deus força, e eu como cristã me apego nela’’, ressalta Camila.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em uso de suas atribuições, constituiu um guia para orientar cuidados a saúde mental de diversos grupos, incluindo profissionais de saúde.

Neste cenário, o profissional de saúde é apenas um protagonista. Uma população consciente e solidária é a principal arma de enfrentamento.

A enfermeira Camila Cássia ainda utiliza muito de sua fé para ter sabedoria e lidar com toda a situação. "Faço orações antes de iniciar mais um dia. Tenho fé que tudo isso vai passar, porém deixará muitas perdas, e sequelas’’, diz Camila.

Vacina: Uma dose de esperança

O ano de 2021 começou rodeado de incertezas em relação a vacina para Covid-19 aqui no Brasil, embora algumas informações ainda vagas, tenham surgido ao longo dos primeiros dias do ano. Com a divulgação preliminar e ainda parcial dos dados de eficácia da CoronaVac pelo governo paulista, temos finalmente um pedido de autorização de uso emergencial na Anvisa.

Foram divulgados desfechos secundários muito promissores, mostrando um bom potencial da vacina para proteger contra doença que exija atendimento médico, hospitalização e óbitos.

No entanto, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou, por sua vez, que pretendia contratar doses da Coronavac para uso na campanha de imunização federal.

O que de fato sabemos é, vacinar o mundo contra a covid-19 é uma questão de vida ou morte. A esperança, enfim, bateu à porta. E veio na forma de vacina.

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