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Pesquisa aponta que 9% das brasileiras sofreram violência sexual alguma vez na vida

Pelo menos 8,9% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência sexual na vida, os dados são da Pesquisa Nacional da Saúde (PNS), divulgada na última sexta-feira (7), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde.

Foram feitas entrevistas em 2019, a mais de 100 mil domicílios selecionados por amostragem em todo o país.

Segundo especialistas em violência contra a mulher, foram feitas duas perguntas distintas para identificar os diferentes casos de violência sexual. Os dados obtidos incluem desde casos de estupro até situações que seria enquadrada no crime de importunação sexual.

Em uma das perguntas do questionário, sobre se a pessoa entrevistada “foi tocada, manipulada, beijada ou teve partes do corpo expostas contra a vontade” 79,7% das vítimas responderam que sim, sendo 76,1% das mulheres e 89,3% dos homens.

Na segunda pergunta sobre o tema, que avalia se a pessoa “foi ameaçada ou forçada a ter relações sexuais ou quaisquer atos sexuais, contra a vontade”. Neste caso, 50,3% das vítimas afirmaram ter vivido a situação, sendo 57,1% das mulheres e 32,2% dos homens.

O estudo estima que 9,4 milhões de pessoas de 18 anos ou mais de idade foram vítimas de algum episódio de violência sexual em algum momento da vida. O número corresponde a 5,9% da população.

Entre as mulheres, o percentual é muito maior, 8,9% das brasileiras sofreram violência sexual, para os homens o percentual é de 2,5%. Nos 12 meses que antecederam as entrevistas, 1,2 milhão de pessoas foram vítimas de violência sexual, dentre as quais 72,7% eram mulheres, o equivalente a 885 mil.

A pesquisa mostra ainda que, a maior parte das agressões sexuais contra mulheres foi perpetrada por companheiros, namorados, cônjuges ou ex-parceiros, citados em 53,3% das respostas. Em 61,6% dos casos a violência sexual ocorreu na residência das próprias vítimas.

Segundo Silvia Chakian, promotora de Justiça de Enfrentamento à Violência Doméstica do Ministério Público de São Paulo, os dados comprovam que a violência sexual é resultado de um cenário de desigualdade de gênero, pois, afeta de maneira muito mais profunda a vida de meninas e mulheres.

“A violência sexual, além de ser uma das mais graves violações de direitos humanos, é também a que mais escancara a desigualdade [de gênero], porque as vítimas são meninas e mulheres, na sua imensa maioria. Estamos falando de uma violência de gênero, que é fruto de uma relação de poder e submissão que foi criada e reforçada historicamente pela sociedade. É essa relação de poder que acarreta tanto desequilíbrio, e que ainda induz a muita violência sexual”, afirma Silvia.

De acordo com a pesquisa, 60,2% das vítimas declarou que a agressão provocou “medo, tristeza, desânimo, dificuldades para dormir, ansiedade, depressão ou outras consequências psicológicas”.

Consequências físicas como hematomas, cortes, fraturas, queimaduras ou outras lesões físicas ou ferimentos foram citadas por 19% das vítimas.

Segundo a psicóloga Daniela Pedroso, que há 24 anos é especialista no atendimento a vítimas de violência sexual, as consequências da agressão podem ser imediatas, mas também podem perdurar por anos, e é comum que, ao tratar as consequências psicológicas de uma agressão, a mulher revele que foi vítima de outros casos de violência sexual no passado.

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