A adaptação do pé de sapato apertado
Redação DM
Publicado em 15 de agosto de 2022 às 14:37 | Atualizado há 3 anos
Bem que o bicho humano poderia ter saído modificado, ou mais adaptado e mais rígido do que esse que temo-lo hoje em dia. Existem momentos que dá para pensar que é um projeto que não deu muito certo. Tal análise e achado dizem respeito, claramente, a alguns tipos de indivíduos justamente porque não são divíduos.
Expresso desta maneira, fica aqui esse registro como mero e opinativo direito de imprensa e expressão e não uma contestação ou dissenso pela simples discordância.
Entrementes (no meio de cérebros e mentes) ficam estas palavras apenas neste considerando. É bem verdade que o supremo arquiteto e criador; há essa conjectura; nos deu essa aptidão o contraditório e outros repertórios. Porque o plausível livre-arbítrio já se sabe certo que foi uma dádiva concedida para que de forma lúcida e consciente, o homem empregasse as suas escolhas com uma cláusula pétrea. A assunção dos riscos nesse livre-arbítrio. Exemplo cristalino: eu entro em um carro como motorista e saio ao estilo velozes e furiosos e pá, me esborracho em algum objeto solido e intransponível. Saio todo alanhado e mato alguém; culpa minha, vou preso e arcar com danos morais, humanos, materiais e penais.
Volto ao tema central e continuo: relativo à concepção do bicho humano. Existem variados comportamentos e expedientes de certas classes de gentes, de variados caracteres que nos surpreendem. Tem-se como modelo a chamada atitude ou comportamento da acomodação. É o princípio do pé de se acomodar ao sapato apertado e depois o alívio da retirada do aperto. Da água se conformar às curvas e reentrâncias do copo. Com os humanos a coisa se faz parecido.
Relembrando algumas ocorrências modelares. Imaginemos aquela família por demais zelosa na criação dos filhos. Do filho, em especial. Este jovem é tratado com brincos, mimos, digitais, virtuais, virtuoses. Os melhores serviços domésticos, luxo na cama, mesa e banho. Todos sóbrios, ninguém ingere alcoólicos. Ou quase todos, porque esse escudado e bem tratado membro parental, que muito vive entre as paredes nas conexões sociais. Ele tem namorada, amigas de farras e baladas. Todos de cristais, copos e garrafas. Patuscadas, baladas, bailes e outros balanços das noites. E vai bebendo, bebendo, bebendo. E a família vez e outra faz admoestações, protestos. Só social, mãe. Eu controlo, pai.
Nesse diapasão que mãe e paisão vão se ajeitando, quando o jovem que era sóbrio, hein! Quando já guapo, parrudo e maioral etário tem-se um alcoólatra na família. Aos poucos foi-se tendo como normal um filho beberrão e adicto etílico. Foi o pé se ajustando ao sapato apertado.
Mais dois casos modelos do reflexo condicionado da acomodação ou tolerância. Também chamada síndrome da adaptação social. Bem pesado este exemplo. Os pais paulatina e gradualmente tomam ciência de que o filho está fumando cânhamo, a de alguns recriminada de alguns aceita, ou maldita maconha. um cheirinho aqui, outro ali, uma tragada recreacional nos fins de semana e coisas e tais. E a família, intransigentemente, repugna e maldiz da maldita erva. E vai, e vai. Passa alguns anos. Filho adicto e contumaz. Fuma diariamente. Radical mudança dos pais. A família passa a ver a planta esconjurada como inócua, miraculosa, medicinal. Pudera! Virou até remédio. Temos assim, o clássico modelo de acomodação em nome do protegido e mimado filho.
Último e melancólico modelo de acomodação do pé ao sapato apertado. Família bem constituída. Filhos bem e até demais amados. Eis que de repente, um desses, ainda muito jovem tem ou faz preferência homossexual (homoafetivo). Espanto e pasmo geral, de pais e irmãos. Ah, não, não pode. “Apague esses nudes de homens em seu celular, em seu computador, Sicrano”! Protesto, decepção, raiva, tentativa de terapia. Marque com dra Carla Maciel Loreira, especialista nesses caos.
Nada, indelével e inelutável escolha, a família e irmãos antes homofóbicos, aos poucos vão seguindo os movimentos da água no copo. Aceitação, acomodação. Lindos. Mais um cunhado, mais um genro. A natureza não se faz por saltos. Ela é impassível. Impossível tentativa de atropelar. A Psicanálise explica e ajuda em tudo. E tudo se ajeita, melhor se acomodar. São filhos e precisam de nosso amor. Lindo Amor.