A esfinge que finge na democracia demoníaca
Redação DM
Publicado em 12 de maio de 2016 às 02:14 | Atualizado há 9 anos
No artigo “Justiça tire a venda!”, publicado na semana passada, logo no primeiro parágrafo pergunto a razão dela, a tal da “Justiça”, não tirar a venda, aquela venda que lhe cobre os olhos, pois, assim veria a pouca vergonha, o bacanal, os seus súditos, os seus legisladores, ministros, juízes, promotores, advogados, quase todos, à venda!
Detesto aquela esfinge que finge imparcialidade, os fóruns privilegiados e detesto, ainda mais, a palavra “democracia” porque desde criança me lembro das palavras demônio, demo, não que eu seja tão burro e não saiba o que é a Grécia, a morfologia da palavra democracia, não, não é nada disto, é apenas idiossincrasia mesmo! É você ter que colocar o rabinho no meio das pernas e sair caladinho, prometendo a si mesmo que não vai mais se envolver, não vai mais escrever, não vai mais opinar, mas, somente promessas, nada mais. Eu acho que nunca, na história da humanidade, uma democracia mostrou-se tão maculada e fragilizada às nuanças legais do que agora, em meio a este turbilhão envolvendo o impedimento da presidenta e, venhamos e convenhamos, já estava na hora do lixo vir à tona, as pedras pregarem!
Eu estou cumprindo o meu insignificante papel e, certamente, o misericordioso leitor assíduo é testemunha de que, a partir de 2011, eu comecei a meter o bedelho na porcaria que estava ocorrendo na Petrobrás repetindo, incessantemente, que os e-mails da presidenta Dilma Rousseff estavam sendo espionados pelo governo estadunidense, objetivando desestabilizar a ordem política, social e econômica brasileiras para descapitalizar a Petrobras, que era a quarta maior empresa do ramo no planeta, valendo bilhões e, agora, que pena, devendo trilhões, então, queriam de volta, com dividendos e tudo, coisa de guerra mesmo, vingança devido aos prejuízos que sofreram outrora, lógico, com as ações. Suportei inúmeros energúmenos dizendo-me que não havia como espionar os e-mails da presidência e alguns, os que dizem que, os que pensam como eu, vivem na era hippie, nos anos 60, enfim, discriminando-nos, tentaram me explicar o que é o Itamaraty. Afirmei, especialmente a partir de 2012, que não haveria cadeia para tanto político se as operações da Polícia Federal prosseguissem. Muitos riram e alguns até comentaram que eu “não tenho jeito mesmo”, que eu sou muito otimista e que os diretores da Petrobrás e das empreiteiras jamais seriam presos! Que bom que eu estava certo e eles errados, mais uma vez!
O misericordioso leitor deve ter observado que eu coloquei acento agudo na palavra Petrobrás contrariando, como faço com a palavra presidenta, a imensa maioria dos bambambãs da “linguística”, entretanto, quando sobrar um tempinho, por favor, vá até a barra do seu servidor e digite “Petrobras ou Petrobrás”? Eu fiquei impressionado. Um acento agudo com tanta significância e produzindo tantas controvérsias! Eu já escrevi dois ou três artigos sobre isto, assim como vou tratar de escrever mais um sobre a sexta-feira 13 que se aproxima…
O que ocorre com o Brasil, desde que foi instituída a nova democracia, a nova Constituição, permite-nos a constatação de que somos muito infantis, que as nossas instituições são muito frágeis e que o amontoado de leis e regulamentos tornam um julgamento, uma sentença, algo quase que, digamos, utópico, deixando quebrantados os ânimos dos envolvidos, enfim, toda aquela coisa ridícula, burocratizada, interminável, que gera mais retardamento no progresso necessário, possível e esperado. Até.
(Henriqe Dias , jornalista)