Brasil

A política como arte de promover o bem-estar da comunidade

Redação DM

Publicado em 30 de julho de 2016 às 02:51 | Atualizado há 9 anos

A Polis, cidade estado grega, foi construída para dar fama universal ao cidadão da Grécia milenar, naquele tempo perdido no ermo sem termo. Ela, de fato, conseguiu projetar a comunidade grega no espaço e no tempo, concedendo fama universal aos seus filhos. Com o perpassar de séculos, polis, por derivação, formou a palavra política, fama universal confunde-se com bem-estar, satisfação pessoal, emanando daí o sentido verdadeiro, clássico de política, bem-conceituado por Aristóteles, em Ética a Nicomaco; numa aula, o diálogo entre aluno e professor, onde aluno, no caso Nicomaco pergunta ao professor – próprio Aristóteles, considerado pai da política verdadeira – é possível aprender a viver feliz? À indagação, responde ele ao discípulo, a política cuida disso na medida em que ela realiza, na vida em sociedade, o bem supremo.

O que é o bem supremo senão a própria felicidade! Era comum os sábios na antiguidade, onde o saber, conhecimento, constituía regalia de poucos, preparar os filhos para que fossem doutos como ele, pai, dotado de sapiência. Tudo que nos cerca no cotidiano tem o lado bom e o lado ruim, na política acontece a mesma coisa. Nos primórdios, o lado oposto ao pensamento de Aristóteles, negativo, era representado pelos sofistas, na atualidade, de forma mais aguçada, o maquiavelismo, seu mestre expoente foi Maquiavel, escritor de renome do século XV III. Com efeito, viveu numa era que não existia liberdade de imprensa, contrariasse ele o príncipe ou o rei poderia ser penalizado com a prisão, ter suas obras queimadas, ou mesmo, enforcado, guilhotinado. Então, para continuar escrevendo sua obra vastíssima de historiador em seu tempo, tinha que bajular o príncipe, ou seja, os donos do poder, creio, absolutista, por isto, arquitetou livro especial para sensibilizar eles: reis, príncipes, ao qual deu nome de “O Príncipe”.

Nesta obra, ensinava, dava conselhos ao soberano do reino ou principado, de como proceder, para tapear os súditos, ludibriá-los, até mesmo intimidá-los para reinar, perpetuar no governo de forma segura. Os séculos passaram e, agora, em plena república, o maquiavelismo tornou-se mais vivo, ativo do que antes com os governantes rezando na sua cartilha, tendo a obra prima de Maquiavel como livro de cabeceira. A grande maioria de nossos representantes, contratados pelo voto, aprenderam com prodígio, facilidade a corrente política maquiavélica, arte de velhacar para perpetuar-se no poder, o lado podre da república, superfaturando o orçamento municipal, estadual e federal, mais desastrado no plano econômico, financeiro, do que a dengue e Zika na saúde de nossos patrícios.

Nos albores da república, cria rebento do Iluminismo, seu filósofo mor, Jean Jacques Rousseau, alertava o mundo daquele tempo sobre a importância da vontade geral, exclusivista do cidadão eleitor, para o bom funcionamento da nova república, que por sinal, de forma diferente da república vivida, há dois mil e quinhentos anos, na cidade estado de Atenas, era direta, os cidadãos constituíam e participavam da assembleia mais alta, a Eclésia. A Iluminista nasceu indireta, mais grave ainda, o ato de criação da república representativa usurpou a poderosa e, indelegável vontade geral dos cidadãos eleitores, atrelando-a ao congresso.

Rousseau já alertara, caso fosse ela delegada, mas, não foi delegada e sim, ardilosamente arrancada, a corrupção tomaria conta da administração pública, como assistimos com o “ Mensalão” e atualmente “O Petrolão” e tantas outras no passado recente, como a do Juiz Lalau, sete anões do orçamento e miríade de outras, perdidas nas brumas do tempo, alimentando e a alimentar, em sua plenitude, caso não seja extirpada, a subcultura patrimonialista.  Entrementes, estes do agora, do ápice da pirâmide administrativa, a sociedade vem assistindo, de camarote, pela mídia, contudo, ela está presente, de forma camuflada, também, nos municípios e estados brasileiros. O motivo que fundamentou a mudança da forma direta de democracia, para a indireta, está consubstanciado ao tamanho dos estados constituídos, a América do Norte, continental, França, maior país da Europa, cabendo dentro de seu território dezenas de cidades estados, como a do berço da primeira república, os EEUU, centenas delas.

Com efeito, a princípio era quase que impossível, mas, com determinação poderiam ser experimentadas, formando-se uma federação de cidades estados, entretanto, a luz da atualidade, com municípios hoje bem estruturados, tornou-se viável, tanto o modelo direto, com a participação do cidadão eleitor, diretamente, numa assembleia cívica municipal (Eclésia), controlando o poder executivo e legislativo, fulminando o superfaturamento responsável, de certa forma, pela falta de verbas, mormente para a saúde, educação, segurança, qualidades. Ademais, pode-se aventar a combinação da forma indireta com a direta, a partir dos municípios. Os próprios munícipes, de forma organizada, controlando legislativo e executivo, no que diz respeito à aplicação do orçamento público municipal. Mudança desta natureza, inolvidável, exige a organização da comunidade, além do mais, carece de educação política que a escola, em plena aurora do terceiro milênio, regateia, “rídica” ludibriando a nossa a gente, a que paga as despesas monstrengas do estado.

A falta de conhecimento do que é política, enseja a falta de vontade no que diz respeito à participação, controle, reivindicação de um direito singular e indispensável ao funcionamento exemplar da democracia, democracia de dar água na boca, como foi concebida na antiguidade, dando-lhe fama universal, considerada melhor forma de governo do mundo. Ao permitir a contratação e dispensa dos gestores públicos de forma pacífica, pelo voto, sua arma mais poderosa, desde que se promova a substituição do voto subserviente leniente pelo voto consciente sapiente. Citando, de novo, Aristóteles, ele, em sua classificação das formas de governo, elegia a monarquia, governo de um só, em detrimento da democracia, governo de muitos, alegando que, ao permitir a demagogia, bastante surrada pelos atuais ocupantes do poder, mormente, os dois últimos: Lula e Dilma, conduzia a anarquia. No caso atual, a anarquia das contas públicas, esbanjando mais do que o estado vem arrecadando, gerando o atual atoleiro econômico, e, se não fosse o “Mensalão e a operação Lava Jato, conduzida de forma contumaz, a primeira, pelo ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, e, a em curso, pelo Juiz Sergio Moro, teria descambado, numa segunda Venezuela, uma das meninas dos olhos do ex-presidente Lula: anarquia abrindo caminho ao governo totalitário, plutocrata, tirânico.

Evocando o lado negativo da política, arte de subtrair o bem-estar do povo, a ferrovia Norte-Sul projetada há quase 50 anos, embora enlameada, por toda sorte de escândalos de corrupção, foi concluída há mais de cinco anos, custou aos patrícios contribuintes mais de oito bilhões de reais, parada, segundo testemunho de entendido no assunto, subtrai renda à nação de Três bilhões de reais/ano, numa conjuntura em que as despesas públicas estão a crescer em média 6% ao ano, enquanto o nosso PIB, ao longo dos últimos 25 anos, vem crescendo em média 3,5%, portanto de marcha ré. O seu funcionamento, há cinco anos, além de promover economia, riqueza, estaria gerando empregos, serviços, impostos, bem mais benefícios, descongestionando a BR-153, que já devia estar duplicada, consoante determinava o PAC, plano de aceleração do crescimento governamental.

Ambas as obras, a ferrovia funcionando a Pleno vapor, a rodovia duplicada, estariam, também, promovendo mais conforto e bem-estar à sociedade. Neste caso, o lado bom da política cavalgando o lado negativo, este, a política das patotas. O critério usado, pelo partido, para ocupar ministério, no lugar de rigorosa escolha de gente dotada de capacidade e disposição, escolhe até o “burro preto” desde que faça parte da patota, ou, esteja jungido ao jogo sujo do cooptação, em voga, no Congresso, ocupando, tomando o lugar da política de coalizão a mais razoável.

Enfim, patrício leitor, o lado ruim, negativo da política em voga, usual pelos ocupantes do poder, na atual conjuntura, desencadeou descrença descomunal no cidadão eleitor, pelo atual modelo de governo, apelidado republicano, abismal, tamanha descrença, abarca quase todos eleitores. Assim, resgatar a forma verdadeira, positiva, clássica, creio, propositadamente, esquecida, para fazer, virtualmente, nossa gente burra de carga do estado, carruagem de luxo deles, gerenciasse o país a vida toda, exigirá muita garra leitor, mas vale a pena. Por isto, para uma mudança de paradigma, capaz de mudar a cara da república, o melhor caminho será anular as últimas eleições, rotas e convocar de imediato outras, limpas.

Faça corrente patrício eleitor, forme opinião, só você, em cadeia, com os milhões de cidadãos, cidadãs eleitoras desta nação, poderá realizar tamanha mudança, cambiando a atual falsa política, pela verdadeira, a arte de promover o bem-estar de todos brasileiros.

 

(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)

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