Brasil

Ao senhor Batista Custódio e leitores do Diário da Manhã!

Redação DM

Publicado em 21 de abril de 2016 às 01:42 | Atualizado há 9 anos

Os goianos da minha geração bem se lembram do “Cinco de  Março”. Mais do que semanário, uma legenda, um anseio, um sonho. Nas barbearias, no ônibus, nas praças, nas salas de espera dos consultórios, nas casas de comércio, nas residências dos endinheirados ou casas modestas do anônimo operário lia-se e comentava-se o “Cinco de Março”. Na primeira página, a beleza literária inserida nos artigos assinados por Batista Custódio. Nas manhãs de segunda-feira exemplares do “Cinco de Março” formavam o desjejum do governador e dos seus auxiliares, dos deputados estaduais, prefeito e assessores e chegavam ao interior que, com afeto, os acolhia.  O “Cinco de Março” animava discursos e debates nas Câmaras de vereadores e na Assembleia Legislativa.

No primeiro ano primário (era assim mesmo, redundantemente, que se falava), descobri minha incontrolável vocação para escrever. Grande prazer me subia à alma quando a professora mandava fazer redação. Bendita redação, bendita língua portuguesa. E dizia: “Quando crescer, serei advogado na área criminal.” Balconista do meu pai, radialista, repórter do goianiense “Diário do Oeste” quando este estava em coma (logo pereceu) e credenciado pela Difusora de Jataí na Assembleia Legislativa, volvi-me à terra natal, a “Cidade Abelha” que amo tanto, e ingressei no Fisco estadual que me conduziu a Rio Verde, onde minha amada, senhora Ilsa Rezende Machado Lima, e eu criamos nossos filhos que nos deram genro, noras, neto e netas. O mais novo dos nossos rebentos é o jornalista Fernando Machado, diplomado em Uberaba. Ele é um lutador, a exemplo do Joaquim Neto, o mais velho; da Patrícia, a únic varoa. Lutadores seus cômjuges, minha esposa, os netos Mariana e Davi (Eloá ainda é pequena, mas também  guerreia). Em Rio Verde deixei que o apego à memória do povo (herança do meu inesquecível pai, senhor Joaquim Borges de Oliveira) se extravasasse e hoje sou um memorialista, autor de quase 20 livros sem leitores, e com 71 janeiros nas costas  sonho em ser escritor. Trago, no meu currículo pobre, a liderança da criação da “Academia Rio-Verdense de Letras, Artes e Ofícios” e do inerte “Instituto Histórico e Geográfico de Rio Verde”. Assinei coluna de jornal desta urbe, fui a escolas e falei sobre personagens correspondentes às suas toponímias. Minhas preocupações com as reminiscências rio-verdenses me fizeram ter diários na perspectiva de que serão úteis aos pesquisadores.

Ansiara por espaço em jornal de Goiânia, mesmo admitindo minhas limitações, e o espaço me é concedido( esta é minha quarta participação). Vaidoso por isso, porém consciente da minha responsabilidade. Maioria dos meus textos se inspirará nas minhas quatro cidades, todas do sudoeste goiano: Serranópolis, onde fui gerado; Jataí, onde nasci; Mineiros, lá me casei; Rio Verde, minha morada desde 1973. Eternamente grato ao meu parente, amigo, confrade e conterrâneo Irani Inácio de Lima por ter vindo ao meu lar e me convidado, com o aval de Batista Custódio, a escrever uma crônica por semana no Diário da Manhã, filho do “Cinco de Março”. Que o Parkinson não me impeça de teclar e que o resultado seja salutar em todos os sentidos. Que Deus me ilumine e me dê sabedoria nesta e em todas as ações de minha vida. Que o Senhor do Universo me conceda a graça de continuar neste mundo por mais não sei quanto tempo, depois de ver a prosperidade da minha esposa e dos nossos descendentes.

Mando caloroso abraço para Aidenor Aires e Geraldo Coelho Vaz.

 

(Filadelfo Borges de Lima. O autor é maçom grau 3, auditor fiscal de Goiás aposentado. [email protected])


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