Brasil

Banco Central terá de justificar novo estouro da meta de inflação ao Ministro da Fazenda

Redação Online

Publicado em 28 de junho de 2025 às 15:40 | Atualizado há 8 horas

O Banco Central deverá enviar, nas próximas semanas, uma nova carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as razões para o novo estouro da meta de inflação. A necessidade da comunicação formal se deve ao fato de que o índice oficial de preços deve permanecer, pelo sexto mês consecutivo, acima do teto de 4,5% definido pela política de metas contínuas, em vigor desde janeiro.

Segundo estimativas do mercado, o índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) de junho deve registrar alta de 0,27%, o que manteria o acumulado em 12 meses acima dos 5%. Em maio, o IPCA já estava em 5,32%. O resultado de junho será divulgado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 10 de julho.

Pelo novo regime, o Banco Central não precisa mais esperar o fim do ano para justificar o descumprimento da meta. Basta que o teto seja ultrapassado por seis meses consecutivos. Com o novo episódio de descontrole inflacionário, será a segunda vez apenas em 2025 que a autoridade monetária terá de explicar, por escrito, por que a inflação está fora dos parâmetros estabelecidos.

Na carta, o Banco Central deve apresentar as causas do estouro, as medidas já adotadas e uma estimativa de quando a inflação deve retornar ao intervalo de 1,5% a 4,5%. Em seu relatório mais recente, o próprio BC projeta que o IPCA só voltará a ficar dentro da meta no primeiro trimestre de 2026.

Entre os fatores que pressionam os preços estão a alta nos alimentos, provocada por estiagens e quebras de safra, a desvalorização do real frente ao dólar a maior entre as principais moedas em 2024 e o aumento da percepção de risco fiscal, que tem elevado o custo de financiamento do governo e influenciado negativamente o câmbio.

Com a inflação persistentemente elevada, o Banco Central enfrenta também pressões sobre sua política de juros. A taxa básica Selic está atualmente em 10,5% ao ano, e analistas já cogitam a possibilidade de interrupção no ciclo de cortes, ou até uma eventual alta, caso o cenário não melhore.

O novo estouro da meta se soma a episódios semelhantes ocorridos em 2021, 2022 e 2024, e reforça os desafios enfrentados pela autoridade monetária em manter a estabilidade dos preços. Ao mesmo tempo, reacende o debate sobre os limites de atuação do Banco Central e os impactos da política fiscal nas expectativas inflacionárias.

A carta que será enviada ao Ministério da Fazenda tem peso simbólico e técnico: além de cumprir o protocolo exigido pelo regime de metas, serve para dar transparência às decisões da política monetária e orientar o mercado sobre o cenário futuro da inflação no país.


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