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Brasil pode ser o primeiro país a zerar emissões em 2040, diz cientista Carlos Nobre

DM Redação

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 05:58 | Atualizado há 6 horas

Tayguara Ribeiro – Folha Press

O Brasil tem potencial para ser o primeiro país do mundo a zerar suas emissões de gases que provocam o aquecimento global. A afirmação é de Carlos Nobre, professor da USP e um dos principais especialistas em clima do Brasil. O caminho, entretanto, não é nada simples. Para funcionar, seria necessário mudar a forma de gerir a criação de gado, evitar o desmatamento e parar com a utilização de combustíveis fósseis.

O cientista vai lançar no fim deste mês, junto com outros pesquisadores, um estudo que aponta o potencial de mitigação do país. O documento será publicado poucos dias antes do início da COP30, conferência climática da ONU que ocorre em Belém de 10 a 21 de novembro.

Membro da Academia Brasileira de Ciências, Nobre é referência mundial nos estudos sobre amazônia e mudanças climáticas. “Nosso estudo mostra que o Brasil pode zerar as emissões em 2040. Primeiro país do mundo. É totalmente factível. Para isso, é preciso zerar o desmatamento, a degradação de todos os nossos biomas pelo fogo, investir na agricultura e na pecuária regenerativas e, obviamente, não mais usar combustíveis fósseis”, diz.

Nobre lembra que o Brasil é o sexto maior emissor de gases causadores do aquecimento global. Segundo ele, as mudanças climáticas avançam de forma acelerada e, por isso, não é mais aceitável zerar as emissões somente em 2050, meta tual. Por isso, diz, precisamos torcer para esta ser a melhor COP de todos tempos.

Embora seja preocupante o atraso nas entregas das NDCs (metas climáticas estabelecidas pelos próprios países), assim como a saída dos EUA do Acordo de Paris, Nobre acredita que esses percalços podem servir como impulso, ajudando a destravar algumas ações. O cientista ressalta que as mudanças climáticas já têm causado muitas mortes no mundo todo.

“A poluição urbana leva a 6 a 7 milhões de mortes por ano e reduz a expectativa de vida de dois a quatro anos”, diz. “Todo mundo pensa que são as chuvas excessivas, os deslizamentos, as inundações, os principais causadores de mortes. Não. São as ondas de calor. As ondas de calor hoje estão causando mais de 500 mil mortes por ano, principalmente pessoas idosas, idosos, crianças com menos de cinco anos, pessoas doentes. E nós estamos gerando um mundo, principalmente no Brasil, muito pouco preparado para combater as ondas de calor.”

Nobre participou, do TEDx em Ilhabela, cidade do litoral norte de São Paulo, nesta segunda-feira (6). Faltando pouco mais de um mês para a realização da COP30, o evento, em sua primeira edição no município, promoveu um debate sobre mudanças climáticas, bioeconomia e sustentabilidade.

O encontro reuniu empresários, cientistas, artistas e lideranças comunitárias para discutir a questão socioambiental local e global. Tendo como pano de fundo as belezas naturais da região, as palestras abordaram temas como ESG, justiça climática, racismo ambiental, mudanças climáticas e ecoturismo.

O TEDx em Ilhabela contou ainda, entre outros nomes, com o cineasta David Schurmann, autor de obras sobre oceanos e líder de expedições sobre a preservação marinha, e Hermes de Sousa, educador popular que atua com jovens em situação de vulnerabilidade.

*O repórter viajou a convite da organização do TEDx Ilhabela.

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