Brasileira cria sensores para detectar câncer de mama
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Publicado em 20 de outubro de 2023 às 13:52 | Atualizado há 6 meses
O câncer de mama é o tipo de tumor mais
comum entre mulheres. O diagnóstico precoce pode ajudar a salvar vidas
ao antecipar o tratamento. Assim, uma cientista brasileira desenvolveu
dois sensores de baixo custo, impressos em papel, para detectar a
presença de substâncias deixadas pelo tumor em fluidos corporais, a
exemplo de soro sanguíneo ou saliva.
Segundo Ana Elisa de Oliveira,
pesquisadora que criou os detectores, existem vantagens no uso de
sensores eletroquímicos sobre as técnicas convencionais. A sensibilidade
alta da ferramenta eleva a qualidade dos resultados, e o custo de
produção é baixo. Os aparelhos são descartáveis, requerem pouca
manutenção, e a análise dos testes dispensa técnicas especializadas.
“Sensores impressos em tela custam, em média, cinco dólares, contra oito
centavos do sensor de grafite proposto pela pesquisa. Isso é, nosso
aparelho tem um valor 65 vezes menor que o do produto de mercado”, a
cientista compara.
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O processo de elaboração dos detectores
está descrito no trabalho de doutorado Desenvolvimento de Eletrodos
Impressos em Papel para Determinação do Biomarcador de Câncer CA 15-3 em
Amostras Biológicas. Realizada na Universidade Federal de São João del
Rei (UFSJ), a pesquisa ganhou o prêmio CAPES de Tese 2023 na área de
Materiais. No percurso até o resultado, o estudo gerou oito artigos
científicos publicados em periódicos de alta relevância. Dentre eles, a
vencedora destaca o texto publicado no Talanta, que tem alto fator de
impacto. Outra produção, que saiu no periódico Electroanalysis, figurou
entre os itens mais baixados da revista em 2021.
Um dos principais obstáculos superados
foi a pandemia de COVID-19. “O laboratório parou por meses. Quando
finalmente voltei, passava manhã, tarde e noite lá; e muitas vezes saía
sem resultados”, relembra a cientista para quem a premiação foi uma
surpresa: “Eu estou me sentindo extremamente honrada por ter meu
trabalho de doutorado reconhecido com o recebimento de um prêmio tão
importante”.
Sobre a vencedora
Ana Elisa Oliveira é filha de um professor de Química e foi aluna do
pai no ensino médio “cresci entre experiências, como o teste de chamas
para fogo colorido, indicador de pH de repolho roxo, e até acendendo uma
lâmpada com solução salina”, lembra.
Em 2015
graduou-se em Química na UFSJ. Durante o curso, recebeu um prêmio no
XXVII Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Química pelo trabalho
de iniciação científica. No mestrado, concluído em 2017, desenvolveu um
sensor para encontrar inseticidas em amostras de mel. A vencedora tem
19 artigos publicados.
Atualmente,
Ana Elisa trabalha como supervisora do Laboratório de Físico-Química da
Companhia de Saneamento Municipal de Juiz de Fora (Cesama), e já tem
planos para o Prêmio. “Com a bolsa de pós-doutorado que receberei da
CAPES, pretendo dar continuidade à minha pesquisa no desenvolvimento de
sensores”, comemora.