Careca do INSS tinha call center que pagava viagens e perfumes a ”funcionários”
Redação DM
Publicado em 12 de maio de 2025 às 13:21 | Atualizado há 2 horas
Uma investigação da Polícia Federal revelou detalhes chocantes sobre o esquema de fraudes que desviou até R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) entre 2019 e 2024. No centro do golpe está Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como o principal operador do esquema que envolvia descontos ilegais em benefícios previdenciários.
Segundo os investigadores, o “Careca do INSS” é sócio de 22 empresas, ao menos quatro delas usadas para lavar dinheiro e operar como intermediárias financeiras de associações que descontavam mensalidades sem autorização dos beneficiários. Essas empresas recebiam milhões das entidades e repassavam valores a servidores do INSS e seus familiares, dificultando o rastreamento dos recursos desviados.
Um dos elementos centrais do esquema era um call center ligado ao “Careca do INSS”, que atuava como uma espécie de SAC para os aposentados lesados. Os funcionários desse call center recebiam benefícios extras, como viagens organizadas a cidades como Belo Horizonte, perfumes importados e jantares em restaurantes caros, numa tentativa de manter o funcionamento do esquema e a lealdade da equipe. As viagens incluíam gastos em shoppings e eventos, acompanhadas por sócios do esquema, como Domingos Sávio de Castro[origem do contexto].
O call center orientava os aposentados a esperar prazos para ressarcimentos que eram constantemente adiados, usando roteiros que minimizavam os conflitos e criavam uma falsa sensação de atendimento, enquanto o esquema continuava a operar. Muitos idosos sequer sabiam que estavam sendo associados a entidades fraudulentas, que realizavam descontos indevidos diretamente na folha de pagamento, muitas vezes com assinaturas falsas e sem autorização.
A farra financeira envolvia ainda pagamentos milionários a ex-diretores do INSS, como André Fidelis e Alexandre Guimarães, que receberam valores por meio de terceiros ligados ao esquema. O lobista movimentou mais de R$ 53 milhões, dos quais R$ 9 milhões foram repassados a servidores públicos e empresas ligadas à alta cúpula do INSS.
A repercussão do escândalo levou à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e ao afastamento de servidores suspeitos. A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que, só no primeiro semestre de 2024, foram registrados mais de 740 mil pedidos de cancelamento de descontos indevidos, com 95,6% dos beneficiários negando qualquer autorização para os descontos