Brasil

Cinquenta por cento dos internados por Covid-19 têm entre 29 e 59 anos

Salma Ataíde

Publicado em 11 de maio de 2020 às 17:57 | Atualizado há 5 anos

A pandemia da Covid-19 no Brasil tem um perfil diferenciado daquele verificado na Europa. Segundo especialistas 45% das internações no país causadas pela infecção da Covid-19 estão na faixa etária entre 20 a 59 anos. Pelos percentuais não se trata de uma enfermidade predominantemente de idosos, como em outras localidades do mundo.

Esse dado foi levantado pelo portal Covid-19 Brasil, que reúne cientistas de diferenciadas instituições nacionais, e tem como base o boletim divulgado no último dia 3 pelo Ministério da Saúde. De acordo com especialistas, isso ocorre em razão da pirâmide demográfica brasileira, da pouca adesão da população as medidas restritivas de isolamento social e da desigualdade social no país.

Para a pesquisadora da Fiocruz, pneumologista e uma das integrantes do portal, Margareth Dalcolmo: “no Brasil, essa não é uma doença de gente idosa, de velhinho; é uma doença de gente mais nova. Para se ter uma idéia, 43% das pessoas internadas por covid no Rio tem menos de 50 anos”, confirmou.

Em relação a faixa etária, as mortes no Brasil seguem a tendência mundial: 85% são de pessoas acima dos 60 anos, a grande maioria delas apresentando pelo menos uma comorbidade. Mesmo assim, na Itália e na Espanha, por exemplo, essa concentração é ainda mais alta, alcançando 95%.

Por outro lado, no Brasil, pouco mais de 10% dos mortos têm entre 20 a 50 anos. Esse percentual é inferior a 1% tanto na Itália quanto na Espanha. “Os mais jovens tem mais defesas imunológicas e, por isso, morrem menos”, afirma Dalcolmo. “Mas isso não quer dizer que não adoeçam com gravidade e, muito menos, que sejam imunes à doença”.

A demográfia explica parcialmente o fenômeno do rejuvenescimento da epidemia. Na Itália, por exemplo, 28,4% da população tem mais de 60 anos; número similar na Espanha, 25%. No Brasil, esse percentual é de 10%. O número de pessoas obesas (fator de risco muito grave) é maior no Brasil do que nos países da Europa. De acordo com especialistas, a baixa adesão às medidas de distanciamento social também conta, bem como a questão social.

“Os jovens em maior risco são os das classes mais baixas, que precisam sair para trabalhar e que moram em ambientes propícios à disseminação da doença, como as comunidades. A doença também espelha nossa desigualdade social”, explicou a pneumologista.

*Com informações do Terra


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias