Brasil

Compartilhando a dor

Redação DM

Publicado em 16 de julho de 2016 às 02:53 | Atualizado há 9 anos

Senhor Mané de Oliveira. Li seu texto e confesso que me emocionei muito. Sei como é a dor da perda de um filho. Quem mata não sabe a dor da saudade.

Sou mãe do bacharel Pedro Henrique, que também foi assassinado covardemente quando acabava de batizar seu filho num domingo dia 7 de setembro de 2008. Meu filho faleceu no dia 11 de setembro de 2008, após ficar hospitalizado por quatro dias. A perda de um filho é como se você também deixasse de viver, pois pela lei da vida, pai nunca está preparado para enterrar filho, os filhos é que têm que enterrar seus pais.

Os assassinos do meu filho são os policiais soldado Gevani Cardoso da Silva e Marcelo Sérgio dos Santos, já foram indiciados e aguardam a decisão da justiça com o processo se arrastando há quase oito anos no Tribunal de Justiça de Goiás.

O que poderia estar fazendo de errado um pai de família que, após o batizado de seu filho, chegava em casa? Apenas porque o condutor do veículo onde meu filho se encontrava errou a rua e efetuou uma frenagem brusca?  Isso fez com que o soldado Gevani imediatamente se dirigisse até o veículo e, atendendo ordens do seu superior, disparou um tiro, um único tiro que feriu meu filho mortalmente. Estes policiais faziam um “bico” para a SMT – Superintendência Municipal de Trânsito de Goiânia,  em   horário de folga.

Quando os dois policiais perceberam que haviam atingido o veículo, ao invés de continuar no local, prestarem socorro, saíram rapidamente para apresentar em um Distrito Policial para ficarem livres do flagrante.

Sr. Mané de Oliveira, sei bem o que o senhor disse a respeito da impunidade, pois, além de perdermos os filhos, ainda somos  obrigados a conviver com  a mesma resposta de sempre: “A justiça é morosa” e isso facilita ainda mais a demora na punição dos culpados.

A dor se torna ainda maior quando temos que conviver com a impunidade. Estes policiais continuam trabalhando normalmente no comando geral da PM de Goiás.

Senhor Mané de Oliveira, quero aqui compartilhar sua dor com a minha dor, pedindo a Deus que nos dê forças para continuar nossa luta.

 

(Maria do Rosário Fernandes Queiroz – mãe do Pedro Henrique, assassinado em setembro 2008 por policiais da PM de Goiás)

 

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