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Comunicar bem é não procurar adivinhar o pensamento dos outros, e não prejulgar suas intenções. Passo III

Redação DM

Publicado em 23 de fevereiro de 2016 às 02:19 | Atualizado há 9 anos

“ Os princípios são importantes, as palavras são importantes. A tua palavra é a mais importante de todas. A tua palavra define quem tu és” (Tom Clancy.)

 

É fato que a imaginação ou fantasia toma conta onde a comunicação para. Quando tentamos adivinhar o pensamento e julgar as intenções ocultas dos outros, isto é um trabalho de imaginação; e podem ficar certos que é um trabalho destrutivo.

Mencionei no texto anterior o quanto nós somos complicados. Somos “outros” em muitas circunstâncias, ou seja, quantas vezes tentamos projetar nossa maneira de ser.

Queremos adivinhar o seu interior, seus pensamentos, motivos, e é este erro que cometemos a respeito daqueles que estão próximos de nós, em nossa casa, no trabalho, tornando-nos presunçosos e tolos de querermos adivinhar suas intenções e motivos pessoais.

E a resposta que tenho a este fato é um surpreendente, “sim”; exatamente como no filme Kramer vs. kramer (EUA, 1979), onde os protagonistas não se conheciam, mesmo morando no mesmo teto; ou seja, a maioria de nós somos realmente desconhecidos para aqueles que estão próximos. Quando supomos conhecê-los, esquecemos do elemento: ”mistério humano”.

A este mecanismo de defesa (adivinhar ou julgar), nós chamamos de “formação de reação”; é uma forma de compensação pelos nossos pensamentos, sentimentos e supostas fraquezas que não queremos admitir, por exemplo: o(a) menino(a) que tem medo do escuro da noite simplesmente assobia.

A maioria de nós não quer usar suas fraquezas e nem admiti-las, nem mostrá-las. Então reprimimos e assumimos ares enganosos. Quando não podemos viver tranquilamente na área cinzenta da dúvida, parece que vemos tudo em preto e branco; se não podemos admitir nossas raivas ocultas, tornamo-nos excessivamente doces. E, vejam bem, note que este procedimento é inconsciente. Enganamos até nós mesmos, torno a repetir: tentar adivinhar o pensamento dos outros é uma atitude extremamente tola e presunçosa!

Até certo ponto, todos nós nos empenhamos em ter uma “formação de reação”, tudo bem! Mas, constantemente, “NÃO”. Nossos problemas interiores resultam geralmente em compensações exteriores. Afetamos qualidades fingidas e adotamos um comportamento mordaz. É aquela questão de que a maioria das pessoas nos deixa agir como queremos, mas de vez em quando algum leitor voluntário do pensamento alheio se oferece para ver através de nós. No fim, ficamos sabendo que todos estão errados a nosso respeito, e nós com relação a eles.

Muitas vezes errei quando tentei adivinhar pensamentos alheios ou julgá-los. E cheguei a uma conclusão óbvia de que a única maneira de saber o que uma pessoa está pensando ou pretendendo é, simplesmente, perguntando a essa pessoa. Obviamente, somos todos um tanto enganados por nós mesmos e, assim, o que outrem nos diria em resposta a nossas perguntas pode nem sempre ser exato ou verídico. Mas, com certeza, vem ao encontro de nossas melhores suposições. Além do mais, é claro, perguntar sempre provoca uma troca de comunicação, exatamente como é certo que adivinhar pensamentos e julgar tendem a interromper as linhas de comunicação e separar as pessoas.

Portanto, da próxima vez que acharmos que estamos certos em adivinhar ou julgar qualquer pessoa, devemos em primeiro lugar conferir nossas pressuposições. Nós somos complicados e diversos para adivinhações. Uma dica: se você acha que alguém fez uma observação com sarcasmo, pergunte:

_ Você realmente quer dizer isso?

Agora, se você tiver certeza de que alguém não gosta de você, tome a liberdade de perguntar:

_ Olhe, fulano(a) percebo que você não se sente à vontade comigo. Estou interpretando-o(a) corretamente? ou apenas imaginação. Pode até ter alguns ziguezagues, mas os fatos serão esclarecidos, fiquem certos que sim!

Perceberam que a cada passo da comunicação eficaz, ela permite que você se conheça melhor? Até o próximo. E vamos à luta!

 

(Cezar Tadeu S. Veiga  é Bel. Administração de Empresas. Docente Universitário. Especialista em Gestão de Pessoas. Site: www.formador.com.br – 99063173 e 99080218.)

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