De Chicago ao Vaticano: o caminho do primeiro Papa Americano

A eleição do cardeal Robert Francis Prevost como o primeiro papa nascido nos Estados Unidos marca um novo capítulo na história da Igreja Católica. Com raízes em Chicago e uma trajetória marcada por serviço internacional, Prevost representa uma liderança verdadeiramente global.

Nascido em 1955, em Chicago, filho de uma família com herança francesa, italiana e espanhola, Prevost cresceu cercado pela fé católica. Sua mãe, Mildred Martínez, era conhecida por receber padres em casa com pratos tradicionais, enquanto seu pai, Louis Marius Prevost, atuava como catequista. O ambiente familiar e o serviço como coroinha foram determinantes para sua vocação religiosa.

Formado em matemática pela Villanova University, Prevost ingressou na Ordem de Santo Agostinho (OSA) em 1977. Sua formação continuou em Roma, onde se especializou em direito canônico. A experiência internacional começou cedo: após a ordenação, dedicou-se ao trabalho missionário no Peru, onde também se tornou cidadão peruano e, mais tarde, bispo de Chiclayo.

A carreira de Prevost na Ordem Agostiniana foi marcada por liderança. Ele comandou a província do Meio-Oeste dos EUA e, em 2001, foi eleito Prior Geral da ordem, cargo que ocupou por dois mandatos. Durante esse período, viajou por quase 50 países, desenvolvendo uma visão global e habilidades administrativas que o destacaram no Vaticano. Em 2023, foi nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos, uma das funções mais importantes da Cúria Romana.

A dupla cidadania de Prevost, americana e peruana foi um diferencial importante em sua eleição. Sua experiência em contextos culturais diversos e fluência em cinco idiomas o tornaram um articulador entre diferentes regiões da Igreja. Essa bagagem internacional ajudou a superar a tradicional resistência à escolha de um papa dos Estados Unidos, visto por muitos como um símbolo de equilíbrio entre o Norte e o Sul globais.

Inspirado pelos ensinamentos de Santo Agostinho, Prevost adota como lema episcopal “In Illo uno unum” (“Embora sejamos muitos, em Cristo somos um só”), refletindo seu compromisso com a unidade da Igreja.

A ascensão de Prevost ao papado sinaliza uma nova era para o catolicismo, marcada pela valorização da diversidade e pela busca de uma liderança capaz de dialogar com diferentes culturas e realidades.