Falta de contabilidade especializada afeta sobrevivência de bares em Goiânia, aponta especialista
DM Redação
Publicado em 7 de setembro de 2025 às 12:06 | Atualizado há 1 hora
Sem gestão fiscal, contábil e financeira estruturada, 80% dos bares brasileiros fecham antes de completar cinco anos; investir em uma contabilidade estratégica pode mudar esse rumo
Goiânia conta com centenas de bares que compõem um mercado vibrante e competitivo. Nacionalmente, o setor de bares e restaurantes emprega cerca de 6,1 milhões de pessoas e movimenta aproximadamente R$ 178 bilhões por mês no Brasil. Apesar desse peso econômico, uma das principais fragilidades do segmento é a falta de investimento em gestão fiscal, contábil e financeira: segundo o Instituto de Foodservice Brasil, 60% dos empreendedores deixam de se preocupar com a contabilidade após o primeiro ano de operação, e 80% das empresas fecham antes de completar cinco anos de atividade.
Embora não existam estatísticas precisas sobre quantos bares em Goiânia realmente contratam serviços contábeis especializados, estudos nacionais indicam que cerca de 70% das micro e pequenas empresas — incluindo bares — não fazem contabilidade e a parte fiscal de maneira adequada. Essa negligência, segundo especialistas, aumenta significativamente os riscos de falência precoce e penalidades fiscais.
“A maioria começa com muito entusiasmo e pouco planejamento. Os primeiros meses são guiados pela tentativa e erro, e a contabilidade é vista apenas como obrigação tributária”, explica o contador e consultor Max Asbem, que atua na área há mais de uma década com foco em negócios gastronômicos.
Segundo ele, ainda hoje, boa parte dos empresários do ramo não conhece a real lucratividade de seus produtos, benefícios fiscais, nem a margem de operação, muito menos utiliza relatórios gerenciais para tomada de decisões. “É comum encontrar bares que sequer sabem se estão dando lucro. Trabalham com fluxo de caixa visual, baseado no que entrou no dia, e não consideram encargos futuros, problema com fornecedores ou folha de pagamento acumulada”, detalha.
Iniciativas como a da ASBEM — Estratégia Contábil, tem proposto transformar a contabilidade de uma função operacional para um braço estratégico do negócio. Com sede em Aparecida de Goiânia e atuação voltada para o setor de alimentação e entretenimento, a empresa tem oferecido soluções personalizadas para bares e restaurantes, indo além da simples escrituração fiscal e contábil.
“Nosso objetivo é empoderar empresários com informações úteis, benefícios fiscais e análises que gerem decisões mais seguras. Um bar precisa entender a margem real de cada prato ou bebida, controlar custos e ainda planejar o crescimento — tudo isso com base em dados confiáveis”, afirma Max.
Para os donos de bares, muitas vezes absorvidos pela operação intensa do dia a dia, a presença de uma contabilidade ativa, que antecipa cenários e aponta caminhos, pode representar a diferença entre manter-se competitivo ou sucumbir à informalidade e ao improviso.
“Não vendemos apenas obrigações acessórias, guias e planilhas; oferecemos tranquilidade, clareza e caminhos viáveis para que o empresário faça o que sabe fazer melhor: cuidar do seu cliente”, completa Asbem.
Apesar de o Brasil contar com mais de 25 milhões de CNPJs ativos, a maior parte dos micro e pequenos empresários ainda não adota contabilidade estratégica. Uma pesquisa de 2022 da FGV com o Sebrae mostrou que menos de 30% das pequenas empresas utilizam relatórios contábeis como ferramenta de gestão. O restante se limita ao envio de documentos fiscais, muitas vezes de forma reativa, apenas para evitar penalidades.
A consequência disso é um setor fragilizado, vulnerável a fiscalizações, erros tributários, má precificação de produtos e, principalmente, baixa longevidade. “A ausência de planejamento tributário e a escolha errada do regime de tributação, por exemplo, são erros frequentes que poderiam ser evitados com acompanhamento técnico”, diz Asbem.
Ele lembra que, nos bares, onde os custos variáveis são altos e o controle de estoque influencia diretamente a rentabilidade, ter clareza sobre números é condição mínima para manter o negócio sustentável.