Brasil

Irrigação na revolução agrícola brasileira

Redação DM

Publicado em 19 de abril de 2022 às 12:33 | Atualizado há 3 anos

O Brasil está entre os 10 maiores irrigantes do mundo. Segundo estudo da Agência Nacional de Águas (ANA), entre 1960 e 2015 a área irrigada no País aumentou expressivamente, passando de 462 mil hectares para 6,95 milhões de hectares, e pode expandir mais 45% até 2030, atingindo 10 milhões de hectares. A média de crescimento estimado corresponde a pouco mais de 200 mil hectares ao ano, enquanto o potencial efetivo de expansão da agricultura irrigada é de 11,2 milhões de hectares. Goiás detém o mais importante pólo na região de Cristalina, Entorno do DF.

Estes números comprovam o quanto a irrigação é fundamental para ampliar a produção de alimentos no mundo. Além de garantir segurança ao produtor, reduzindo os impactos climáticos, a técnica ainda é um importante instrumento no uso racional da água. Suas tecnologias possibilitam irrigar apenas no momento certo, no lugar correto com a quantidade necessária para que a planta não tenha estresse hídrico gerando economia do recurso e maior produtividade da lavoura.

“Por todos esses benefícios, acreditamos que a irrigação entra como a quarta revolução agrícola do Brasil”, disse Eduardo Navarro, diretor geral da Lindsay do Brasil, durante encontro com as revendas e distribuidores da marca, em Campinas/SP. Alécio Maróstica, irrigante em Cristalina, confirma esses números observados por Navarro.

A primeira grande revolução no agro foi o calcário. O insumo foi o principal responsável pela recuperação de áreas degradadas. Os produtores passaram a fazer uso do produto para alcançar níveis maiores de produtividade. Na sequência veio o plantio direto, que protegeu o solo da degradação, ou seja, conseguiu manter uma unidade e proteção na seca, isso também aumentou muito a produtividade.

A técnica também foi responsável pela redução de custo de máquinas, afinal não era mais necessário gradear ou arar a terra para poder plantar. Após isso veio a biotecnologia que agregou muita produtividade, reduzindo o uso de inseticidas e herbicidas, soja e milho geneticamente modificados trouxeram muito mais produtividade e redução de custo para o produtor. “A quarta revolução é o advento da agricultura irrigada, a única tecnologia hoje capaz de agregar de 20% a 40% de produtividade, possibilitando até cinco safras a cada dois anos”, destacou o diretor da Lindsay.

Para José Luís Coelho, consultor de agronegócio e um dos palestrantes no encontro, “estamos vivendo um momento de transição que será um grande divisor de águas para a agricultura brasileira”. Segundo ele, “se olharmos para a competitividade que temos no agronegócio brasileiro em relação às outras regiões do mundo, devido aos fatores naturais, de cara já saímos em vantagem”.

“Isso, primeiro, pelo fato de estarmos em uma agricultura tropical. E em 70% da nossa área conseguir fazer duas safras por ano, coisa que nenhum outro país no mundo consegue, mas ainda não é o suficiente, precisamos crescer ainda mais. O mundo deve chegar em 2050 com aproximadamente 10 bilhões de habitantes e para isso precisaríamos aumentar em 75% a produção de alimentos que existem no planeta. E só tem dois lugares no mundo que é possível fazer isso: na África e na América do Sul”, observou.

A África, devido aos problemas sociais e a outros entraves, ainda tem dificuldade. Mas, na América do Sul, o Brasil está usando apenas 9% do seu potencial agrícola para fazer essa expansão. “Com isso esse crescimento mundial passa por aqui, será de forma verticalizada e a irrigação tem um grande diferencial, pois é a única tecnologia onde é possível aumentar em algumas culturas até 100% da produtividade”, destacou Coelho. “Com isso vejo de forma muito otimista, pois o agronegócio brasileiro já é o futuro e a irrigação é o principal elemento desse futuro”, concluiu.

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