Israel e sua cultura de desestabilização social e belicosidade como meios de sobrevivência
Redação DM
Publicado em 21 de julho de 2015 às 22:42 | Atualizado há 10 anosA aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, da resolução que ratifica o acordo nuclear com o Irã, sob a condição de suspender as sanções impostas ao país persa, marca uma nova fase política na região e acende a possibilidade de afirmação do Irã como potência econômica e cultural. O Irã vem sofrendo profundos abalos em sua economia ocasionados pelas sete resoluções aprovadas pela ONU, desde 2006, proibindo o comércio de bens e serviços, congelamento de ativos financeiros de pessoas e empresas iranianas, além de embargos sobre armas convencionais e mísseis balísticos. As condições impostas pelo Acordo de Viena, se por um lado surgem como o último recurso para que o país reencontre o caminho par o desenvolvimento econômico e investimento em educação e pesquisa, por outro lado reflete o cinismo das potências ocidentais capitaneadas por EUA e Israel. Intervir na soberania de um país, impedindo-o de tomar decisões sobre ter ou não sua bomba nuclear, e, ao mesmo tempo, permitir que países como o Paquistão, berço e abrigo de fanatismo sectário, possuam esse arsenal, é de uma insensatez absurda. As declarações da embaixadora americana Samantha Power de que o acordo “tornará o mundo mais seguro” é um atentado à inteligência humana e uma incongruência com os fatos históricos. Primeiro, o Irã nunca foi ameaça alguma para a região. Segundo, os acontecimentos da história recente e que tanto abalaram o mundo, como as tragédias nucleares de Hiroshima e Nagasaki foram promovidas pelos EUA, covardemente, contra a população civil, com consequências biológicas até os dias de hoje. Os EUA detêm um arsenal nuclear com potencial para destruir diversas vezes a terra e já demonstrou ser capaz de lança-lo contra civis indefesos. Por sua vez, Israel, embora não declare formalmente, é possuidor de arsenal nuclear e também não titubeia em utilizá-lo para extermínio de civis indefesos, inclusive com a finalidade de limpeza étnica, como tentou fazer negociando com o regime do apartheid na África do Sul que cogitou lançar lançá-lo contra os negros. As implicâncias de Israel contra o Irã servem, obviamente, de retórica política. Alegar que o Irã é uma ameaça a Israel e ao povo judeu pode ser definido como um desatino, uma impertinência em todos os sentidos. Em poucos países do mundo os judeus são tão bem respeitados quanto os que vivem no Irã. Possuem total liberdade de culto, manutenção de escolas judaicas e preservação de sua cultura. Na capital Teerã existem mais de 20 sinagogas, seis açougues casher e três escolas onde são ministradas aulas de hebreu e educação religiosa, além de cemitério, hospital judaico no qual os médicos são, na maioria, muçulmanos. O Irã possui legados muito importantes para a humanidade. O rótulo de fundamentalista, principalmente em razão do estereótipo largamente utilizado pela imprensa ocidental e controlada por judeus, como sendo o “país dos aiatolás”, contrasta com relevantes instrumentos históricos e literários, remontando às eras pré-islâmica e posteriores como o clássico “Mil e Uma Noites”, no qual Sherazade, a rainha sassânida, conta uma série de estórias ao se malvado marido, o rei Shariar, sempre deixando um suspense para o próximo capítulo, no intuito de atrasar a sua execução. No plano jurídico e dos direitos humanos foi legado à humanidade o primeiro instrumento escrito. Trata-se do Cilindro de Ciro, objeto feito de argila, no qual está escrito uma declaração em grafia cuneiforme acadiana, em nome do rei Aquemênida da Pérsia, Ciro, o Grande, datado do século VI a. C. Por ironia da história, foi através desse documento que o rei Ciro, ao conquistar o reino da Babilônia, libertou o povo judeu e determinou a sua repatriação. Essa libertação do povo judeu remete à uma análise através da qual é possível deduzir que a identidade e consanguinidade do povo hebreu como fundamento que justifica o atual estado de Israel não passa de uma grande farsa ou de um equívoco anacrônico. Primeiro, a narrativa bíblica segundo a qual o povo hebreu foi escravizado no Egito e, conduzidos por Moisés rumo à Terra Prometida, não encontra respaldo histórico nem arqueológico, indicando que o mais provável é que se trata de uma construção artificial com propósitos épicos. A existência dos reis e dos templos de Davi e Salomão é tão mitológica quanto as divindades gregas. Desta forma, não é seguro afirmar que o estado de Israel possua alguma relação de identidade com o verdadeiro povo hebreu. Uma coisa nada tem a ver com outra. Em verdade, é mais provável que os povos genealógica e atavicamente judeus, os autóctones, sejam os habitantes de países como a Síria, Irã, Iraque, Líbano, etc., visceralmente odiados por Israel. Assim, a formação do estado de Israel como sendo a terra habitada pelos descendentes do povo hebreu não passa de uma ficção e, em verdade, milhares desses descendentes da antiga região de Judá, estão sendo dizimados e perseguidos, direta ou através de financiamento e apoio, como se deu com o fortalecimento do Estado Islâmico, que surgiu como oposição ao regime sírio. Os antigos povos judeus eram formados por diversas tribos, a grande maioria nômade, que viviam basicamente da agricultura de subsistência e do pastoreio. Isso exigia constantes movimentações por diferentes regiões, em razão das condições sazonais. Além disso, havia conflitos entre essas tribos, ocorrendo expulsões dos vencidos que eram obrigados a se estabelecerem em regiões longínquas. Em razão das diversas incursões de outros povos tribos de judeus eram extintas ou expulsas, sendo o território conquistado e influenciado por assírios, persas, gregos, selêucida e romanos. Posteriormente, os cristãos, com as cruzadas, tiveram forte presença em Jerusalém que, sucessivamente, fora subjugada ao Império Turco-Otomano e, até o término da Segunda Guerra Mundial, permaneceu sob Mandato Britânico até a criação do atual estado de Israel, em 14 de maio de 1948. Os povos que imigraram para o recém-criado estado de Israel eram, em verdade, em sua grande maioria, apátridas, sobreviventes que fugiam da fome e da miséria ocasionadas pela guerra, partindo, principalmente, de regiões pobres como a Bulgária, Líbia, Romênia, Marrocos, Tunísia, Polônia, Espanha, etc. A grande parte desses imigrantes era orientada a se declarar judeu o possuidor de alguma descendência par que pudesse ser aceita no novo país. Isso, entretanto, era pouco para quem não tinha onde morar nem o que comer. Tudo isso era facilitado pelo funcionário do Ministério do Interior. A história de Israel, desde as narrativas bíblicas, é marcada por ficções e árduo empenho em perseguir e oprimir quem tenta desmenti-lo. Em muitos países da Europa o simples fato de duvidar da existência do Holocausto é crime, como ocorre na França, que elaborou uma lei nesse sentido após pressão da comunidade judaica. Toda a propaganda feita para demonizar o Irã perante a comunidade internacional dá-se pelo fato daquele país ter dito que o Holocausto é uma grande mentira e que “Israel deveria ser riscado do mapa”. Frase, evidentemente, proferida dentro de um contexto, mas que é sistematicamente desvirtuada pela conveniência da retórica política de Israel. No Brasil, um escritor gaúcho foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a uma pena de prisão e a ter toda a sua obra destruída pelo fato de ter publicado um livro de história, embasado em farta documentação, demonstrando que o Holocausto não passa de uma invenção da propaganda sionista. Trata-se de uma das maiores vergonhas do STF, talvez tão indecente quanto ao julgamento que autorizou a extradição de Olga Benário que foi entregue aos nazistas para que fosse executada na câmara de gás. Historiadores do mundo inteiro são perseguidos, presos e até assassinados se afirmarem ou suscitarem alguma dúvida acerca da existência do Holocausto. O historiador israelense Shlomo Sand publicou A Invenção do Povo Judeu, livro no qual discorre sobre a mentira utilizada na formação populacional judaica em Israel. Resta, portanto, a dúvida: Israel é uma mentira ou uma piada de proporções e consequências catastróficas para a humanidade? Inegavelmente, Israel é um opressor e fator de instabilidade regional. O acordo sobre a questão nuclear iraniana foi classificado pela “diplomacia” israelense como sendo um “erro histórico”. Percebe-se, contudo, que talvez o maior erro da história recente tenha sido a decisão ocorrida na Assembleia Geral da ONU, em 16 de setembro de 1947, presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, na qual é aprovada a partilha da Palestina e a criação do estado de Israel.
(Manoel L. Bezerra Rocha, advogado criminalista –[email protected])