Brasil

JANELAS DA ALMA

Redação DM

Publicado em 19 de março de 2017 às 02:42 | Atualizado há 7 meses

Natalina Fernandes nasceu em Pilar de Goiás. Reside há mais de 40 anos em Anápolis, onde é Cidadã Anapolina, pela Câmara Municipal de Anápolis desde 2007. É licenciada em Letras Modernas – Português e Inglês, pós-graduada em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia Bernardo Sayão e mestre em Gestão do Patrimônio Cultural pela PUC-GO. Participou de diversas peças teatrais como atriz e dirigente. Escreve contos, crônicas e poemas e os publica em diversos jornais goianos. É autora dos livros: “Voo Sereno”, 1998; “Risos e Lágrimas”, 2007/2008 (adotado para vestibular em Universidades Goianas); “Barbarela Beija-flor”, 2007; “Migalhas de amor”, 2010 e “História do teatro em Anápolis”, 2011. Participa de diversas antologias. Aposentada, como professora, da Secretaria de Educação de Educação e Cultura é diretora da Biblioteca Municipal Zeca Batista e Acadêmica da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás – AFLAG. Preside a União Literária Anapolina e a Academia Anapolina de Letras.  

ELIZABETH CALDEIRA BRITO

 

 

Poemas da escritora Natalina Fernandes. Imagens: janelas da cidade de Asolo – Itália, fotografadas por Elizabeth Caldeira Brito. 

 

VIVER É PRECISO 

Começa o dia

Muitos pedidos

Algumas promessas

Ave Maria.

Buzinas, trânsito louco,

Caras preocupadas,

Sorrisos amarelos,

Olhos sem brilho,

Começa o dia…

Compromissos vários,

Noites mal dormidas,

Sonhos interrompidos

“viver é preciso”,

Não importa o preço,

Frio ou calor

Alegria ou dor,

Chuvas, tempestade,

Intempéries enfim.

Começa o dia…

Mesa posta, café completo,

Ou um cafezinho preto

E ainda para outros

Barriga vazia,

Começa o dia,

Novos projetos,

Despertam os sonhos.

 

A VIDA 

Todos os dias

Uns chegam, outros partem

Alguns se levantam apressados

Para as tarefas do dia

Outros se deitam

Para não mais se levantar.

Todos os dias

Calúnias que vem,

Bocas maldosas.

Sorrisos que acalmam

Palavras que abençoam

Que indecifrável beleza…

É a vida!

Todos os dias

Há uma flor que murcha

Uma folha morta que cai

E é levada pelo vento,

Um broto que nasce

E é beijado pelos raios do sol…

É a natureza.

Todos os dias

Ouvimos risos

Enxugamos lágrimas,

A vida se descortina…

Aplausos!!!!

 

 

INGRATIDÃO 

A verdadeira amizade

Não pode ser trocada, negociada.

O verdadeiro amigo

É quase um irmão.

Dividem momentos bons

E juntos choram

Pela dor do outro

E tem sempre estendida a mão.

Amigo verdadeiro

Não humilha, não menospreza,

Só para crescer diante de outros.

Amigo verdadeiro

Tem sempre a mesma face.

Não muda seu comportamento

Por estar com pessoas importantes

Ou que são julgadas interessantes.

Amigo verdadeiro

Não bate e depois acaricia,

Isso é pura covardia

É uma grande ingratidão.

Amigo verdadeiro

Muitas vezes é mais que irmão.

 

ESTRADA SEM SOL 

8-2

Caminhada enfadonha, sem novidades.

Resolveu então tomar outra estrada.

A princípio tudo era encantamento,

Estava deslumbrado,

Havia um sedutor perfume no ar.

Porém em pouco tempo

Tudo se transformou:

Pedras pontiagudas, duros espinhos,

Curvas perigosas,

Furiosas tempestades,

Quis voltar…

Fora amaldiçoado?

Não encontrara o que procurava,

Fora terrivelmente enganado, ludibriado,

Envolvido pelo perfume abrasador.

Agora com os pés feridos

Já não conseguia voltar.

Andara a ermo, aventuras errantes,

O que julgara ser importante

Hoje era a sua prisão.

Mãos acorrentadas,

Fora tão inconsequente,

Não ouvira a voz do seu coração.

Hoje não ouvem a sua voz,

O seu pedido de socorro,

Mendigo em terra estranha,

Ensandecido

Ri da sua própria miséria.

Sua gargalhada sinistra ecoa,

Pagou um alto preço,

Fora transportado

Para a estrada aonde não chega o sol

Que se chama: loucura.

 

 

CORAGEM 

8-1

Queria ser como o rio…

Correr livre, contornar obstáculos

E seguir sempre em frente.

Queria no sublime deslizar

Cantar a cantiga da vitória,

Sem disputa, sem medo,

Na certeza de ter aonde chegar.

Queria ser como o rio…

Embora pequeno, sinuoso,

Brotando das pedras,

Recebendo abraços,

Passando apertos,

Sabe que o grande mar

Está à sua espera.

Queria ser como o rio…

Na sua caminhada solitária,

Às vezes silenciosa,

Outras vezes barulhentas,

Ruidosas,

Está sempre decidido,

Nem alegre, nem triste,

Confortante e destemido,

Caminho traçado,

Objetivo alcançado.

Queria ser como o rio…

 

DE REPENTE 

Num relance percebemos

Que o tempo passou.

A estrada ficou curta

O horizonte mais longínquo.

De repente

Os cabelos ficaram grisalhos,

A visão deformada,

Dores no corpo e na alma…

O que restou?

O livro que foi escrito,

A árvore que foi plantada

E a esperança de bons frutos.

Os filhos criados

E a certeza que serão presentes

Para a vida das pessoas.

O desejo de que eles caminhem com segurança,

que disseminem o que aprenderam,

que honrem seus pais

ainda que imperfeitos,

e que adorem o Criador.

 

 

A página Oficina Poética, criada e organizada pela escritorae acadêmica 

Elizabeth Abreu Caldeira Brito, é publicada aos domingos no Diário da Manhã. 

Esta é a 263ª edição (desde 08/01/2012). [email protected]

 


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