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Justiça do Rio manda soltar MC Poze do Rodo

Redação Diário da Manhã

Publicado em 3 de junho de 2025 às 06:59 | Atualizado há 2 dias

Reprodução
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Aléxia Sousa – Folha Press

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro concedeu, nesta segunda-feira, 2, habeas corpus ao cantor MC Poze do Rodo, preso na última quinta-feira (29) sob suspeita de apologia ao crime e de envolvimento com o CV (Comando Vermelho).

A decisão, assinada pelo desembargador Peterson Barroso Simão, revogou a prisão temporária do artista ao considerar a medida desnecessária no atual estágio das investigações. Na decisão, o magistrado avaliou que os elementos de prova mais relevantes para a apuração dos fatos já foram reunidos e determinou a libertação do artista mediante o cumprimento de medidas cautelares.

Entre as restrições impostas, MC Poze -nome artístico de Marlon Brendon Coelho Couto da Silva- deverá comparecer mensalmente à Justiça, está proibido de manter contato com os demais investigados e com pessoas ligadas à facção criminosa CV, além de não poder sair do estado do Rio de Janeiro sem autorização judicial.

Nas redes sociais, a influenciadora Vivi Noronha, mulher do cantor e mãe de três de seus filhos, comemorou a decisão e afirmou que ele deve deixar a cadeia na manhã desta terça-feira (3). “A decisão saiu, tudo certo, vencemos. Mas, por conta do horário, ele não foi solto hoje. Essa é a última noite longe. Amanhã voltamos para casa”, disse.

O advogado de Poze, Fernando Henrique Cardoso, afirmou que “a decisão dá espaço a única presunção existente no direito: a de inocência”. MC Poze foi preso em sua residência no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste da capital fluminense, durante uma operação da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).

Em trecho da decisão, o desembargador Peterson Barroso Simão fez duras críticas à forma da prisão do artista. “Há indícios que comprometem o procedimento regular da polícia. Pelo pouco que se sabe, o paciente teria sido algemado e tratado de forma desproporcional, com ampla exposição midiática, fato a ser apurado posteriormente”, escreveu.

Além disso, o magistrado também argumentou que MC Poze já tinha sido investigado em outro processo semelhante e absolvido em primeira e segunda instância.

“É preciso prender os chefes, aqueles que pegam em armas e negociam drogas. O alvo da prisão não deve ser o mais fraco -o paciente, e sim os comandantes de facção temerosa, abusada e violenta, que corrompe, mata, rouba, pratica o tráfico, além de outros tipos penais em prejuízo das pessoas e da sociedade”, afirmou Simão.

Segundo a Polícia Civil, as investigações apontam que o artista se apresentava em comunidades dominadas pelo CV, com a presença ostensiva de traficantes armados que fariam a segurança dos eventos.

Um dos vídeos anexados ao inquérito mostra Poze cantando músicas que exaltariam chefes da facção criminosa durante um baile funk na Cidade de Deus, em 17 de maio. Na plateia, um homem com um fuzil grava a apresentação. Dois dias depois, o policial civil José Antônio Lourenço, da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), foi morto com um tiro na cabeça na mesma comunidade.

Durante a operação que resultou na prisão, a polícia também apreendeu um carro de luxo do cantor, um BMW X6 avaliado em cerca de R$ 1 milhão. Segundo os agentes, o veículo estava com a cor alterada em desacordo com o documento, o que configura infração administrativa.

O processo segue em segredo de Justiça, e a investigação continua em andamento.


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