Mãe de Miguel busca justiça e luta contra a impunidade

A morte trágica do menino Miguel Otávio Santana da Silva, que completou cinco anos em junho, ainda ecoa nas denúncias de injustiça e impunidade no Brasil. Sua mãe, Mirtes Renata Santana, se tornou uma voz ativa na luta por direitos, especialmente após a morte de seu filho, em decorrência de um acidente envolvendo sua ex-patroa, Sari Corte Real.

Desafios de Mirtes

Mirtes, estudante de direito, está se preparando para a apresentação de seu trabalho de conclusão de curso, onde aborda a escravidão moderna. Em meio a isso, ela enfrenta o longo processo judicial que se arrasta sem definição, o que considera uma afronta à justiça. “A lentidão do processo é uma tortura que acrescenta dor ao luto”, desabafa Mirtes.

Situação da ré

Sari Corte Real, condenada inicialmente a oito anos e meio de prisão, teve sua pena reduzida e permanece em liberdade, o que gera indignação. Mirtes critica a falta de rigor nas medidas restritivas contra Sari, que, segundo ela, parece continuar sua vida normalmente, enquanto sua luta por justiça se arrasta nos tribunais.

A situação se complica com o fato de que o Ministério Público de Pernambuco deve se pronunciar em breve sobre as responsabilidades penais, mas a morosidade do sistema judiciário alimenta a sensação de que o caso está fadado a um desfecho injusto.

O racismo na justiça

Mirtes também argumenta que a morosidade do caso reflete um sistema judicial estruturalmente racista. “Se o papel estivesse invertido, e eu fosse a condenada, as coisas seriam diferentes”, analisa. Essa crítica é apoiada por especialistas em direitos humanos que observam a desigualdade no tratamento legal entre diferentes classes sociais e raças.

O caso, que chocou o Brasil, não é apenas uma tragédia familiar, mas um exemplo do que muitos consideram um sistema judicial falho, onde a justiça parece ser mais acessível a uns do que a outros.