Brasil

Mandela Day – O legado de Madiba inspira ações de Paz no Coração do Brasil

Redação DM

Publicado em 17 de julho de 2015 às 23:25 | Atualizado há 7 meses

O dia internacional de Mandela foi lançado por decisão unânime da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 18 de julho de 2009, em reconhecimento ao aniversário de Nelson Mandela. A inspiração veio de um chamado feito por Nelson Mandela, um ano antes, ao abordar o tema injustiças sociais do mundo, se dirigindo a próxima geração e a convocando a assumir o fardo da liderança, dizendo: “Está em suas mãos agora.”

Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18 de julho de 1918 – Joanesburgo, 5 de dezembro de 2013 ), conhecido como Madiba (nome de clãn) ou Tata (pai), formado em direito, foi um importante líder político que lutou contra o sistema de apartheid, assumindo a presidência da África do Sul entre os anos de 1994 e 1999.

O apartheid, que significa “vida separada”, era o regime de segregação racial existente na África do Sul no qual os brancos, que representavam vinte por cento da população, controlavam o poder, enquanto os negros viviam separados, sem gozar de vários direitos políticos, econômicos e sociais.

Em 1961, Mandela tornou-se comandante do braço armado do Conselho Nacional Africano (CNA), conhecido como “Lança da Nação”. Acusado de incentivar greves e realizar viagens ao exterior sem autorização, buscando apoio financeiro internacional para sua luta contra o apartheid, Mandela foi preso em 1962 e em 1964 foi condenado a prisão perpetua.

Mandela permaneceu preso de 1964 a 1990, tornando-se o símbolo da luta antiapartheid na África do Sul. A prisão não foi o suficiente para conter o espírito guerreiro de Nelson Mandela, que continuou a organizar e incentivar a luta pelo fim da segregação racial no País, recebendo apoio de vários segmentos sociais e governos do mundo todo.

Em 11 de fevereiro de 1990, sofrendo forte pressão internacional que apoiava Mandela e sua causa, o então presidente sul africano Frederik de Klerk solicitou a libertação de Nelson Mandela e a retirada da ilegalidade do CNA (Congresso Nacional Africano). Em 1993, pelos esforços em acabar com a segregação racial na África do Sul, Nelson Mandela e Frederik de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da Paz.

Em 1994, Mandela tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul, governando o país até 1999, pondo fim ao regime segregacionista no país. Um dos maiores símbolos dessa nova era foi esforço de Mandela em promover a reconciliação de grupos internos da África do Sul, por meio da Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC), presidida por Desmond Tutu (prêmio Nobel da Paz em 1984), encarregada de apurar os fatos ocorridos durante o apartheid, buscando também assegurar à minoria branca um futuro no país. Testemunhas que foram identificadas como vítimas de graves violações de direitos humanos foram convidados a dar declarações sobre suas experiências, e alguns foram selecionados para audiências públicas, dentro de uma sistemática similar a hoje conhecida Justiça Restaurativa. Vítima e algoz se viam frente a frente em diálogos mediados por Tutu, trabalhando de forma transformativa a dor em reconciliação.

O legado de Mandela hoje inspira o Programa RePacificar – Ações em cultura de paz, a levar a essência da proposta da Comissão de Verdade e Reconciliação para as comunidades do Estado de Goiás. O programa, fruto de uma pesquisa cientifica realizada pelo especialista em mediação de conflitos pelo Programa de Negociação da Universidade de Harvard, Akira Ninomiya Júnior, membro da Associação de Resolução de Conflitos de Nova Iorque (ACR-GNY), implementa a Sala Verde – Espaço para Ressignificação de Conflitos e Reconciliação, atuando de forma preventiva, interventiva e restaurativa em escolas públicas, envolvendo parceiros das comunidades em uma grande rede de apoio.

O programa estabelece parcerias com núcleos religiosos, conselhos comunitários, centros de assistência (Creas e Cras), e outros protagonistas de atividades de impacto social positivo.

O Programa RePacificar (www.repacificar.org), hoje sob a coordenação do Ninomiya Institute (ONG) e do Instituto Brasileiro para Pacificação Social (empresa social), é uma iniciativa privada que conta com parcerias públicas e privadas e estabelece pontes de conhecimento e experiência em efetiva cultura de paz por meio da prevenção e resolução de conflitos. Para isto, o RePacificar traz para o Estado de Goiás parceiros internacionais que há décadas atuam com mecanismos de resolução de conflitos, algo que há pouco tempo o Estado vem despertando para a necessidade de aplicação em contextos sociais.

Nos dias 04 e 05 de novembro de 2015, o programa realizará o II Congresso Internacional para Pacificação Social, em Goiânia, trazendo o representante da Fundação Nelson Mandela, Verne Harris, que atuou com Nelson Mandela na construção de uma nova África do Sul. Verne irá abordar o tema Comissão de Verdade e Justiça da África do Sul: Lições do Legado de Nelson Mandela.

Assim, neste Mandela Day, o coração do Brasil homenageia o legado de Nelson Mandela trazendo a essência da Comissão de Verdade e Reconciliação para escolas e comunidades do Estado e Goiás. Esta data é mais do que a celebração do legado de Madiba. É um movimento global para honrar o trabalho de sua vida e ações para mudar o mundo para melhor.

 

(Akira Ninomiya Júnior, presidente do Ninomyia Institute, autor e coordenador do programa repacificar, mediador de conflitos pelo programa de negociação da Universidade de Harvard, membro da associação de mediação de conflitos de Nova York)

 

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia