Brasil

Marízia, a menina que queria ser quase tudo

Redação DM

Publicado em 11 de março de 2016 às 02:16 | Atualizado há 9 anos

Existe nesse maravilhoso e belo planeta, uma menina que é tão linda como o mundo em que habitamos, ela se chama Marízia. Menina inteligente, destemida, estudiosa, de raciocínio rápido, brincalhona, feliz e educada com todos, inclusive com os animais.
Mas Marízia tinha seus pensamentos sempre vagando para um lado e para outro. Sempre queria ser tudo. Sim, tudinho. Queria ser bicho, árvore, formiga, sol, lua, chuva, arco iris, nuvem, até mesmo se tornar o tão temido sapo.
Sempre tive curiosidade em saber por que Marízia queria ser tudo que ela observava na natureza. Um dia passeando com ela no Bosque dos Buritis, que fica em Goiânia, próximo ao Tribunal de Justiça, fiquei atento para entender um pouco de sua maravilhosa mente.
Não demorou nos deparamos em uma das trilhas do bosque, com uma imensa árvore, bela árvore, frondosa e esguia. Pela espessura de seu caule, deve ter dezenas de anos. Marízia a viu, chegou bem debaixo da enorme árvore, olhou em minha direção e disse em tom alto e claro: “Quero ser árvore!”
Não titubiei, e mandei logo uma pergunta de volta: por que você quer ser árvore?
Ela respondeu como estivesse num palco: elas trazem vida para o ambiente de todos os seres vivos – além, claro, de deixar a paisagem dos ambientes urbanos muito mais bonita e colorida, alegrando nossos dias, e mais, vejamos:
1. a produção de oxigênio, que é vital para a nossa sobrevivência;
2. a filtragem da poluição do ar;
3. a absorção de até 70% da água da chuva, reduzindo o risco de enchentes;
4. o aumento da umidade do ar;
5. a garantia de sombra e, também, de abrigo para os passarinhos, que, sem as árvores, acabam indo embora das cidades;
6. a redução da temperatura, deixando os ambientes mais fresquinhos. “Por exemplo, um bairro com poucas árvores, como o centro, pode ser até 12ºC mais quente do que um arborizado.” Você sabia que as árvores podem influenciar tanto assim a temperatura dos lugares que frequentamos todos os dias?
As vantagens dessas plantas não param por aí: sem elas, o ambiente da nossa própria casa ou apartamento seria bem menos agradável. Sabe por quê? As árvores funcionam como esponjas que absorvem o barulho, a iluminação e a poeira que vêm das ruas, impedindo que tudo isso entre no nosso lar. Não importa o tipo ou o tamanho: todas as árvores são importantes para o planeta, mas quanto maior é a plantinha mais benefícios ela trará para o ambiente em que está localizada. Além disso, quanto mais árvores forem plantadas em uma região, melhor. Por isso, preservar as árvores é tão importante.
Fiquei feliz e aprendí muito com Marízia, e por fim, já convencido, queria ser árvore também.
Continuamos caminhando pelo bosque, logo nos deparamos com um grande peixe quase que na superfície do lago, parecia uma bela carpa. Não deu outra, Marízia já gritou: “Quero ser peixe.”
Marízia, por que seu desejo agora é ser peixe?
É que eles também são fundamentais para toda a vida aquática e, sem os peixes uma infinidade de animais deixaria de existir. Além disso, os peixes são um grupo de animais tão antigo, que podemos construir uma linha evolutiva com animais ainda viventes. São eles que controlam o meio ambiente que está submerso. Imagina á liberdade de nadar poraí, nadando e passeando, seria tudo de bom!
Depois de ouvir Marízia, olhamos do lado do lago já dentro da mata e vimos um monte de terra, era fácil notar uma enorme colônia de cupins, e Marizia viu o imenso “condomínio” de cupins, e mandou ver: “Quero ser cupim!”
Credo Marízia, até cupim?
Quero ser sim, e explico: os cupins podem ser considerados espécie-chave devido a sua grande abundância e impacto no ambiente. Esses insetos capazes de digerir celulose servem de alimento para um grande número de organismos, e os seus ninhos, os cupinzeiros, servem de abrigo a um monte de animais de diversas espécies, incluindo invertebrados e vertebrados. São muito importantes para o solo, influenciando diretamente na sua estruturação e fertilidade.
Os cupins ao construírem seus ninhos no solo fazem vãos e pequenos canais, permitindo com que os solos sejam aerados e drenados. A movimentação dos cupins faz com que haja maior circulação de partículas no solo.
Por consequência, outras funções importantes seriam a de descompactação, a de manutenção da porosidade e distribuição de matéria orgânica. Ou seja, este grupo é muito importante tanto para a estruturação física quanto química do solo.
Eles têm papel importante nos processos de decomposição, ciclagem de nutrientes, fixação de nitrogênio, fluxo do carbono, incorporação de matéria orgânica e condicionamento do solo.
Marízia me surpreendeu a cada momento de nosso passeio pelo bosque, ela possui uma grande conexão com a natureza, sabe muito, sobre todo eco sistema oferecido pelo bosque.
Já tinhamos caminhado bastante na orla do lago e logo fomos tomar água de côco. Por lá Marízia viu abelhas tentando encontrar uma fonte de néctar. Imagine o que ela disse ao vir a abelha?
Quero ser abelha!
Logo falei em tom de brincadeira: Não vai pousar na minha sopa né?
Claro que não.
Mas porque seu desejo de ser abelha?
A polinização feita por abelhas contribui com a manutenção da diversidade de espécies na terra, sendo o fator mais importante para a existência da vegetação.
O desaparecimento das abelhas levará à redução de várias espécies de plantas e animais e também dos serviços ambientais fornecidos por elas, como é o caso da polinização, que promove a diversidade das espécies de plantas. E saber fazer mel é algo que só as abelhas sabem o segredo!
Sentamos num tronco as margens de uma mata, ao lado de uma trilha, e notamos que alí estava acontecendo algo importante, uma super população de formigas estavam transportando folhas para os ninhos. E sabem o que aconteceu?
Marízia disse: “Quero ser formiga!”
As formigas são insetos que vivem em sociedade. Em cada colônia de formigas há muitas rainhas que são responsáveis pela reprodução. Cada formiga possui uma função bem definida dentro da colônia: todas as tarefas são bem divididas entre todas elas. Em um formigueiro há as formigas que são responsáveis pela segurança, as que fazem os túneis do formigueiro e buscam alimentos e as responsáveis pelos cuidados com as larvas. O formigueiro é uma estrutura bem complexa, cheia de galerias e túneis subterrâneos que se estendem por vários metros.
Há no mundo cerca de 18 mil espécies de formigas, sendo que no Brasil existem mais ou menos 2 mil espécies desses insetos. Algumas delas vivem em constante contato com o homem.
As formigas se comunicam através de uma substância química chamada de feromônio. À medida que elas vão andando, deixam para trás um rastro dessa substância, que é percebida através das antenas. Geralmente as formigas se defendem ferroando e injetando em suas vítimas o ácido fórmico, que causa muita irritação. Esses insetos conseguem carregar um objeto com peso 100 vezes maior que o seu próprio peso.
Ao observar as formigas, notamos que seu modelo de sociedade funciona, pouco importa a moralidade de sua condição social. Nosso modelo social também funciona, a exemplo das formigas se impõe a distribuição de tarefas, que para nós materializa a pirâmide social. Contudo, ao contrário das formigas, que estão programadas geneticamente para exercer suas funções, nós seres humanos facultamos os conhecimentos, a qualquer que seja a origem do membro social, a devotados aspirantes da ascensão na pirâmide social; contudo, do conhecimento maior só está habilitado quem profundamente o aspira.
Marízia depois de uma manhã de aprendizados, só tenho que agradece la por este passeio pedagógico, e parabeniza la por ser tão admiradora da natureza. Mas agradeço a você também por não querer ser nehum bicho valente, feroz e voraz.
Quem disse isso? Quero ser onça!
A onça-pintada exerce importante função ecológica para a manutenção do equilíbrio dos ambientes onde ocorre, principalmente por regular o tamanho das populações de suas espécies presas como, por exemplo, queixadas, capivaras e jacarés.
É um animal que exige extensas áreas preservadas para sobreviver e se reproduzir. Dessa forma, a onça-pintada é considerada uma espécie guarda chuva, pois suas exigências ecológicas englobam todas as exigências das demais espécies que ocorrem no seu ambiente. Ou seja, quando a onça estiver bem, outras espécies estarão bem também.
Sendo onça posso proteger toda área do perímetro que eu estiver habitando, não deixarei que o “Bicho Homem” devore a natureza para suprir sua ganância por dinheiro.
E de mãos dadas saímos do bosque, com um pacto de retornarmos ao menos uma vez a cada mês. Há muito mais espécimes que podemos encontrar pelo bosque, que pode nos trazer maravilhosos ensinamentos de vida.

(André Junior – Membro UBE – União Brasileira de Escritores – Goiás [email protected])

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