Médico é agredido após denunciar festa no Rio
Maris Assis
Publicado em 19 de agosto de 2020 às 14:04 | Atualizado há 5 anos
Um médico de 41 anos afirma que foi agredido por um empresário no dia 20 de junho deste ano, no condomínio Península, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, ao tentar acabar com uma festa que ocorria durante a madrugada no apartamento vizinho ao seu . O profissional de Saúde, que prefere não ter seu nome divulgado, relata que levou um soco de Fernando Trabach Gomes Filho, de 27 anos, apontado por ele como locatário do imóvel. O caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca).
No início da madrugada do dia 20 de junho, ele afirma ter ido ao apartamento para falar com o vizinho. “Pedi para um funcionário do prédio me acompanhar. Chegando lá, eu disse a ele (Fernando) que a música estava muito alta e que eu tinha plantão no dia seguinte, mas ele estava extremamente agressivo e falou obscenidades da minha mãe e minha esposa. Em seguida, me deu um soco, quebrou meu óculos e abriu meu supercílio” – relata o médico, que depois da agressão chamou a Polícia Militar e o síndico.
A PM compareceu ao local. Segundo
relatos do médico e também dos policiais que atenderam a ocorrência, Fernando inicialmente
se recusou a ir para a delegacia. Apenas após um período de resistência, que o
empresário concordou em ser acompanhado. No entanto, afirmou que estava sem os
documentos e disse que iria até em casa buscá-los. O empresário acabou não
retornando e não foi levado para a unidade.
Mesmo sem a presença de Fernando, o
caso foi registrado na 16ª DP. Em depoimentos prestados na delegacia, um
policial militar que presenciou a ocorrência, afirmou que Fernando chegou a
ameaçar a autoridade dizendo que ele estava “comprando barulho errado” e também
que o PM não sabia com quem estava lidando, pois ele ligaria para a corregedoria.
Além das alegações,
o Portal Extra de notícias teve acesso a um vídeo filmado pelo médico agredido.
Na gravação, que foi entregue as autoridades, ele não aponta o celular para o
empresário e outros presentes. No entanto, é possível ouvir parte da discussão
que estava ocorrendo no corredor do prédio após a chegada da PM.
Em um dos diálogos, que segundo o
médico ocorreu entre Fernando Trabach e o síndico, o empresário manda o
encarregado calar a boca e dispara ofensas contra ele. O síndico então responde
que oito apartamentos ligaram reclamando de Fernando. “Faz um favor pra mim,
gagá? Mande a multa, mande a multa”, retruca o empresário.
Outro diálogo no vídeo, segundo o
médico, ocorre entre Fernando e um dos policiais militares. Nele, é possível
ouvir quando um homem, que seria o empresário, afirma que não irá para a
delegacia. “Cadê o mandado? Desculpa. Vai ficar na vontade”.
Em outro momento, o homem diz para o
policial que ele é seu funcionário. “Eu não sou seu funcionário. Sou
funcionário da população do estado do Rio de Janeiro”, retruca o PM.
Procurado pelo
EXTRA, o síndico Dirceu Castro confirmou que foi acionado com a chegada dos
policiais no dia 20 de junho e também que se desentendeu com Fernando naquela
ocasião. Ele, no entanto, afirma que não considera ter sido ofendido. “Tenho 71
anos, sou velho mesmo”, desconversa.
Questionado
sobre as denúncias de festas realizadas no apartamento do empresário, Dirceu
disse que as constatações foram de som alto. Sobre outras ocasiões em que
Trabach foi multado, ele disse ao EXTRA que não poderia falar sobre o assunto.
Apesar dos relatos dos policiais e
testemunhas sobre a negativa do empresário de ir para a delegacia, a assessoria
de imprensa do advogado Carlos Felipe Guimarães, que defende Fernando, alegou
ao EXTRA que não foi constatado qualquer crime pelos policiais militares que
atenderam a ocorrência. “Caso acontecesse, seria dada voz de prisão e todos os
envolvidos seriam conduzidos à delegacia”, diz o comunicado da assessoria.
Confrontada com as informações sobre
as tentativas de levar o empresário para a delegacia, a assessoria acrescentou
que contesta a informação. O advogado alega ainda que não houve festa ou
aglomeração no apartamento de Fernando.