Minha Terra tem palmeiras onde cantam os sabiás/seriemas/canarinhos dos cerrados
Redação DM
Publicado em 7 de março de 2016 às 22:22 | Atualizado há 9 anos“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.”
Gonçalves Dias
1. A canção do exílio de Gonçalves Dias narra com saudade a terra brasileira e ele voltando de Portugal e morrendo quando avistava as costas dos lençóis maranhenses. Teceu glórias e amores pela beleza natural onde cantavam sabiás, passarinhos, certamente pousados nas palmeiras. Gonçalves Dias é o poeta que tem versos contidos no Hino Nacional (nossos bosques tem mais vidas, nossas vidas mais amores). E mesmo que hoje utilizemos mais palmeiras exóticas para parques, jardins botânicos, praças, avenidas, temos belas e nativas palmeiras. Palmeiras, como bacabas, buritis (símbolo de Brasília), macaúbas, juçaras, tucuns/tucumans, catolés, babaçus, potiás do sul, carnaúbas, piaçavas, açaís, buris, dendês e pupunhas. E temos mais aqui nos cerrados a palmeira, guariroba/ queroba que tem palmito (amargo e largamente utilizado na culinária de Goiás) e a castanha doce (que pode virar cocadas mais gostosas). Palmeiras reais e imperiais vieram com D. João VI em 1808 para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e estão lá mas se espalhando pelo Brasil afora. O Jardim Botânico de Goiânia considerado um dos cinco mais importantes do Brasil está fazendo uma alameda com todas espécies de palmeiras dos cerrados (guarirobas, macaúbas, tucuns, babaçus, buritis, bacuris, bacabas, piaçavas, catolés) e também de outros biomas. O Jardim Botânico de Goiânia “Amália Hermano Teixeira” aniversária no dia 15 de abril. Temos outras palmeiras. E ditados populares que dizem que terra boa de cultura tem que ter bacuris e guarirobas. Tem terra seca, tem macaúbas. Tucuns dão como buritis em brejos, veredas, nascentes, beiradas de córregos e rios, matas. Muitas matas ciliares são boas e muito importantes para manter, aumentar as biodiversidades locais como alimentação. E multiplicação das próprias palmeiras, arbustos, árvores, agaves, gramíneas, cipós, bichos, aves, peixes, insetos e a própria imprópria humanidade de Deus. A primeira e mais maciça arborização de Goiânia foi feita com gameleiras (Praça Cívica e Avenida Goiás), flamboyants, acácias amarelas que na década de setenta desapareceram mais de mil árvores adultas como estão acontecendo agora com as mangubas. Resistem ainda as palmeiras e as sibipirunas, amendoeiras, acácias javanesas, jambolãos, mangueiras, patas de vaca, quaresmeiras. E ainda vem invasões mais e mais as leucemas e guavapurus, quase dominando a vegetação nos bosques dos buritis. E do Colégio Ateneu Dom Bosco (duzentos anos de Itália e Brasil com evangelização e educação para a juventude como do Cesam e outras experiências, pedagogias salesianas libertadoras). E agora temos as arborizações dos ipês e das paineiras com suas flores rosas, roxas, verdes, brancas e amarelas por todos os lados de Goiânia pintadas pela Evandra Rocha. É bom lembrar que o ipê amarelo é árvore símbolo do Brasil decretado em 1961 por Jânio Quadros. E representando na bandeira o amarelo das nossas riquezas minerais/ouro quase todo já explorado e roubado desde tempos de antanhos. Precisamos agora mais do que nunca preservar o verde de nossas mil biodiversidades florais dos cerrados. E amazonas, pampas, matas atlânticas e brancas e o reino das águas pantaneiras que dão vida ao planeta Brasil. Assim as palmeiras estão presentes nas nossas naturezas. Elas alimentam, embelezam, protegem nascentes e santuários de variadas espécies animais, orgânicas e inorgânicas. E que ajudam ainda manter esperança boa no nosso mundo planetário no século XXI. O mundo ainda está cheio de devastações, poluições, derrubadas, queimadas, agrotóxicos, CO², desertificações. E assim face mudanças climáticas e sociais. Mudanças para o bem e ou para o mal? Para a vida ou para a morte? Precisamos agir, precisamos de construir juntos e urgente, um mundo sustentável e solidário.
2. Tem gente que gosta e protege a natureza. Tem gente que explora a natureza até exaurir suas riquezas minerais, florestais, animais, humanas, inumanas, divinas. E como ficam as caminhadas nesta galáxias de Deus? Para onde vamos hoje e amanhã?
3. Tem muitas pessoas que gostam do meio ambiente, ecologia social, desenvolvimento sustentável para um viver, bem viver e melhor conviver de norte a sul? Ainda é possível um mundo de paz, partilha, justiça social? Há desejos de que a criação e a evolução do planeta esteja na direção de Deus ou na direção da destruição? E as violências, guerras, migrações forçadas, intolerâncias, explorações, drogas, preconceitos, discriminações por força dos interesses bélicos, econômicos, religiosos, culturais, geopolíticos e históricos? O que fazer? Precisamos ver, avaliar e julgar nossas realidades estruturais e conjunturais para agirmos com valores democráticos, abertos, livres, solidários, pertinentes, éticos, na podução e nos consumos de forma consciente, partilhada. E mais cooperativa para realidades mais justas e fraternas com base nos direitos humanos, universais. E oportunos para todos homens, mulheres de todas cores, raças, origens e crenças.
4. A sorte está sendo constantemente lançada. Temos oportunidades de realizar mudanças para uma paz compartilhada. E mais repartida em termos de bens, valores culturais, materiais e espirituais?
5. Cada vez mais aparecem nas mídias, internets, TVs, rádios e jornais noticias e manipulações da realidade face interesses individualistas, egoístas, hedonistas. E muito consumistas dado interesses da maioria? E dos pobres, dos povos trabalhadores das cidades e dos campos, sertões? É preciso urgentemente e de forma coletiva e social olharmos as mudanças certas para a maioria das pessoas, famílias, comunidades, grupos, classes. E suas situações necessitadas de alimentos, confortos, bem estar, trabalho, salário, crença. E assim vivência para o bem de todos homens e mulheres ainda e agora, aqui e acolá. E além muito além mas sempre perto de Deus e de sua humanidade.
6. Um fato pequeno mas terrível. Uma ação humana industriada pelo ódio, pela raiva e manobrada para destruir um jardim de palmeiras nativas e exóticas da sede do jornal diário da manhã. Usando óleo gasto como querer regar estas palmeiras que estão de frente para a secretaria da agricultura, para o terminal da praça da Bíblia, para a avenida Anhanguera leste, perto da UEG, IFG, PUC, UFG, bancos, postos, OBA do Vila Nova, hotéis. E ninguém viu. Quem foi? Porque tanta maldade? Um ser, ou vários paus mandados tentaram destruir uma coleção de palmeiras daqui dos cerrados e de muito longe. Belas bonitas, frondosas, cheias de vida, de cocos, de folhagens que ajudam a amainar os calores de nossos verões quentes. Anda bem com muitas chuvas. Quem foi, quem viu? Quem vê pessoas, grupos de cortam, vandalizam nossos parques, praças, avenidas cheias de palmeiras? E os correntões e tratores que devastam pequizeiros, baruzeiros, mangabeiras, douradinhas, mamacadelas, jatobazinhos? E unhas de gato, podolios, arnicas? E os sabiás, xororós, lobos guarás, raposas que estão sendo envenenadas por excessos de vôos rasantes de aviões cheios de agrotóxicos nas nossas lavouras. É verdade? Enquanto muitos cuidam do passado e presente (carmos, coras, nativos, tomazes, binomios, erics, padrepereiras, horiestes). E mais maribaiocchis, dalisias, anas, mindés, consuelos (sua antiga casa está cheia de palmeiras). E atauscarajás, raonis, raimundinhas das associações de quebradeiras de cocos de babaçu. E manoels da conceição, nilos alves, germanas adãos, mouras, e, sebastiãos da paz. Foram e são lutadores pelos cerrados? E amazonas, onde cantam e devem cantar sempre sabiás laranjeiras nas palmeiras.
7. Um dia de cão. Um dia como outros mas que muda. – Um homem, alguém próprio ou impróprio ou pau mandado tenta regar matando as palmeiras do Batista Custódio somente com óleo queimado? Na verdade queria vingar de alguma verdade? E assim resolveu atingir suas queridas palmeiras nacionais e internacionais? E atingir o encantado mundo das beiradas dos araguaias do Rio Bonito de todas caiaponias da vida vivida dignamente? Nada conseguiram. Poderão vir outra vez. Aqui e ali a sorte está lançada. E se não falarmos as pedras falarão. Vamos superar estas e outras mazelas construindo juntos como o Papa Francisco diz um mundo da ecologia social e da misericórdia. Fora vandalismos variados nas nossas praças, parques e avenidas. Fora a tentativa de matas poluídas onde cantam os sabiás. Vamos copiar o exemplo do diário da manhã pelo bem de nossa biodiversidade. Viva a vida, viva as palmeiras verdes campos, como queremos verdes, hoje e amanhã. Vamos repetir como Gonçalves Dias “nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores”.
(Pedro Wilson Guimarães, professor da UFG e da PUC-Goiás, secretário de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas da Prefeitura de Goiânia, militante dos Movimentos de Fé, Alegria e Política, Educação, Cerrados)