Brasil

Nova cepa da Covid-19 se propaga mais rápido que a original

Salma Ataíde

Publicado em 4 de julho de 2020 às 18:10 | Atualizado há 5 anos

Uma nova variante da doença respiratória Sars-CoV-2, que contaminou todos os continentes, é três vezes mais infecciosa do que a original do novo coronavírus, constatou um estudo recente publicado pela revista científica Cell.

Estudiosos do Laboratório Nacional Los Alamos, em Novo México, e da Universidade de Duke, de Carolina do Norte, em colaboração com o consórcio de pesquisa Covid-19 Genomecs UK (COG -UK), deduziram que a atual cepa do Sars-CoV-2, a D614G, apresenta uma pequena, porém significativa mudança na proteína que se projeta para fora da superfície do vírus, com a qual ele invade e infeccta células humanas.

Os resultados iniciais da pesquisa, publicados em abril, foram criticados por não provar que a própria mutação causasse essa dominância e outros fatores ou o acaso seriam responsáveis.

A equipe realizou experimentos adicionais analisando os dados de 999 pacientes britânicos hospitalizados com covid-19, e constatou que quem contraíra a cepa mais nova apresentava mais partículas virais, mas sem que isso afetasse a severidade da doença.

O especialista americano em doenças infecciosas Anthony Fauci, comentou no Journal of the American Medical Association sobre pesquisa de laboratório ( da qual não participou):

“Acho que os dados mostram que uma mutação isolada faz o vírus replicar- se melhor, e talvez ter grandes cargas virais”. No entanto “não temos uma pista de se um indivíduo sofre mais com isso ou não”, apenas parece que a nova cepa do Sars-CoV-2 seria mais transmissível.

Porém, essa hipótese ainda precisa ser confirmada, na atual fase, as conclusões só podem ser consideradas “prováveis”, já que experimentos dessa ordem não reproduzem com precisão a dinâmica da pandemia. Embora a variante atualmente em circulação possa ser mais “infecciosa”, é possível que seja menos “transmissível” de pessoa para pessoa.

Em um comentário, o virologista Nathan Grubaugh, da Escola de Saúde Pública de Yale, igualmente não envolvido na pesquisa, diz não acreditar que os resultados vão ter grande impacto para o público em geral.

“Embora ainda sejam necessários estudos importantes para determinar se isso influenciará o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas de modo significativo, não contamos que o D614G altere nossas medidas de controle ou piore os contágios individuais.

Segundo Grubaugh, trata- se, antes, de “uma olhada ao vivo na ciência em ação, uma descoberta interessante foi feita potencialmente afetando milhões de pessoas, mas ainda não conhecemos sua dimensão nem impacto totais”.

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