O gosto pela leitura
Redação DM
Publicado em 21 de outubro de 2016 às 01:02 | Atualizado há 9 anosSou um entusiasta pela leitura. Desde muito pequeno iniciei minha incursão pelos livros, incentivado primeiro, pelo meu pai, que sempre me aconselhou a estudar, pois era o caminho para livrar-me da lida dura e cotidiana a que passara, na criação da família. Para ele, o sr. Diomar Fernandes de Carvalho, o estudo era a saída das dificuldades, o caminho para uma vida melhor. Não estava de todo errado e sempre se esmerou em oferecer o melhor que podia em termos de ensino.
Em segundo lugar, devo meu gosto pela leitura à professora Clarice. Não lembro seu sobrenome, mas sei que lecionava português no Colégio Estadual Jardim América, localizado em Goiânia. Nem sei se o Colégio ainda existe, mas tenho boas lembranças de nossas idas à sala de leitura, lembro-me das almofadas colocadas no chão e os livros espalhados. Cada aluno tinha a liberdade de escolher o livro que lhe interessasse. Essa liberdade de escolha foi muito importante para minha formação de leitor assíduo que gostava de ler desde romances à poesia.
Minhas primeiras leituras foram nos livros da Coleção Vaga-lume, publicados pela editora Ática, composta por mais de noventa livros, diversos autores e por mais e trinta anos. A minha primeira leitura foi o livro A Ilha Perdida, precedida de tantos outros: O Escaravelho do Diabo, Sozinha no Mundo, Açúcar Amargo. Eram viagens intermináveis, de muita aprendizagem, fantasia e formação do meu espírito crítico.
Não demorou muito e meu interesse por outras leituras levou-me para outras paragens: Feliz Ano Velho, livro de Marcelo Rubens Paiva; Eu Cristiane F., treze anos, drogada e prostituída, cuja história é contada pela própria Cristiane, que na adolescência, envolveu-se com drogas. Devo ao meu amigo Márcio Caetano a indicação do livro Paris é uma Festa, de Ernest Hemingway e ao professor Neilson Silva Mendes, a indicação do livro Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez.
Cada leitura estimulava mais o meu interesse pelos livros e pela escrita deles. Passei a escrever poesias e pequenos textos que ilustravam o meu cotidiano. Textos simples, autobiográficos e que estimularam, anos mais tarde, o gosto pela escrita de artigos, cuja maioria foi publicada pelo Jornal Diário da Manhã e outros jornais dentro e fora do estado de Goiás.
Tenho hoje em dia o desafio de passar esse legado para minhas filhas Elisa (13 anos) e Ana Lívia (seis anos), que já compreendem o valor dos livros e da leitura para a sua formação crítica. A primeira delas, Elisa, já se arrisca nas primeiras letras e escreve histórias típicas de adolescentes que estão descobrindo a vida.
O início sempre é assim, através dos livros, fazemos nossas primeiras viagens, fantasias e realidades se mesclam e nossos sonhos vão se transformando numa eterna história que se imortaliza na lembrança. E parafraseando Hemingway, não só Paris é uma festa, a vida toda é uma festa.
(Cleiber Fernandes dos Santos, professor universitário)