O pecado da acepção de pessoas
Redação DM
Publicado em 30 de novembro de 2015 às 22:54 | Atualizado há 10 anos“Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei”, essa célebre frase mostra a percepção da parcialidade das pessoas e também dos juízes ao julgarem os fatos em favor de um e contra outra pessoa. A verdadeira justiça é imparcial. Se as pessoas são parciais elas estarão injustamente favorecendo um em detrimento do outro. Você provavelmente já ouviu falar das pessoas protegidas. Tem pessoas que são lamentavelmente protegidas e outras que tem poder de coação. Quem chefia tem poder de coação, quem tem mais influencia tem poder de coação. A própria ideia de influência já demonstra claramente esse conceito deturpado da sociedade de acepção de pessoas. Acepção de pessoas que seria o mesmo que predileção por alguém (prefiro fulano, prefiro ciclano, fulano é simpático, ciclano é antipático). Geralmente pessoas preferidas são também injustamente protegidas. Elas podem fazer qualquer coisa que terão a proteção de quem elas agradam. E a proteção consiste justamente em um favorecimento de interpretações.
Em nossa sociedade é assim. Quando ocorre um problema entre pessoas neutras acontece outra aberração: “Não quero saber quem começou” e aplicam uma pena para os dois lados. Imparcialidade não é ignorar os fatos, imparcialidade é julgar pelo justo, independente de quem se favoreça e de quem se prejudique com isso. Uma sociedade hipócrita é uma sociedade onde os interesses particulares (ou simplesmente as vontades particulares) se sobrepõem aos interesses públicos.
No caso dos juízes que julgam as causas, também às vezes ocorrem interesses particulares que se sobrepõe aos interesses públicos. Principalmente em órgãos de última instância, onde a justiça pública deveria prevalecer. Porque a justiça só funciona para aqueles que não tem condições de contratar um advogado? A justiça não é igual para todos? Como já citei aqui em outros momentos, Deus condena a acepção de pessoas. Um de seus mandamentos: não torcer o direito para beneficiar ou prejudicar alguém, para absolver o culpado ou condenar o inocente. A imparcialidade é questão de ordem pública, caso contrário estaríamos legalizando o preconceito, a discriminação, a intolerância para com o diferente.
A parcialidade esta presente em nosso dia a dia. As famosas panelinhas são pequenas concentrações de pessoas parciais. Pessoas que não fazem jus ao que é justo, mas ao que lhes convêm. Que usam o ditado no início do texto com unhas e dentes. Se um desses amigos cair em um buraco, provavelmente ele irá também. A parcialidade é um câncer da nossa sociedade, juntamente com a troca de favores, são os alicerces da corrupção.
Ninguém é dono do mundo, mas tem aqueles que pensam que são e agem como tal. Os donos do mundo são aqueles que manipulam, que corrompem, que distorcem (vejam a imprensa “livre”). Os donos do mundo são aqueles que tem poder financeiro (veja os bancos). Os donos do mundo são aqueles que tem poder sobre as leis (vejam os deputados). Os donos do mundo são aqueles que decidem sobre o mercado de trabalho (veja as multinacionais). E também pensam que são os donos do mundo aqueles que mentem, manipulam, corrompem e destroem nossa sociedade. Não é preciso ir muito longe para ver a gritante inversão de valores do nosso meio social.
Mas aí de vós hipócritas que usando a mesma lei e distorcendo os fatos protegem os amigos e acusam os inimigos. Digo-lhes que por muitas vezes fui testemunha disso e por muitas vezes fui vítima disso. Aí de vós hipócritas que usam de parcialidade para julgar as pessoas, que mentem e manipulam as informações. Que adoram exaltar certas pessoas e repudiar outras. Perante Deus e perante a Justiça ninguém é melhor do que ninguém. Todos são iguais.
Aí de vós hipócritas que cobram o que não fazem. Como pode alguém cobrar aquilo que não faz? Não age este com malícia, se valendo das circunstâncias para se sobressair? O que vale mais, as aparências, ou os atos concretos? Hipócritas. Como pode alguém exigir justiça se não pratica a justiça? Quer apenas se aproveitar das circunstâncias, mas é alguém superficial, que não emite valor.
O mal não subsiste em si mesmo, logo encontra a ruína, fadado está desde sempre ao fracasso. Imparcialidade é julgar pelo que é justo, independente de quem se favoreça e de quem se prejudique com isso.
A acepção de pessoas ou predileção por pessoas é algo muito comum em nossa sociedade, entretanto é errado. A palavra carisma por vezes é usada pelas pessoas. Carisma é aquilo que algumas pessoas entendem como sendo um dom que determinada pessoa tem de cativar a atenção ou o respeito, mas é algo totalmente subjetivo. E carisma é a “legalização” da predileção por pessoas, pois presas estão aos seus orgulhos e sua soberba. Graças a essas deturpações sociais vemos tanta gente de “carisma”, roubando, traindo, subornando, fazendo conchavo, ameaçando, matando, desviando verba pública, abrindo as pernas para diretor de televisão, comprando voto por um par de chinelos, afinal de contas “templo” é dinheiro e nesse mundinho medíocre, geralmente quanto mais mentiras você fala, mais respeitado você é, exemplos não citarei, posto que desnecessários, estão a vista de todos. A sociedade cria um palco de ilusões sobre as pessoas e coisas, onde umas terminam se sobressaindo sobre outras de uma forma injusta, em razão da acepção de pessoas.
Hipócritas, colocam sua vaidade e seu ego egoísta em primeiro lugar, mas em breve cairão de vosso pedestal e grande será vossa queda.
(Daniel de Melo Costa, 36 anos, servidor público)