Brasil

Palavras emprestadas

Redação DM

Publicado em 6 de julho de 2016 às 03:00 | Atualizado há 9 anos

São tempos de crise. E que crise! Segundo o IBGE, já temos mais de 10 milhões de desempregados no nosso País. Como se isso não fosse suficiente, ainda temos de conviver com uma cultura de corrupção que atinge todos os níveis da nossa sociedade; que rouba a nossa dignidade, que impede o nosso desenvolvimento e que, muitas vezes, parece infinita.

Quando, em 2002, o PT assumiu o Governo Federal, elegendo pela primeira vez na história um trabalhador oriundo do chão da fábrica, a alma de toda uma geração foi lavada. A esperança venceu o medo. Finalmente, o Brasil vivia uma democracia de fato com alternância de poder. Triste fim, quando os sonhadores se distraem… e o sonho vira pesadelo.

Quatorze anos depois, os sonhadores se veem naquele lugar de terem de escolher. O Brasil hoje está dividido. Não entre direita e esquerda. Mas sim entre aqueles que choram, sacodem a poeira e olham para a frente, e aqueles que desviam o olhar e insistem em se apegar ao sonho, indiferente aos fatos à frente. A maior parte do Brasil chora. Mas, se enxugarmos as lágrimas, sacudirmos a poeira do combate, veremos que a vida já volta a germinar aqui e ali. São momentos como esse que formam uma nação. O momento é agora. Vamos dar adeus às soluções fáceis e salvadores da pátria e abraçar o livre pensar e discutir a efetividade da presença e ação do Estado na vida pública. As consequências das políticas públicas, indiferentes a que partido sejam.

Vamos repensar a quantidade de partidos existentes. Não é possível vivermos uma política tão fragmentada e tão pobre de ideias. Vamos deixar de lado a agressividade e superficialidade tão típicas das torcidas organizadas de futebol e vamos conversar, porque toda crise é sim uma grande oportunidade. Não temos outra alternativa a não ser buscar um novo caminho. Um recomeço.

É preciso a consciência de que o caos que se apresenta hoje não caiu do céu de repente. Nem foi plantado por forças alienígenas. Foi criado por uma classe de políticos sem compromisso com a sociedade que governam e, principalmente, por uma sociedade omissa e descompromissada com a vida pública.

Temos, sim, a chance de recomeçar. Momentos como esses são oportunidades para pensarmos que rumo estamos dando à nossa Nação, à nossa própria vida. Crises como essa podem ser tudo aquilo que nós estávamos precisando para mudar a direção do nosso olhar e fazermos história, não dá para vivermos mais quinhentos anos de política do “deixo a vida me levar”. O Brasil ainda está à procura da sua bastille. Talvez o momento tenha chegado. Mais do que nunca precisamos ouvir e refletir: “Todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade.”

 

(Pe. Luiz Augusto, Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus)

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