Para Marconi ler antes de ir dormir
Redação DM
Publicado em 28 de janeiro de 2017 às 01:11 | Atualizado há 9 anos
Anápolis está sem representatividade compatível com a sua importância no Governo do Estado, enquanto suas lideranças, incluindo as do setor produtivo, na contramão de sua tradição de lutas, permanecem acomodadas diante da queda do crescimento do PIB da cidade por cinco anos consecutivos. Sem voz e sem força para acompanhar e influenciar o Governo, Anápolis não tem como alavancar, efetivamente, a consolidação de seus projetos.
O Brasil passa por grave crise que afeta praticamente todos os municípios. Em Anápolis, a tragédia chegou acompanhada pela descrença, desgraça maior que arrocho da economia. Uma ameaça para a cidade que, em 2010, ficou em segundo lugar em arrecadação de impostos na região fiscal que abrange Goiás, Tocantins e Distrito Federal, à frente de Goiânia, Campo Grande, Cuiabá e Palmas e atrás apenas do DF.
Ah! Mas Anápolis “ainda” tem o maior PIB de Goiás! A desculpa é linguagem de covardes. Se não reagir, urgentemente, sua economia pode despencar. Pior que a desaceleração da atração de investimentos será o fechamento e a evasão de empresas, o desemprego, a paralização de obras, a queda da arrecadação do município e o fatal aumento de demandas. Anápolis é uma cidade promissora, a par de sua localização geográfica estratégica e de seus referenciais e diferenciais competitivos, potenciais determinantes e polos estruturantes – algo ímpar no Brasil – mas os investimentos estão indo para outras cidades. Não fazer nada é arriscar o futuro. É apostar no desastre.
O Produto Interno Bruto é o conjunto de todos os bens e serviços finais produzidos em um país, estado ou município durante certo período de tempo. Gerador de confiança, o PIB é forte indicador para a atração de investimento. Sem entrada de capital externo cai a expansão da atividade econômica. Uma empresa tende a ir para onde são positivas as projeções de investimento.
Dois anos após a chegada da Caoa-Hyundai, o Grupo Hypermarcas fechou mais de 20 fábricas espalhadas pelo Brasil para sediar todo o seu complexo farmacêutico no Daia, em 2010, depois de comprar a Neoquímica. O mesmo rumo tomou a Pfizer, que assumiu o controle do Teuto, enquanto a Ambev/Cebrasa dobrava a produção de sua fábrica n a BR 060. Anápolis fazia um voo de falcão no Centro-Oeste. Juntas, as quatro empresas gigantes representam mais de 30 por cento do PIB e da empregabilidade do município. Se forem embora, a cidade quebra. Apesar de astronômicos investimentos, por causa de benditos incentivos fiscais, nenhuma economia resiste ao maldito com voo de galinha.
Para voltar a crescer Anápolis depende da conclusão de obras importantes, como o Aeroporto Internacional de Cargas e a ampliação de áreas para a atração de indústrias, por exemplo, mas a falta de liderança, além de travar o desenvolvimento, gera o desânimo. Deixar esfriar a consolidação do Polo Logístico é renegar a grande e real chance de projeção nos mercados nacional e internacional. É preciso agir para fazer o Governo reagir. Não se fala mais na implantação do entreposto da Zona Franca de Manaus, negócio de U$ 1 bi por ano e 10 mil empregos. Ainda mais grave, é relegar a Plataforma Logística ao esquecimento.
Sem representatividade em cargos de importância no Governo para influenciar e cobrar, com autoridade delegada pelo poder que deveria emanar da maior economia de Goiás, depois da Capital do Estado, Anápolis não vai resolver suas demandas. É difícil encontrar explicação para a transformação do comportamento da cidade, que nunca se omitiu e consignou o seu desenvolvimento, heroicamente, nos tempos em que a maioria de seus líderes fazia dura oposição ao Governo do Estado.
Em sua trajetória, Henrique Santillo foi líder que gritou por Anápolis, signatária de notória representação em seu governo, quando o menino Marconi, aos 19 anos, iniciava a sua caminhada. Autodefinido como político “de Anápolis”, onde historicamente recebeu enorme votação, o Governador deveria atender aos anseios do município que mais paga impostos em Goiás, depois de Goiânia.
Anápolis depende de participação efetiva nas decisões do governo para voltar a crescer. Sob a benção do inspirador de sua carreira, Marconi Perillo precisa saldar esta dívida para poder dormir em paz.
(Manoel Vanderic – jornalista)