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PM atira com arma de airsoft em bebê de 1 ano

O PM que atirou na criança será responsabilizado criminalmente por tentativa de assassinato

Foto: Reprodução Foto: Reprodução

Uma bebê, de 1 ano, foi atingida no rosto por um tiro de airsoft. O caso ocorreu na madrugada de terça-feira, 26, em São Paulo e foi gravado por uma câmera de segurança.

Dois policiais militares são investigados por estarem na viatura de onde partiu o tiro de airsoft que atingiu o rosto da bebê.

"Os dois PMs que estavam na viatura envolvida na ocorrência foram identificados e preventivamente afastados enquanto as apurações estão em curso", informa trecho da nota da pasta da Segurança.

O equipamento seria particular pois não faz parte do armamento oficial usado pela Polícia Militar. Airsofts são armas que usam munição de plástico e são usadas por praticantes de tiros esportivos em estandes apropriados.

A SSP ressalta que a Polícia Militar é uma instituição legalista, que não compactua com desvios de conduta e que promove treinamentos constantes para que todos os seus integrantes ajam dentro dos protocolos estabelecidos", continua o comunicado da Secretaria da Segurança.

Além de ouvir os policiais, a Polícia Civil analisa juntamente com a Polícia Técnico-Científica o vídeo que mostra quando um dos agentes que dirigia a viatura da Polícia Militar coloca o braço para fora da janela e atira na direção de uma moto, que cruzou seu caminho no sentido contrário.

No veículo estavam a menina e o pai dela, que pilotava sem capacete e sem habilitação. Ele havia pego a motocicleta emprestada de um amigo. Pela lei de trânsito é proibido andar de moto sem capacete e sem ter habilitação, além de transportar irregularmente crianças com menos de 10 anos de idade em motocicletas.

Mas, segundo a investigação, o agente da PM não deu nenhuma ordem de parada para o piloto parar. E sequer registrou a ocorrência ou a levou para uma delegacia. O PM preferiu sacar uma arma de airsoft e disparou.

A bebê foi atingida por um artefato de plástico no rosto. O pai dela só notou que a filha foi ferida quando chegou em casa e viu a menina chorando e sangrando. Ela foi socorrida pelos familiares para o Hospital Tide Setubal, em São Miguel Paulista.

A menina recebeu anestesia geral e passou por cirurgia de emergência para a retirada do projétil, que estava alojado no rosto dela. A vítima levou pontos na bochecha e não corre risco de morte.

A bala foi encaminhada à Polícia Técnico-Científica para ser periciada. Foi a família da menina que procurou o 50º Distrito Policial (DP), Itaim Paulista, onde registrou um boletim de ocorrência para apurar o caso. A investigação será feita pelo 67º DP, Jardim Robru.

"Não houve ordem de parada, não houve abordagem policial, nenhum tipo de registro, nenhum tipo de comunicação", disse o delegado Gregory Goes Siqueira, titular do 50º DP. "Conduta que julgo não ser adequada. O certo seria dar ciência à autoridade de plantão para que fosse feito o registro e a consequência jurídica dos fatos adequados."

De acordo com o delegado, o PM que atirou na criança será responsabilizado criminalmente por tentativa de assassinato.

"Adianto que a conduta se amolda ao tipo penal de tentativa de homicídio, no mínimo a título de dolo eventual [quando se assume o risco de matar]", falou Gregory. "Entendo que o policial militar que tem um conhecimento técnico prévio deve presumir que um disparo de airsoft daquela distância, numa moto no sentido contrario, poderia causar um acidente, uma fatalidade com a criança vindo a óbito em virtude de uma conduta deliberada, consciente e voluntária".

O delegado ainda afirma que o fato de o policial militar ter usado um equipamento que não pertence à corporação aumenta a gravidade do que ele fez.

"Não há justificativa para utilizar um instrumento que nem faz parte do acervo que faz parte da atividade policial: o airsoft. O que demonstra a torpeza da conduta", falou o delegado.

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