Precisamos de um líder

Uma coisa começa a incomodar o brasileiro de modo geral e não apenas os políticos. O embate político ferrenho, violento, até assusta, mas assusta muito mais as condições em que estarão as instituições brasileiras após se definir a porta pela qual sairemos dela. Não há riscos momentâneos à democracia posto que nos falta até lideranças em condições de comandar um retrocesso. Um golpe, falando mais diretamente. Vamos viver politicamente a pior das situações tão logo saiamos desta crise. É que estaremos diante de instituições desmoralizadas, independentemente do nome de quem venha a ocupá-las. De todas, a mais desmoralizada, reconheçamos, é a Presidência da República. Dilma hoje é uma pessoa inteiramente desmoralizada- não se discute aqui, agora, se com ou sem razão – alvo de deboche, de agressões política e pessoais. Sua imagem pessoal contaminou a instituição que ocupa (ou terá sido o contrário?) e hoje o brasileiro não tem o menor apreço pela figura presidencial. E olha que somos um país que, aos olhos de seu povo, o presidente tudo pode. Acima dele, só Deus. A desmistificação desta ideia talvez seja até boa, mas neste momento o que se tem é a sensação de falta de autoridade, falta de comando. Superar este sentimento será praticamente impossível para a presidente e muito, muito difícil para quem vier a sucedê-la, seja em que momento for. A autoridade presidencial, que o brasileiro recuperara após os episódios Sarney e Collor já não existe. Se junta à imagem do Legislativo, que de muito deixou de existir de tão ruim ficou. Cresce o respeito ao Judiciário – ou seria ao juiz Sérgio Moro apenas como foi com Joaquim Barbosa- e à Polícia Federa, alçados à condição de heróis da pátria. Heróis por quanto tempo não se sabe, até porque não se sabe como vai terminar esta imensa noite de escuridão no Ppaís. Alguém aí tem uma lanterna?

(Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral das revistas Viver Brasil e Robb Report)