Prefeito de Palmas é preso por suspeita de venda de sentenças e vazamento de informações do STJ
Redação Online
Publicado em 27 de junho de 2025 às 13:10 | Atualizado há 1 hora
O prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), foi preso nessa sexta-feira, 27 de junho de 2025, durante a 10ª fase da Operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal. A ação investiga um esquema de vazamento sistemático de informações sigilosas do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a venda de decisões judiciais.
CONTEXTO DA PRISÃO E INVESTIGAÇÃO
A operação cumpriu três mandados de prisão preventiva contra o prefeito, um advogado e um policial civil além de buscas e apreensões na capital do Tocantins. A investigação apura o vazamento de informações confidenciais de inquéritos em curso no STJ, que teriam comprometido operações policiais ao permitir que os investigados tivessem acesso antecipado a decisões judiciais e, com isso, frustrassem ações da polícia.
Segundo a PF, o grupo utilizava essas informações privilegiadas para construir redes de influência no Judiciário e proteger aliados políticos, o que dificultou apurações envolvendo juízes e advogados no estado.
A Operação Sisamnes teve origem na investigação do assassinato de um advogado no Mato Grosso. O celular da vítima revelou conversas sobre a venda de sentenças em diferentes tribunais, inclusive no STJ.
ENVOLVIMENTO DE EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS
Eduardo Siqueira Campos já havia sido alvo de buscas e apreensões na 9ª fase da operação, em maio, quando o pedido de prisão preventiva foi negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin. Na ocasião, foi autorizada apenas a apreensão de seu celular.
Novas provas obtidas pela PF indicam que o prefeito monitorava as investigações e repassava informações sigilosas a aliados, entre eles o advogado Thiago Marcos Barbosa, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos). Thiago está preso desde março por envolvimento no esquema.
Em mensagens interceptadas, Siqueira Campos afirma ter uma fonte no STJ e relata o andamento de processos sigilosos, mencionando inclusive o nome do ministro João Otávio de Noronha como suposto informante de decisões que antecederiam ações da Polícia Federal.
O prefeito nega as acusações e afirma que sua relação com Thiago Barbosa é apenas de afeto familiar, sustentando que apenas indicou um advogado para sua defesa, sem repassar qualquer informação privilegiada.
MEDIDAS JUDICIAIS E AUTORIZAÇÕES
A prisão preventiva de Eduardo Siqueira Campos e dos demais investigados foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, responsável pelo caso no STF por envolver autoridades com foro privilegiado.
No total, foram cumpridos três mandados de prisão e três de busca e apreensão em Palmas.
IMPACTO E DESDOBRAMENTOS
As investigações revelaram que o vazamento das informações comprometeu o andamento de operações da Polícia Federal, dificultou investigações contra membros do Judiciário e favoreceu a proteção de aliados políticos.
A Operação Sisamnes já teve fases em outros estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. O avanço das investigações se deu com base em novas provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A PF e o STF seguem conduzindo as apurações. Até o momento, a defesa do prefeito Eduardo Siqueira Campos ainda não se manifestou oficialmente sobre a prisão.