Prisão de Poze do Rodo acende debate sobre criminalização dos MCs no Brasil
Redação Online
Publicado em 29 de maio de 2025 às 14:40 | Atualizado há 17 horas
A recente prisão do artista e funkeiro MC Poze do Rodo, ocorrida hoje (29), trouxe à tona uma discussão importante sobre a criminalização de artistas do funk e do rap no Brasil. O cantor foi detido sob suspeita de apologia ao crime e associação com o Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do Rio de Janeiro. Segundo as autoridades, MC Poze utilizava suas músicas e eventos para promover o tráfico de drogas e a ideologia da facção, além de participar de bailes financiados pelo crime organizado.
Este caso faz parte de um movimento crescente em várias capitais brasileiras, onde projetos de lei buscam impedir o financiamento público de shows de artistas que façam apologia ao crime ou ao consumo de drogas. Parlamentares de partidos conservadores têm sido os principais defensores dessas iniciativas, que visam coibir a influência das facções criminosas na cultura popular.
Por outro lado, especialistas e artistas criticam essas medidas, argumentando que podem resultar em censura e estigmatização das comunidades periféricas. Juristas destacam que a legislação penal exige uma incitação clara para configurar apologia ao crime, o que nem sempre está presente nas letras dos MCs. Além disso, apontam que a repressão seletiva pode reforçar preconceitos contra moradores das favelas e suas expressões culturais.
O caso de MC Poze do Rodo coloca em pauta o delicado equilíbrio entre o combate ao crime organizado e a preservação da liberdade artística. Enquanto o Estado busca desarticular o uso da música como ferramenta de propaganda do tráfico, a sociedade civil alerta para os riscos de criminalizar injustamente artistas e aprofundar desigualdades sociais. A discussão permanece aberta, refletindo os desafios de lidar com a cultura periférica em um contexto de violência e exclusão.