Quaest: 51% desaprovam Lula, maioria vê golpe e aponta envolvimento de Bolsonaro
Léo Carvalho
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 08:49 | Atualizado há 34 minutos
A mais recente pesquisa Genial/Quaest, realizada entre 12 e 14 de setembro, revela que a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mantém estável, com 51% de desaprovação e 46% de aprovação. O levantamento ouviu 2.004 eleitores presencialmente em todo o país, com margem de erro de dois pontos percentuais.
Além da percepção sobre o governo, o instituto também investigou a opinião da população em relação à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 e ao debate sobre anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Golpe e Bolsonaro
Segundo os dados, 55% dos brasileiros acreditam que houve uma tentativa de golpe, enquanto 38% discordam dessa interpretação. A percepção sobre o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro também é expressiva: 54% dos entrevistados acreditam que ele participou da trama golpista.
O levantamento mostra ainda uma mudança na visão sobre o processo judicial que levou à condenação de Bolsonaro. Para 42%, o julgamento foi imparcial — número superior ao registrado em agosto (36%). Já 47% ainda entendem que o ex-presidente foi alvo de perseguição, percentual que caiu em relação ao mês anterior, quando era de 52%.
Julgamento do STF
Em relação à pena de 27 anos de prisão aplicada a Bolsonaro, 49% consideram a punição exagerada, enquanto 35% a veem como adequada e 12% como insuficiente. Entre medidas alternativas, há maior aceitação popular por prisão domiciliar (51%), uso de tornozeleira eletrônica (48%) e inelegibilidade (47%).
O estudo também mediu a percepção sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Mais da metade dos entrevistados (52%) rejeitam a ideia de impeachment contra ele, enquanto 36% apoiam o afastamento.
Anistia dividida
O tema da anistia segue polarizando o país. 41% rejeitam qualquer tipo de perdão aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Já 36% defendem uma anistia ampla, que inclua também Bolsonaro, e outros 10% apoiam anistia apenas para os manifestantes, mas não para o ex-presidente. A soma dos favoráveis chega a 46%, enquanto 13% não souberam responder.
Os números revelam diferenças regionais: no Nordeste, a rejeição à anistia é maior (44%), enquanto no Sul e no Centro-Oeste cresce o apoio à medida quando ela inclui Bolsonaro (42%).
Estabilidade e polarização
A pesquisa confirma que, mesmo após quase dois anos de governo, Lula enfrenta um cenário de forte divisão na opinião pública, com índices de aprovação e desaprovação praticamente consolidados. Ao mesmo tempo, cresce a percepção de que Bolsonaro teve papel central na tentativa de ruptura institucional, embora boa parte dos brasileiros considere a pena imposta a ele excessiva.
O debate sobre a anistia, por sua vez, mostra que a sociedade continua rachada em relação à forma de lidar com os episódios que marcaram a crise democrática mais recente do país.