Quer ser feliz: (não) siga estes passos!
Elias Silva
Publicado em 4 de abril de 2023 às 11:29 | Atualizado há 2 anos
A receita para
ser feliz é facilmente encontrada nos dias atuais – ao menos tal promessa há em
muitos comerciais, estratégias de marketing, livros, palestras e cursos. Alguns
minutos nas redes sociais já mostra como hoje se faz “necessário” ser feliz. Já
ouviu falar em um imperativo de felicidade? Vamos falar sobre isto um pouco.
O
“imperativo de felicidade” é um conceito utilizado para descrever a
pressão social que muitas pessoas sentem para serem felizes o tempo todo. Na
sociedade atual, a felicidade é frequentemente vista como um valor supremo, e
as pessoas são encorajadas a buscar a felicidade em todas as áreas de suas
vidas, desde o trabalho até os relacionamentos pessoais. E esta busca “neurótica
e compulsiva” não leva em conta o verdadeiro desejo de cada um, porque isto na
verdade não faz muita diferença. O importante é estar plenamente feliz!
Essa busca
pela felicidade pode ser vista como positiva, já que a felicidade pode trazer
muitos benefícios para a saúde mental e física das pessoas. No entanto, e aqui
está o centro da nossa reflexão: o “imperativo de felicidade” pode
também ser problemático, pois as pessoas se sentirão pressionadas a serem
felizes o tempo todo, e a todo custo. Veja por alguns segundos as redes sociais
e veja o que lhe é apresentado lá como alguém feliz, família feliz, vida
realizada – há uma espécie de massificação arbitrária da felicidade.
Contudo, a
constatação é que este imperativo de felicidade favorece algo exatamente
oposto: pois fazem muitas pessoas se sentirem culpadas ou inadequadas quando
não estão felizes, o que pode agravar problemas de saúde mental, como ansiedade
e depressão. Além disso, a busca pela felicidade a todo custo, pode levar as
pessoas a adotarem comportamentos autodestrutivos, como o uso de drogas ou
álcool, na tentativa de alcançar a felicidade imediatamente. E aqui não podemos
esquecer do que a felicidade representa pelo consumismo desenfreado e irresponsável.
É fácil encontrarmos as frases de efeito: “adquira agora e seja feliz”; “seu
caminho da felicidade”; “você é capaz de ser feliz – escolha isto e verá” e “aqui
você é feliz”.
Então vamos ver o que Sigmund
Freud, o pai da psicanálise nos fala sobre a felicidade: “A felicidade é um
problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por
si, tornar-se feliz”. Ou seja, não há a possibilidade de indicar passos para
ser feliz, um faça isto e será feliz ou algo parecido, pois é algo individual e
necessita naturalmente passar pelo crivo da subjetividade. Daqui podemos pensar
e constatar que deve ser este um dos motivos que, quanto mais se compra, se finge
e tenta se igualar em um contexto de felicidade plena, temos mais pessoas
infelizes e sem esperança.
E na sua vida, a
felicidade tem se tornado um imperativo, a qualquer custo, o que faz esquecer
que há também lutas, dores e angústias? Já se viu tentando cumprir missões e tarefas
de “gurus da felicidade” para se alcançar o patamar de felicidade que ele “mostra
em suas redes”?
Enfim, se possibilite
ser gente, e isto te colocará diante das realidades humanas: do limite, da dor,
mas também da felicidade e do prazer – isto ao seu modo, e respeitando as suas demandas
e limites.
E ainda, tem buscado
uma felicidade imperiosa e que te aprisiona e te lança no abismo da
impossibilidade? Aguardo sua resposta lá no divã do meu Instagram @eliassilva.psi @eliassilva.psi