Tecnologia inédita promete blindar abastecimentos contra golpes de combustíveis
Léo Carvalho
Publicado em 4 de setembro de 2025 às 10:07 | Atualizado há 3 horas
Uma tecnologia inédita promete colocar fim a um dos golpes mais antigos e lucrativos nos postos de combustíveis brasileiros, conhecida como “bomba baixa”, fraude em que motoristas pagam por litros de gasolina, etanol ou diesel que nunca chegam ao tanque. O novo modelo de bomba medidora, desenvolvido no Brasil com base em criptografia, será obrigatório em todos os estabelecimentos do país a partir de 2029.
O anúncio foi feito após operações da Polícia Civil (PC) e do Ministério Público revelarem que quadrilhas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) exploravam a prática em postos de combustíveis, manipulando os sistemas eletrônicos para lucrar ilegalmente e dificultar a fiscalização.
Segundo especialistas, a inovação é considerada à prova de adulterações. “Cada abastecimento gera uma assinatura digital inviolável, que não pode ser falsificada nem apagada. Se houver tentativa de fraude, o equipamento trava e emite alerta”, explicou um técnico ligado ao Inmetro, responsável pela certificação.
Além da assinatura digital, o sistema terá memória inviolável e será monitorado remotamente, permitindo que órgãos fiscalizadores identifiquem irregularidades em tempo real. Para os motoristas, a expectativa é de maior transparência e segurança no momento do abastecimento.
Quem abastece
Segundo Matheus dos Reis, de 38 anos, motorista de aplicativo, a medida trará mais confiança e transparência. “Se o crime tem suas artimanhas, a polícia e a inteligência do Brasil têm que correr por fora para combater esse tipo de crime. Quando eu abasteço sempre fico na dúvida se realmente estou pagando pelo quantitativo de combustível colocado no meu veículo,” afirmou.
A adoção da nova bomba de combustível não representa apenas uma atualização tecnológica, mas uma ruptura com práticas que durante décadas fragilizaram a confiança no setor. Até hoje, muitos motoristas encaram o abastecimento como um ato de incerteza, a dúvida sobre se o que aparece no visor corresponde de fato ao que entra no tanque sempre esteve presente.
Agora, essa lógica deve mudar. A criptografia aplicada ao processo de medição transforma cada litro em uma espécie de “contrato eletrônico” entre posto e consumidor. Não há espaço para alterações, desvios ou manipulações invisíveis. O dado registrado é definitivo e pode ser auditado a qualquer momento por órgãos fiscalizadores, criando uma camada extra de proteção.
Período de implantação
A fase de adaptação começa já em 2025, com instalação gradual em novos postos ou substituições voluntárias. No entanto, só a partir de 2029 o uso será compulsório, sob pena de multas e até fechamento do estabelecimento que não se adequar.
A medida é vista como um avanço para restaurar a confiança do consumidor em um setor frequentemente alvo de denúncias. Para especialistas, trata-se de uma inovação comparável à transição do dinheiro em espécie para as operações bancárias digitais, uma vez implementada, dificilmente haverá retrocesso.
A expectativa é que o impacto vá além da segurança no abastecimento, fortalecendo a imagem do setor e reduzindo a influência de organizações criminosas que exploravam brechas nas bombas tradicionais.