Universitária é acusada de ser serial killer e matar quatro pessoas por envenenamento em SP
DM Redação
Publicado em 13 de outubro de 2025 às 13:03 | Atualizado há 2 horas
A estudante de Direito Ana Paula Veloso Fernandes, de 35 anos, foi presa em julho acusada de matar quatro pessoas por envenenamento em um período de cinco meses. De acordo com as investigações da Polícia Civil de São Paulo, ela teria cometido os crimes com a ajuda da irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso Fernandes, e de Michelle Paiva da Silva, filha de uma das vítimas. As três mulheres estão presas e são apontadas pelo Ministério Público como responsáveis por uma série de homicídios cometidos entre janeiro e maio de 2025, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A polícia afirma que Ana Paula usava veneno para eliminar pessoas com as quais tinha algum tipo de relação afetiva ou financeira. O padrão se repetia: a estudante se aproximava das vítimas, oferecia alimentos ou bebidas contaminadas e, após a morte, demonstrava interesse por bens ou dinheiro. Segundo o inquérito, o objetivo era se apropriar de valores, pertences e imóveis. Exames realizados pela Polícia Técnico-Científica apontaram sinais de intoxicação e edema nos pulmões das vítimas, típicos de envenenamento. A principal suspeita é o uso de “chumbinho”, substância tóxica usada como raticida.
A primeira morte atribuída à universitária foi a de Marcelo Hari Fonseca, de 51 anos, dono de um imóvel em Guarulhos onde Ana Paula e a irmã moravam de aluguel. O corpo dele foi encontrado em casa, em avançado estado de decomposição, no dia 31 de janeiro. Inicialmente o caso foi tratado como morte natural e arquivado em maio, mas a investigação foi reaberta após novos indícios apontarem para envenenamento. O Ministério Público denunciou as irmãs pela morte do locador.
Em 11 de abril, Ana Paula teria feito a segunda vítima, Maria Aparecida Rodrigues, uma mulher que conheceu em um aplicativo de relacionamentos e com quem mantinha amizade virtual. De acordo com a denúncia, a estudante ofereceu café e bolo à vítima em sua casa. Pouco depois, Maria passou mal e morreu. A filha relatou à polícia que Ana Paula usou nome falso e, após a morte, foi até a residência alegando ter deixado roupas no local. Ela não compareceu ao velório nem ao enterro.
Menos de três semanas depois, em 26 de abril, a universitária viajou a Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde teria matado o aposentado Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, pai de uma ex-colega de faculdade. Segundo a investigação, a própria filha de Neil, Michelle Paiva da Silva, teria encomendado o crime e pago R$ 4 mil para que Ana Paula e Roberta envenenassem o idoso. A vítima morreu após comer uma feijoada levada pelas suspeitas. Trocas de mensagens entre as irmãs mostram que elas usavam o código “TCC” uma falsa referência a “Trabalho de Conclusão de Curso” para se referir ao pagamento combinado. De acordo com o Ministério Público, Michelle e o pai tinham um relacionamento conturbado e desavenças financeiras.
A quarta morte ocorreu em 23 de maio, em São Paulo, e vitimou o tunisiano Hayder Mhazres, de 21 anos, namorado de Ana Paula. Segundo a Promotoria, ele passou mal e morreu após se encontrar com a estudante em seu apartamento. O corpo foi enviado à Tunísia e não chegou a ser exumado, mas para a polícia o padrão de sintomas indica que Hayder também foi envenenado. Familiares relataram que Ana Paula afirmava estar grávida do rapaz e chegou a procurar a família pedindo dinheiro, mas a investigação comprovou que a gravidez era uma farsa.
Depoimentos de ex-colegas de faculdade reforçam o perfil manipulador da acusada. Testemunhas afirmaram que Ana Paula já havia tentado envenenar colegas com um bolo durante o curso de Direito. Em outro trecho da investigação, a polícia aponta que ela realizou testes de toxicidade com animais, matando ao menos dez cães antes de cometer os homicídios. Esses elementos levaram os investigadores a classificá-la como uma possível serial killer.
O Ministério Público denunciou Ana Paula pelos quatro homicídios qualificados, com agravantes de motivo torpe e meio cruel. Roberta deve ser acusada por participação em todos os crimes, e Michelle responde pela morte do próprio pai. As três permanecem presas, e a Justiça ainda aguarda o resultado final dos laudos toxicológicos para confirmar a substância utilizada. A Polícia Civil não descarta a existência de outras vítimas e segue apurando a possibilidade de novos casos com o mesmo padrão de envenenamento.