Virgínia Fonseca, Deolane e outros 14 influenciadores são indiciados pela CPI das Bets
Redação Diário da Manhã
Publicado em 11 de junho de 2025 às 11:28 | Atualizado há 9 minutos
Thaísa Oliveira – Folha Press
A relatora da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Bets, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), sugeriu nesta terça-feira (10) o indiciamento das influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, além de outras 14 pessoas, incluindo empresários e representantes das casas de apostas.
O relatório final de Soraya ainda precisa ser votado e aprovado pela CPI. O documento, obrigatório em comissões parlamentares de inquérito, pode apenas sugerir indiciamentos a autoridades responsáveis, como o Ministério Público Federal.
Soraya propõe que Virgínia seja indiciada pelos crimes de publicidade enganosa e estelionato. A senadora afirma que a influencer admitiu, durante o depoimento, fazer as apostas em uma conta de demonstração configurada pela bet a chamada “conta demo”, no jargão publicitário.
“Ao induzir em erro seus milhões de seguidores que acreditaram que suas ‘apostas’ eram reais, e obter vantagem indevida em razão das apostas realizadas por parte desses seguidores, que renderam milhões a ela e às Bets que representou, há indícios de que Virgínia tenha cometido o crime de estelionato”, diz Soraya.
O relatório final também apresenta 18 projetos de lei e 21 medidas para “conter o avanço descontrolado das apostas online no Brasil e minimizar os danos aos apostadores”, segundo Soraya, como a criação de um cadastro nacional.
Viral na Internet com o depoimento midiático de Virgínia, a CPI foi alvo de desinteresse no Senado desde a instalação, em novembro do ano passado, e enfrentou dificuldades para ouvir testemunhas.
A CPI foi prorrogada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em 30 de abril por mais 45 dias, prazo bem menor que o defendido pela relatora, que insistia em levar a comissão até o fim do ano, com mais 130 dias.
Ao ser instalada, no final de 2024, a CPI das Bets dividiu atenções com a CPI das Apostas Esportivas, capitaneada pelo senador e ex-jogador da Seleção Romário (PL-RJ) e pelo senador e apresentador Jorge Kajuru (PSB-GO) para apurar a manipulação em partidas de futebol.
Uma investigação da Polícia Federal sobre supostos pedidos de propina feitos por um lobista a empresários do setor de apostas na mira da CPI das Bets ajudou a pavimentar o esvaziamento da comissão até hoje, com um titular a menos.
Integrante da CPI, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), viajou para a Europa no mês passado em um jatinho particular do empresário piauiense Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG, dono de uma empresa que disponibiliza o “jogo do tigrinho”. Procurados pela reportagem, senador e empresário não se manifestaram.