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Entregadores do iFood querem criar cooperativa para trabalhar sob autogestão

Ocorreu no último sábado (25), a segunda paralisação nacional do Breque dos Apps, onde os entregadores de aplicativos se mobilizaram para pressionar as grandes empresas de delivery a aumentar o custo das corridas e melhorar suas condições de trabalho.

As reivindicações se devem a queda nos rendimentos e também pelo aumento dos riscos com a pandemia de Covid-19. As ações visam pressionar grandes empresas como iFood, Uber Eats e Rappi e aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Vitória, Porto Alegre e Rio Branco.

Entretanto para os entregadores as grandes empresas melhorarem alguns aspectos não resolve o problema. “Os donos de aplicativos querem encher o bolso de dinheiro, não querem de fato melhoria do trabalho do entregador", apontou a entregadora Eduarda Alberto do Rio de Janeiro.

Para resolver a questão os entregadores tiveram a ideia de criar uma cooperativa para se autogerirem, com um aplicativo próprio de entrega. “A única possibilidade de melhora mesmo é com autogestão", afirma Eduarda Alberto.

Investimento

No entanto, para desenvolver o aplicativo do gênero e concorrer com as empresas de entregas já existentes é necessário um investimento de cerca de R$ 500 mil, de acordo com consultores da BBC News Brasil apenas para o desenvolvimento inicial.

A inspiração para o projeto é de cooperativas similares que já existem no exterior, como a Mensakas, criada em Barcelona no ano de 2017. No entanto, enquanto o aplicativo não é desenvolvido, Eduarda Alberto criou com mais seis colegas o coletivo de entregas 'Despatronados'. Eles esperam ter uma rede de entregadores e clientes no Rio de Janeiro quando a cooperativa se tornar realidade.

Apoiadores

Os Entregadores Antifascistas têm apoio voluntário de advogados, economistas, programadores e estudiosos do cooperativismo de plataforma. "A tecnologia não é neutra. As plataformas, do modo como são construídas, têm uma gestão algorítmica que acaba beneficiando as empresas", afirma um dos apoiadores do movimento, Rafael Grohmann.

Outra parceria é a CoopCycle, com sede na França, a federação reúne 30 cooperativas do tipo e permite o compartilhamento de serviços - mesmo em diferentes cidades, como uso de um software e aplicativo comuns, para minimizar os custos. Os apoiadores do movimento já realizaram a tradução do aplicativo da CoopCycle para o português e agora pretendem adaptar a plataforma para operar no Brasil.

Para Rafael Zanatta, doutorando do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo e cooperador do projeto é preciso que os entregadores busquem nichos com empresas e consumidores preocupados com um consumo consciente. “Isso pode provocar algumas decisões internas de melhorias”.

"O cooperativismo de plataforma não elimina a big tech (grande empresa de tecnologia), assim como hoje o associativismo (de pequenos agricultores) não elimina a big food (redes de supermercado). Mas acho que são campos de resistência, de tornar os mercados mais plurais, e de dar alternativa para o cidadão escolher", argumenta.

As empresas

Em resposta às críticas, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), representante das empresas Uber Eats e iFood, se manifestou por meio de nota sobre as mobilizações do sábado (25), ressaltando que setor é um importante gerador de renda durante a pandemia e que as empresas desenvolveram diversas ações de apoio aos entregadores parceiros.

"Diante de um cenário econômico como o da pandemia da Covid-19, a flexibilidade dos aplicativos foi essencial para que centenas de milhares de pessoas, entre entregadores, restaurantes, comerciantes e micro empresas, tivessem uma alternativa para gerar renda e apoiar o sustento de suas famílias", defendeu a Associação.

*Com informações do Metrópoles.

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