Dificilmente exista ainda uma área que não tenha sido afetada pela tecnologia. A economia, claro, não ficou e nem ficaria de fora desse processo. Há cerca de 13 anos, uma moeda completamente digital, descentralizada de bancos e que pode ser usada em todo mundo tornou-se realidade: a criptomoeda.
Seus desafios são muitos: ainda são desconhecidos do grande público, é uma moeda volátil e, atualmente, enfrenta certa baixa no mercado. Porém, este tipo de investimento tem se tornado cada dia mais comentado. Investidores, bancos, empresas estão se interessando pelas moedas digitais e mudando a forma de encarar e lidar com o dinheiro.
De acordo com um relatório anual do CoinTrader Monitor, em 2021 houve um crescimento de 417% no volume de negociações de criptomoedas no país em relação ao ano anterior. E as perspectivas são as melhores: segundo estudo feito pela Sherlock Communications na América Latina, mais de 25% dos entrevistados brasileiros disseram que esperam investir em criptomoedas ainda neste ano.
A chegada do metaverso, o interesse dos mais jovens em uma moeda descentralizada, a criação de leis regulamentam o interesse de corretoras e o aparecimento de muitas plataformas tem garantido o crescimento deste mercado.
Do que se trata, afinal?
O marco para o nascimento das criptomoedas foi a criação do Bitcoin (BTC), uma forma de dinheiro eletrônico "peer-to-peer" (ponto a ponto). Uma de suas principais características é que pode ser transferida sem o intermédio de instituições financeiras.
A cripto não existe fisicamente. Logo, não podem ser impressas. São, na real, códigos de computador criados por um software que possibilita as transações digitais. Isso é possível através de uma tecnologia chamada blockchain.
Tal tecnologia, de acordo com o pesquisador Pedro Henrique Gonçalves, funciona como se fosse um livro branco público que registra transações e é imutável por conta do sistema de criptografia.
“O blockchain é uma tecnologia bem confiável, não apenas na área das criptomoedas, mas para fazer transações seguras. Já a chamada mineração é um dos seus validadores. São as pessoas que participam da rede, através de uma espécie de empréstimo do seu poder computacional para validar as transações através de cálculos”, explica o pesquisador de tecnologias inovadoras, Pedro Henrique Gonçalves.
As moedas
Toda essa tecnologia foi criada pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto, que criou a moeda mais conhecida até hoje, é o bitcoin, em 2008. Nesta mesma época, ele estabeleceu que haveria no máximo 21 milhões de bitcoins em circulação. Estima-se que a última moeda será minerada no ano de 2140.
O criador das moedas digitais é ainda cercado por mistérios. Satoshi Nakamoto, por exemplo, é um pseudônimo. Não é sabido se o nome criado diz respeito a um grupo de pessoas, apenas uma e nem qual a nacionalidade do(s) criador (es).
Mas o que interessa é que a ousadia do criador misterioso, abriu espaço para o cripto mercado, que hoje conta com diversas outras criptomoedas como: ether, dogecoin, litecoin, entre outras (veja box).
Diversas marcas e bancos tradicionais também estão investindo buscando soluções voltadas ao investimento em ativos digitais. O Nubank, disponibiliza para os clientes a opção de investir em criptomoedas e lançou um app para comprar e vender Bitcoin e Ethereum. As aplicações podem ser feitas a partir de R$ 1.
Nesta semana também, o Mercado Livre lançou a sua própria criptomoeda. O cliente compra e recebe uma quantidade de criptomoeda, a Mercado Coin, que dará desconto nas próximas compras na plataforma.
Além disso, bancos tradicionais como Itaú e Banco do Brasil, criaram aberturas para as criptomoedas.
Investidor

“Vejo cada vez esse mercado mais presente ativo e forte. Hoje você vai ao aeroporto e tem propagandas de investimento de criptomoedas, principalmente, em São Paulo”, explica o pesquisador de tecnologias inovadoras, Pedro Henrique Gonçalves.
Quando começou a estudar este universo em 2020, o que mais chamou sua atenção foi o fato de ser uma economia descentralizada. “Não precisa mais ter um centralizador das transações, como os bancos, e isso de ser validado pela própria rede dos usuários eu achei fantástico”, ressalta ele, que decidiu investir neste mercado.
Mas, ao estudar os projetos de cripto, notou que muitos são fraudes, outros são sérios. “Há empresas que tem como objetivos reais desenvolver tecnologia. Eu pesquisei muito e invisto na Cardano, que tenta democratizar o acesso a crypton economia, inclusive, em países como a África, que possui poucos bancos. As pessoas devem se atentar em não cair em propostas tentadoras e pesquisar bastante”, explica.
Dá lucro?
Sobre a lucratividade do negócio, ele conta que já teve perdas e ganhos. “Eu já tive um lucro no início, mas peguei o mercado em baixa por causa da pandemia e depois ele subiu e este ano voltou a cair com a inflação, guerra, desemprego”, explica ele.
Para o economista, Aurélio Troncoso, o futuro tem como tendência inescapável ter bancos e moedas cada vez mais digitais. No entanto, apesar de estarem no mercado há algum tempo – no caso do bitcoin–, ele vê a criptomoeda, como modelo arriscado de investimento atualmente
Para o economista, a volatilidade das criptomoedas – que ora podem estar valorizadas, ora não – e a falta de normatização são algumas das problemáticas deste mercado.
“A falta de normatização pode facilitar, por exemplo, a lavagem de dinheiro e ajudar a burlar os órgãos de fiscalização. Atualmente, a Receita Federal até pergunta se a pessoa tem investimentos nesse sentido”, diz ele, ressaltando também o perigo do dinheiro estar protegido pelo código. “Caso perda esse acesso, você não tem mais nada”, adverte.
Regulamentação
Vale lembrar, que atualmente existe um Projeto de Lei (PL), que pretende regulamentar o mercado das criptomoedas. A proposta foi aprovada pelo Senado em abril e agora aguarda análise da Câmara dos Deputados.
O PL pretende estabelecer regras para nortear a comercialização de cripto ativos no Brasil, além de regras para proteção e defesa do consumidor, combate a crimes financeiros e transparência das operações.
Artista goiano ganha o mundo com NFTs

O mundo das criptomoedas também revolucionou a arte. Um artista goiano está conseguindo mostrar e vender sua arte para diversos lugares do globo através dos recursos digitais. O seu nome é Samuel Caixeta – que é filho do também artista plástico Cláudio Caixeta.
Ele começou a pesquisar o mercado das criptomoedas em 2014, no entanto, foi em 2020 que começou a pensar neste meio para comercializar o seu trabalho. Ele produz a sua obra normalmente e o trabalho digitalizado e certificado por uma equipe é comercializado através de criptomoedas para qualquer lugar do mundo.
“Vejo esse processo como uma descentralização de poder dentro da arte. O artista pode ter sua liberdade de vender para qualquer lugar do mundo, não depende de uma galeria, não depende de uma arte física”, diz.
Através dos chamados NFTs (Tokens não fungíveis), ele consegue certificar que a obra foi feita por ele e comercializar sem riscos de falsificações. “Uma pessoa do Oriente Médio, que deseja uma obra minha, pode evitar todo custo e tempo de transporte e investimento seguro de obra, se comprar a obra em NFT, em que tudo acontece na mesma hora”, explica.
As obras em NFTs também têm sido uma forma de investimento. “Quem coleciona está acompanhando a valorização dos projetos relevantes que o artista está fazendo, se ele não relevante, não adianta comprar que não vai valorizar. Mas tem quem compra sem pensar no mercado também”, explica o artista que já expôs seu trabalho em diversos lugares do mundo, como no Egito e nos Estados Unidos.
As criptomoedas mais conhecidas:
Fonte: blog.xpeducacao
Bitcoin - A primeira e mais negociada no mundo, possui alta volatilidade e valor determinado pelo mercado
Bitcoin Cash (BCH) - é uma nova versão do Bitcoin original. Foi desenvolvida numa tentativa de aperfeiçoar a primeira moeda, que conta com taxas consideradas elevadas e demanda um tempo grande de processamento de cada operação.
Ethereum - É a segunda maior criptomoeda, com capitalização superior a US$ 250 bilhões. Um ETH hoje é vendido por cerca de US$ 2 mil. Diferentemente do Bitcoin, o ETH foi desenvolvido com o intuito de servir como um ativo do mercado financeiro.
Binance Coin - Foi criado pela Binance Exchange, que é uma empresa que atua como bolsa de câmbio de moedas virtuais. Inicialmente operava com o mesmo código do Ethereum. Depois de um tempo ele foi desvinculado e hoje tem capitalização de mais de US$ 77,5 bilhões.
Tether - A Tether é uma stable coin. Criada em 2014, essa criptomoeda é lastreada na moeda física como forma de garantir maior estabilidade. Cada Tether equivale a um dólar.
Cardano - foi lançada no mercado em 2017 por Charles Hoskinson, co-fundador da Ethereum. De acordo com seus desenvolvedores, teve como base pesquisas científicas e evidências empíricas. Seu sistema de blockchain é considerado mais robusto que o de outras criptomoedas, como o BTC e o ETH.