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DiA DAS MULHERES

Elas mandam bem

Com empatia, ampla visão, entre outras qualidades, mulheres empresárias constroem grandes marcas em Goiás. Mas ainda são minoria no mercado

Muitos podem dizer que resultados de empresas não envolvem questões de gêneros. Mas a julgar pelos cases de sucesso no mundo empresarial, o pequeno índice de mulheres que ocupam cargos de direção em empresas não condiz com a grande competência delas para gerir. Segundo pesquisa realizada pela Grant Thornton e divulgada ano passado, as mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil. Por outro lado, o Estudo de Mulheres CEOs, da consultoria Hay Group, em que foram entrevistadas dez líderes no Brasil, apontou que a mulher é mais colaborativa e consegue engajar as pessoas.

“A capacidade de liderança, tomada de decisão e administrar várias coisas ao mesmo tempo contribui para uma gerir de forma fluida, ‘jeitosa’, cuidadosa e que consegue integrar as pessoas, desenvolver, contribuir para com a organização de processos e rotinas”, argumenta a consultora de Gestão de Pessoas na A3 Consultoria empresa de gestão de pessoas, Priscila Lacerda.

No cotidiano como consultora, Priscila observa que nos últimos cinco anos houve um crescimento da presença de mulheres em cargos de alta liderança, mas ressalta que aumentar esse número ainda é um desafio. “As mulheres estão mais presentes nas áreas de diretoria executiva, administrativa, financeira, de operações, de marketing e de recursos humanos”, pontua.

Casos reais

A empresária Hosana Loiola, que gere um grupo de quatro empresas (duas em Goiânia, duas em Aparecida de Goiânia e em uma Brasília) é um exemplo de mulher na liderança de sucesso em uma área com pouca presença feminina: está à frente de uma marca pioneira na distribuição de aço inoxidável a, IONIX Confiança em Aço.

Mas teve de se reerguer diante de dramas - perigosamente - comuns às mulheres. Após ter se casado aos 16 anos e sofrido com relacionamento abusivo aos 26 anos, se viu sozinha com dois filhos e morando no fundo da casa da mãe. Mas conseguiu se reinventar. Cursou economia e abriu um pequeno escritório. “Chegava a dormir três horas por dia. Mas sempre fui resiliente e busquei trazer inovações, busquei consultoria e ferramentas que me ajudassem”, recorda.

Atualmente, sua rotina é negociar com outras empresas de grande porte. No entanto, revela que no decorrer da trajetória conviveu sempre com o sentimento de que precisava provar sempre mais do que os homens. Por outro lado, acredita que as habilidades femininas foram fortes aliadas ao sucesso.

“Neste universo temos que dosar entre ser forte e resiliente mas também sensível e, ser mulher me ajudou, pois, acho que olhamos as coisas de forma mais ampla. Temos que comprar, entregar, receber, tirar a nota, ser simpática e sempre fazer a unha. E conseguimos fazer tudo”, diz aos risos.

Embora não tenha passado por tantas adversidades como Hosana, a sócia fundadora do Grupo Sallo, Maria Fernanda Matos, também estudou e se especializou para criar a importante marca de confecção.

Mas apesar de atuar no ramo de roupas, é clichê imaginar que ela se envolveu na moda. O que não aconteceu. “Desde o começo, estou na área administrativa e financeira. Mas nunca sofri nenhum problema por estar nessa área e ser mulher”

Ela acredita que a feminilidade ajuda a exercer mais uma função importante na empresa. “Nós mulheres temos uma forma diferente de olhar o outro. É uma forma mais carinhosa e atenta com a qual conseguimos extrair mais das pessoas, mas não em um sentido negativo. Hoje, uma das minhas funções principais no grupo é intermediar, saber lidar com as pessoas de formas diferentes. Sei me colocar no lugar dele. Estamos vendo mulheres crescendo por isso, por essa diferenciação no tratamento e nas formas de gestão”.

Avanços e desafios

Em relação ao fato das mulheres estarem em ascensão como gestoras, no universo do empreendedorismo há uma pesquisa animadora. Um estudo divulgado nesta terça-feira (7), apontou que a participação feminina à frente dos CNPJs goianos é de 42%. Se comparada à década de 1980, em que somente 21% das empresas goianas eram criadas por mulheres, há o que celebrar.

Essa pesquisa, intitulada “Perfil da Mulher Empreendedora Goiana: o Empreendedorismo por Mulheres e seus Desafios", foi realizada pelo Sebrae Goiás em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG). “Vemos esse avanço como uma evolução grande. Temos um caminho para chegar mais próximo dos 50%, mas esse percentual está melhor em relação a um passado recente ", diz, ressaltando que o Sebrae possui o programa chamado Delas, que é voltado para mulheres que querem ser empreendedoras.

61% das mulheres empregadoras são brancas

Mas além das evoluções, a pesquisa do Sebrae “Perfil da Mulher Empreendedora Goiana: o Empreendedorismo por Mulheres e seus Desafios", apontou também outros contrastes da sociedade. mostrou que 61% das mulheres empregadoras são brancas e 48% das mulheres trabalhadoras por conta própria são pardas. Ou seja, as mulheres negras estão ainda mais atrasadas nesse processo.

Entre as mulheres negras que resistem e criaram novas possibilidades e espaços está a estilista Mileide Lopes que é criadora da marca de roupas e acessórios Kazulo e Novelo. A empresa, que tem como um dos pilares a sustentabilidade, já foi premiada e participou do São Paulo Fashion Week.

Mileide conta que começou desde o ensino médio a vender roupas e acessórios como uma forma de ajudar em casa e manter os estudos. Quando tinha 18 anos, criou a Kazulo e começou a desenvolver soluções para se lançar no mercado. Desde então tem trilhado um caminho interessante na moda como também no apoio às outras mulheres.

Ela participa da chamada Coletiva Preta, que está à caminho para se transformar em associação. “A Coletiva Preta é voltada às mulheres negras e originárias empreendedoras. Organizamos feiras para elas comercializarem seus trabalhos. Ainda estamos em uma cidade racista e atrasada. Sempre buscamos trazer inovações e buscar mercado para tentar sobreviver”

índice de empreendedoras em Goiás

35% Do total de empreendedores em Goiás são mulheres, sendo 30% de trabalhadoras por conta própria e 5% de empregadoras

61% Das mulheres empregadoras são brancas

48% Das mulheres trabalhadoras por conta própria são pardas

43 anos É a média de idade entre as empregadoras 41 anos entre as trabalhadoras por conta própria

51% Das empregadoras possuem ensino superior incompleto ou completo

44% Das trabalhadoras por conta própria possuem ensino médio incompleto ou completo

R$ 2.263 Foi a renda média da empreendedora goiana, enquanto os homens empreendedores possuem renda média de R$2.943 (30% mais alta que a renda média das mulheres)

Fonte Sebrae Go

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