
Goiânia completa 89 anos nesta segunda-feira, 24, e mostra que, apesar de nova, uma cidade pode se desenvolver de acordo com seu rápido crescimento. Projetada para 50 mil habitantes, a metrópole hoje é a casa de mais de 1,5 milhão de pessoas, sendo a décima maior cidade no país em população, à frente de Belém e Porto Alegre. Devido a esse crescimento acelerado ao longo dos anos, Goiânia começou a crescer para cima e se tornou uma das cidades mais verticalizadas do país, e hoje apresenta um horizonte de perder a vista.
A cidade apresenta uma verticalização maior que a de Campo Grande, Cuiabá e Brasília, isso devido a varios fatores que contribuem para que a capital do cerrado A cidade apresenta uma verticalização maior que a de Campo Grande, Cuiabá e Brasília, isso devido a varios fatores que contribuem para que a capital do cerrado se torne, talvez, a "São Paulo do Centro-Oeste".
A verticalização, como na maioria das cidades, começou na região central e, anos depois, o Setor Oeste começou a abrigar os edifícios, hoje o bairro é praticamente todo verticalizado, o que levou o processo aos vizinhos Bueno e Marista e também muito além deles. O arquiteto e urbanista Andrey Machado explica o "boom" que ocorre nestes setores e o processo disso.
"Essa quantidade de empreendimentos que acontece em bairros nobres, como Oeste, Bueno, Marista, Jardim Goiás, é a resposta do que temos da Lei de Zoneamento do Plano Diretor antigo que foi alterado agora, que fazia com que algumas áreas em Goiânia tivessem um potencial construtivo alavancado e se pudesse permitir a verticalização", explica.
Ele comenta sobre os fatores que levaram a este processo, como a condição de mercado que vê nesses bairros pontas nobres, onde entende-se que a questão da oferta deve ser maior.
"E para poder ter uma oferta maior, só um modelo de verticalização que se pode propor para que a gente consiga ter essa quantidade de unidades imobiliárias", explica. "Esses bairros são considerados centralidades, são próximos de áreas de interesse comercial, já têm uma boa oferta de serviço, um sistema viário razoavelmente bem resolvido, mobilidade também por causa das principais avenidas", comenta.
Ao sair da zona do centro espandido, percebe-se que a cidade cresceu para cima em outros bairros, a exemplo do Parque Amazônia e Eldorado.
"Foram criadas novas centralidades, como por exemplo a região do Eldorado, que foi projetado pela Construtora Tropical há mais de 20 anos, com a chegada do Condomínio Granville. Não havia lotes residenciais unifamiliares, já foi um bairro pensado para verticalização" afirma.
Já em relação a outros bairros, a criação dos parques, como o Cascavel, o projeto de urbanização do Macambira-Anicuns e planos urbanos feitos pelo poder público fizeram que fossem criadas estas novas centralidades, como afirma o urbanista.
"O Parque Cascavel fez com que houvesse uma qualidade de vida melhorada, e com isso os empreendedores e o próprio poder público viram a possibilidade da criação dessas novas centralidades, então quando se junta interesse público em ver a questão da criação desses novos polos para verticalização e o entedimento do empresário que esses bairros já estão aptos a poder ter esse tipo de empreendimento, começa a surgir essa condição dessas novas centralidades", diz.
Andrey avalia um futuro promissor para a capital, pois, segundo ele, já existe um interesse de que Goiânia se torne, em médio prazo, um polo exportador de tecnologia. Se bem resolvida, a mobilidade do eixo Leste-Oeste e do Norte-Sul, com as novas linhas de ônibus que ligam a região metropolitana à região norte da capital, pode-se haver uma modernização da questão dessa mobilidade.
"Com criação de parques, que são muito interessantes com essa questão pós-pandêmica, com o encontro das pessoas mais ao ar livre, então esse entendimento ajuda bastante. Não só os parques mais próximos e conhecidos, mas também os mais distantes, como o próprio horto florestal, a criação do Parque Cascavel, a do maior parque linear das Américas (Macambira-Anicuns), com isso entende-se que temos uma relação de nova qualidade de vida com a inserção desses bairros na região adjascente desses parque. Entendo que teríamos uma cidae mais cosmopolita, e que se o poder público aplicar políticas públicas como a descentralização das áreas de interesse par ahabitação, entendemos que Goiânia pode chegar aos seus 100 anos como uma cidade mais bem resolvida", comenta.
NOVO COMPORTAMENTO GOIANIENSE
Com o crescimento da capital, o goianiense adotou novos hábitos de vida, como morar perto do trabalho e desviar de vias mais congestionadas, comum nas demais grandes cidades brasileiras.
"O goiano já tem um entendimento de lidar com as distâncias de uma maneira um pouco mais tranquila. Até alguns anos atrás, bairros mais distantes não recebiam grande valorização. Hoje, entendemos que isso não chega a ser um grande problema, porém a questão da mobilidade ainda é um problema e precisa ser resolvida, principalmente para as pessoas que não têm um poder aquisitivo melhor. Morar longe do trabalho, dos estudos e de onde se consome não é para todos", comenta, explicando o fator da desigualdade concomitante a mobilidade.
"Os condomínios fechados são fora do centro, porém a questão da mobilidade para estes moradores é mais bem resolvida, pois eles já têm a condição do próprio transporte. Na revisão do plano diretor aprovado recentemente, existe um plano de mobilidade sendo discutido muito interessante, que se for aplicado, ajudaria muito a mitigar a questão das distâncias", afirma.
mobilidade: um desafio antigo para goiânia
Para Andrey, Goiânia não atende às demandas da popoulação, pois, segundo ele, a cidade é um ser-vivo, visto que a cada momento que a população evolui, percebe-se que novas necessidades ainda não foram atendidas.
"Acredito que o grande problema de Goiânia seja a questão da mobilidade, de como vencer as maiores distâncias. Uma outra possibilidade que poderíamos ter é constinuar a criação do processo das novas centralidades, para que as pessoas que moram nos bairros não tenham a necessidade do deslocamento a grandes distâncias para trabalhar, consumir, estudar e busca por lazer. Isso deveria ser mais bem resolvido, ou seja, os bairros distantes serem bem atendidos de todos os equipamentos públicos necessários, além da identidade da mobilidade dentro da cidade", explica.
Ele comenta que a questão do transporte público deve prevalecer sobre o transporte individualizado, o que é um problema antigo e não bem aplicado. Segundo ele, a criação de novas centralidades ajudaria no quesito da dispersão da cidade e de sua inserção da área urbana já existente.
A CIDADE DE "15 MINUTOS"
O urbanista comenta sobre a cidade rápida, ou cidade de "15 minutos", que seja uma reposta interessante para os novos desafios para a cidade.
"A cidade de 15 minutos é aquela em que a pessoa tenha, em um raio próximo de seu ambiente de moradia, tudo aquilo que se precisa, então essa relação deveria ser mais bem pensada quanto da gestão do poder público quanto às questões urbanas mais importantes, Mobilidade precisa ser uma coisa mais importante, novos parques, a questão da melhor qualidade de vida", afirma.
Goiânia, com toda seu crescimento e ares de merópole - que de fato é, enfrenta, assim como outras cidades, desafios para o futuro e a população precisa desta atenção, portanto, é necessário que o município seja pensado de forma mais harmoniosa, de maneira que haja uma simbiose entre mobilidade, deslocamento, novas centralidades e mais igualdade, afinal, há muito o que se fazer.