Brasil

Babilônios usavam geometria para observar Júpiter

Diário da Manhã

Publicado em 29 de janeiro de 2016 às 01:45 | Atualizado há 9 anos

RIO – Um modo sofisticado de geometria — o ramo da matemática que lida com formas — já era usado 1.400 anos antes do que se pensava, de acordo com um estudo publicado esta semana na revista “Science”.

De acordo com os pesquisadores, os babilônios faziam cálculos geométricos em 350 a.C. para encontrar o planeta Júpiter no céu noturno.

Até agora, acreditava-se que esta técnica teria sido desenvolvida apenas no século XIV por acadêmicos em Oxford (Reino Unido) e Paris. Eles usavam curvas para rastrear a posição e a velocidade de objetos em movimento.

— Não esperava este resultado. Este método é fundamental para física e todos os ramos da ciência — revelou o autor do estudo, Mathieu Ossendrijver, da Universidade Humboldt de Berlim (Alemanha), em entrevista à BBC.

Os primeiros babilônios viveram uma região onde hoje estão o Iraque e a Síria. A civilização emergiu aproximadamente em 1.800 a.C.

Tábuas de argila gravadas com sistema de escrita cuneiforme já demonstraram o conhecimento avançado desta população sobre astronomia.

— Eles escreviam relatos sobre o que viam no céu. Esta prática foi mantida por séculos — contou Ossendrijver.

Em seu estudo, o cientista demonstra como a civilização babilônia também dominava informações complexas sobre matemática.

Ossendrijver examinou cinco tábuas da Babilônia escavadas no século XIX, agora no acervo no Museu Britânico. As peças revelam o uso de peças quadridimensionais, chamadas trapézios, para calcular quando Júpiter apareceria no céu noturno, e a velocidade e distância com que se deslocava.

— Esta figura, de um retângulo com um topo inclinado, decreve a velocidade de um planeta, no caso Júpiter, muda com o tempo — explicou. — Temos uma figura em que o eixo horizontal representa o tempo, e o vertical é correspondente à velocidade. A área do trapézio mostra a distância com que o planeta viaja ao redor de sua órbita.

Para ele, existem provas de que os gregos usavam uma forma “mais simples” para o estudo da geometria, detalhando as relações espaciais entre a Terra e os planetas, em vez de conceitos sobre o tempo e a velocidade.

Segundo Ossendrijver, ainda não é possível determinar se as habilidades geométricas dos babilônios eram comuns naquela civilização:

— A tábua pode ser obra de uma pessoa, um gênio, que concebeu um novo tipo de astronomia. Ou, então, um método amplamente usado por estudiosos. Não sabemos responder.

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