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Falso sequestro desvendado

Hélmiton Prateado Especial para Cidades

Agentes do serviço reservado da Polícia Militar de Goiás desvendaram um esquema em que bandidos aplicavam o golpe do falso sequestro em Goiás e prenderam um integrante do bando em Presidente Figueiredo, no Amazonas.

Os policiais lotados na segunda seção do Comando do Policiamento da Capital (CPC-2) conseguiram descobrir o grupo em um prazo recorde e prender em flagrante o indivíduo que ligava para as vítimas em Goiás e outras localidades praticando os crimes.

Com auxílio da Polícia Civil do Amazonas, sob a coordenação do delegado Valdinei Silva, os policiais prenderam, em flagrante, Alesson Soares Amazonas, em Presidente Figueiredo (AM), e o autuaram, em flagrante, pelo crime de estelionato. Junto com ele estava o telefone utilizado para aplicar os golpes e parte do dinheiro conseguido com a prática dos crimes. Alesson tem ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que domina vários presídios no Brasil.

O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, João Carlos Gorski, e o comandante do Policiamento da Capital, coronel Divino Alves de Oliveira, coordenaram a força-tarefa que desvendou a quadrilha e prendeu o criminoso em Presidente Figueiredo, cidade que fica a 120 quilômetros da capital, Manaus.

“Conseguimos desvendar que, somente em Goiás, ele aplicou mais de 20 golpes da mesma modalidade de falso sequestro nas últimas semanas”, contou um dos policiais que participou da investigação.

Os policias descobriram também ligação do bandido amazonense com criminosos presos na penitenciária de Bangu I, no Rio de Janeiro. Os agentes explicaram que essa tem sido uma modalidade bem utilizada pelos criminosos por ser de fácil aplicação, retorno financeiro relativamente rápido e com risco menor do que outras formas de prática de crimes, como assaltos, sequestros ou tráfico de drogas.

Alesson Soares Amazonas foi preso em casa e a polícia conseguiu imagens dele sacando o dinheiro na agência da Caixa Econômica Federal, onde ele preferencialmente usava para fazer as transações de suas investidas. Os policiais do CPC-2 conseguiram até mesmo a ficha completa do telefone que ele utilizava, com prefixo do Amazonas, mas cujo registro inicial é da cidade de Itabuna, na Bahia. A linha telefônica está em nome de Márcia Thais Cruz Santana, citada como esposa do criminoso preso. Esse foi o mesmo número que Alesson utilizava para aplicar o golpe e que foi triado até ser descoberto.

Ameaças

Uma das últimas vítimas de Alesson e de sua quadrilha foi o editor-geral do Diário da Manhã, jornalista Batista Custódio. Na última quinta-feira, Batista recebeu uma ligação logo no início da manhã em que o criminoso dizia estar de posse de um dos seus filhos e que se Batista não depositasse uma quantia com urgência na conta indicada por ele seu filho seria morto “em pedaços”.

Desesperado com a possibilidade de que as ameaças pudessem ser verdadeiras, o jornalista mandou que fosse feito o depósito na conta utilizada pela quadrilha para receber o produto do golpe. Os momentos em que Batista passou com Alesson ao telefone foram por demais angustiantes e desesperadores, diante da possibilidade de ter o filho em poder dos bandidos e sob risco iminente de morte. A todo instante, o bandido ordenava a ele para que não desligasse o telefone e não avisasse a polícia sob hipótese alguma, o que foi atendido.

Os bandidos são bem preparados para esse tipo de situação e se valem até mesmo de encenações para dar maior realismo ao caso. Ao fundo, um choro infantil parecendo com uma criança em desespero e vozes de outras pessoas dizendo para que ela se calasse ou iria morrer serviam para aumentar o pavor no pai que ouvia a tudo. A fragilidade e a sensação de impotência da vítima potencializam o efeito negativo do golpe aplicado.

EQUILÍBRIO

Batista conseguiu manter o equilíbrio necessário para mandar fazer o depósito e acalmar o criminoso. Passado o susto, o registro da ocorrência e a busca por informações trouxeram a calma ao pai aflito. Com a certeza de que o filho estava bem e a salvo, cresceu o desejo de punir os responsáveis pelo golpe.

Os agentes do CPC-2 deram uma aula de investigação rápida e precisa desmontando o esquema criminoso com produção de provas inquestionáveis e prendendo o bandido que aplicou o golpe ainda no Estado de flagrância, o que aumenta a possibilidade de ser mantido preso e ser condenado.

Os agentes da Polícia Militar, que cuidaram do caso, citaram que foram muitas outras vítimas em Goiás, que sofreram golpes da mesma quadrilha e frisaram a necessidade das vítimas terem um procedimento proativo nesses casos. Eles explicam que as vítimas não podem deixar o caso cair no esquecimento e devem registrar a ocorrência policial imediatamente para não deixar o crime triunfar.

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