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COTIDIANO

Essenciais na modernidade,garis continuam discriminados

Oníria Guimarães,Especial para Cidades

Profissão essencial da modernidade, o gari dá o exemplo que, muitas vezes, deixamos de praticar: não conseguimos imaginar nossas ruas sem esses trabalhadores. Algumas pessoas podem até ignorá-los, olhar de forma indiferente, como se estes não existissem ou não fossem necessários. Mas a sociedade depende de pessoas como Idelma Gomes Damásio, 54 anos, gari em Rio Verde: “Muitas pessoas, fecham as portas quando passamos e muitos nos negam até água quando pedimos”.

Aos 54 anos, ela trabalha no município há mais de sete anos e cumpre uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Idelma faz suas refeições nas ruas através de marmitex. O salário não é tão ruim, R$1.150,00 mensais, o que a ajuda nas despesas de casa.

Idelma se diz feliz com o trabalho, mas reclama da falta de colaboração por parte da população e do preconceito que ela e seus colegas sentem na pele. “Infelizmente, muita gente não colabora com o nosso trabalho, não varrem suas calçadas e continuam jogando lixo por todo lado, mas o pior de tudo em nossa profissão é o preconceito. Eu, assim como todos os meus colegas, somos bastante discriminados”, diz a trabalhadora

O gari faz parte de um grupo de pessoas que sofre a cada dia o preconceito. Nas ruas esses homens e mulheres enfrentam sol, chuva, poeira e em muitos casos o desprezo. As pessoas os ignoram, olham de forma indiferente, como se eles não existissem ou não fossem necessários.

Mas não conseguimos imaginar as ruas sem estes trabalhadores. Não poderíamos viver em meio ao lixo, à sujeira e a podridão dos detritos que são deixados em lixeiras todos os dias. Produzimos quantidade assustadora de rejeitos que acumulados por dois ou mais dias começam a cheirar mal, a causar mal estar em todos que estão por perto. Porém, surge diariamente em nossa porta, alguém, que de forma rápida e discreta, reúne todo o lixo das lixeiras, varre as ruas cobertas por entulhos e folhas secas. Essas pessoas são como anjos da limpeza e da organização urbana.

DISCRETOS

Eles são rápidos, ágeis e muito discretos. Muitos sequer erguem a cabeça, mas continuam sua batalha sofrida e incansável por milhares de ruas da cidade. São homens e mulheres, jovens e velhos que de forma incansável cumprem seu dever de trabalhadores, de pessoas responsáveis por fazer de nossa cidade, todos os dias, um lugar melhor, mais agradável e acolhedor.

As pessoas reclamam da falta de saúde, educação e da sujeira, quando não há quem corresponda a esse trabalho prestado pelo poder público. Os manifestos pela TV ou outros meios de comunicação são visíveis quando faltam garis nas ruas, mas a manifestação em agradecimento, em gratidão, pelo trabalho dessas pessoas, nunca vemos. Ao contrário, são ignorados quando estão trabalhando e criticados quando não estão nas ruas.

OPINIÃO

No dia 16 de maio foi celebrado o Dia do Gari. Em Rio Verde, quase ninguém menciona esse trabalhador ou dedica-lhe alguma homenagem. Não queremos que este mês passe em branco, sem nenhuma menção a esses valiosos trabalhadores. Ao contrário, queremos deixar nossa homenagem, carinho e respeito por todos eles. Esses amarelinhos ou verdinhos que rapidamente fazem o seu trabalho todos os dias com um largo sorriso no rosto e feliz por ter uma profissão, por prestar um serviço tão relevante a nossa sociedade.

A todos os garis, nosso abraço e o desejo de ver o seu salário melhor, sua valorização e respeito por parte da população rio-verdense, afinal, já ficamos sem vocês, já sofremos com o descaso de governantes que deixaram de pagar por esse trabalho primordial, quando o lixo se acumulou pelas ruas da cidade, quando precisamos pagar por fretes para transportá-lo de nossas residências e sofremos na pele o que é conviver com a sujeira e o mau cheiro do lixo produzido por nós mesmos.

No entanto, vale a pena refletir sobre o valor desses trabalhadores e a eles devotar o nosso respeito e valorização.

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