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Doença registra queda, mas números ainda são altos

Divania Rodrigues,Da editoria de Cidades

Em maio foram registrados 111,1 mil casos de dengue no Brasil. Se comparado a abril, com 348,2 mil casos o número teve queda de 68%, de acordo com boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na última semana. Mas, somente nos cinco primeiros meses do ano, foram registrados 1 milhão de casos prováveis de dengue, um aumento de 148% em relação ao ano passado que teve 411,2 mil notificações.

A maior incidência de casos se deu no Centro-Oeste com registro de 119.912 casos, 787,9 a cada 100 mil habitantes. Na região Sudeste foram 659.900 casos, 775,3/100 mil habitantes. No Nordeste, 162.053 casos, 288,4/100 mil habitantes. O Sul teve 54.473 casos e o Norte 24.666, respectivamente 187,7 e 142,9 a cada 100 mil habitantes.

Goiás

O Estado registrou a pior epidemia dos últimos anos, porém os números também começam a registrar queda no último mês. Na Semana Epidemiológica (SE), 19 os registros começaram a declinar. Na época foram notificados 8.776 casos, sendo que na semana anterior haviam sido registrados 9.829. No boletim, apresentado nesta semana (SE 23), foram notificados apenas 3.093.

Apesar de recuo, o último mês, em comparação com o ano de 2014, teve um aumento de 63,99%. Enquanto, nos primeiros meses deste ano, foram notificados 146.640 mil casos notificados, no mesmo período de 2014 foram 89.418. A Capital ainda é a cidade com maior número de notificações, com 60.969, seguida de Aparecida de Goiânia e Anápolis, respectivamente com 10.533 casos e 7.990 casos.

Enquanto em todo ano passado foram registrados 93 óbitos decorrentes da doença, nos primeiros meses de 2015 já foram confirmados 38. A Secretaria Estadual de Saúde ainda informa que outros 73 casos de mortes suspeitas estão sob investigação.

Os especialistas ponderam que a chegada do inverno, que faz o clima ficar mais frio, é um dos motivos para que a trégua demonstrada pela doença. Outro fator que contribui com a diminuição de casos de dengue também se deve ao clima. De acordo com o coordenador estadual de Controle de Dengue e Chikungunya, Murilo do Carmo Silva, o período de seca provoca a redução dos vetores – mosquitos Aedes aegypti – por disponibilizar menos criadouros.

Gastos públicos

Para tentar conter o avanço da doença em números epidêmicos, foram investidos R$ 150 milhões como recurso adicional, não permanente, de acordo com o MS. O dinheiro foi repassado em janeiro exclusivamente para ações de combate aos mosquitos transmissores da dengue e do chikungunya. Às secretarias municipais de saúde, o repasse foi de R$ 121,8 milhões e às estaduais de R$ 28,2 milhões.

Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, é essencial que o governo federal, gestores estaduais e municipais e a sociedade se unam nas medidas de prevenção à doença. “É muito importante que a população, os agentes de saúde e as autoridades mantenham as atividades. Mesmo, agora, que o número de casos diminuiu, é preciso manter o controle dos vetores. Os 15 minutos por semana fazendo check list no quintal de casa é uma medida de fundamental importância”, apontou, durante audiência pública, no Senado Federal, na última semana.

Esperança contra dengue, vacinas ainda podem demorar a chegar ao SUS

Divania Rodrigues

A dengue tem causado preocupação às famílias e às autoridades, desde que se tornou epidemia e tem superlotado os sistemas de saúde, tanto público quanto privado. Questões relacionadas ao combate à doença são debatidas principalmente durante seu pico de transmissão, nos primeiros meses do ano. Nesse ano, muito tem se falado sobre a produção de vacinas.

Após 20 anos de pesquisas e estudos, uma vacina contra a dengue atingiu eficácia global de 60,8% contra cada um dos quatro sorotipos de dengue, apresentando-se eficiente também contra o tipo hemorrágico. Ainda apresentou redução de 80,3% no risco de hospitalização, para os que mesmo vacinados desenvolveram a doença.

As pesquisas envolveram um esquema de vacinação de três doses e os resultados foram divulgados no ano passado pela empresa que desenvolve o produto, a farmacêutica Sanofi Pasteur – Divisão de Vacinas da Sanofi. Os testes foram realizados em humanos entre junho de 2011 e abril de 2013, com crianças e adolescentes do Brasil, México, Honduras, Colômbia e Porto Rico.

Em nota recente, o Ministério da Saúde (MS) esclareceu que ainda não há nenhuma vacina contra a dengue licenciada em qualquer país. Ainda informou que a Anvisa recebeu o primeiro pedido de registro de uma vacina, a da Sanofi, contra a dengue no mundo, no último dia 31 de março.

De acordo com MS, a solicitação estava sob análise feita com rigor técnico por se tratar de produto inédito. Deixou claro que, mesmo que receba liberação para comercialização, não há certeza de que a vacina passe a ser fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS):

“Após o processo de registro, essa vacina, como qualquer outro produto ou tecnologia, será avaliada pelos Comitês Técnicos Assessores em Imunizações e em Dengue, do Ministério da Saúde, que reúnem especialistas e sociedades científicas e, ainda, pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Nessa análise levam-se em conta todas as evidências científicas disponíveis para estabelecer se a incorporação é vantajosa do ponto de vista da saúde pública, analisando-se, além da segurança e da eficácia, o custo-efetividade, o impacto epidemiológico esperado, o protocolo e estratégia de utilização do produto e o impacto orçamentário que será produzido.”

Vacinas nacionais

De acordo com o Ministério da Saúde, há o acompanhamento de pesquisas de vacina contra a dengue no Brasil e no mundo “com o objetivo de conhecer seu estágio de desenvolvimento e as possibilidades de uma futura incorporação no País”. Também informou que tem apoiado o fortalecimento dos produtores públicos nacionais de vacinas como Instituto Butantan e o BioManguinhos, que estão em diferentes estágios da pesquisa.

No último dia 10 de abril, o Instituto Butantan solicitou à Anvisa a análise do processo de ensaio clínico de fase 3 – a final nos estudos. Essa parte da pesquisa visa comprovar a segurança e eficácia da vacina, sendo de realização obrigatória para que haja o posterior pedido de registro do produto. O MS ainda informa que solicitou à Anvisa prioridade na análise desse processo.

O alerta é que mesmo que seja autorizada e utilizada em larga escala pelo SUS, a vacina é apenas contra a dengue e o Aedes aegypti também transmite o chikungunya e o zika vírus. Assim, o combate ao vetor deve continuar, tanto por parte do poder público quanto por parte da população.

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