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Longevidade nipônica

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde publicados em maio de 2016, a média de vida de um cidadão japonês é de 83,7 anos, o que consolida a nação como campeã absoluta em longevidade no planeta. O Japão possui a maior concentração de idosos do mundo, o equivalente a cerca de 30% do total de sua população. São mais de 30 milhões de habitantes que já passaram dos 65 anos. Estima-se ainda que no país vivem hoje mais de 60 mil pessoas centenárias, 90% delas do sexo feminino. A partir desses números, é possível ter uma ideia da importância dos anciãos e anciãs japoneses na cultura e na economia do país. O dia 15 de setembro é feriado nacional no Japão, e marca a comemoração do dia do respeito à população idosa.

Tamanha expressividade numérica é reflexo principalmente do alto nível de qualidade de vida do país. Também representa aspectos culturais daquela nação, que enxerga os idosos não como inválidos sem perspectiva de vida, mas como verdadeiras fontes de sabedoria, que dedicaram a vida para o enriquecimento econômico e cultural do país. Não é à toa que estamos acostumados com a imagem do sábio japonês que preenche vários espaços nas produções audiovisuais não só do próprio país, mas do mundo todo. O dia 15 de setembro, no Japão, significa mais que uma luta por respeito aos idosos, tendo em vista que faz parte da raiz da educação de tal povo o respeito aos mais velhos. Na data é comum que, além de respeitados (como são diariamente), os idosos sejam reverenciados.

Respeito milenar

Silvia Masc, autora do blog Longevidade, vencedora do concurso Histórias de longevidade, realizado em 2012 por iniciativa de empresas privadas, escreveu sobre a forma que nações orientais como o Japão e China percebem os idosos de sua população, concluindo que o respeito aos idosos nesses lugares é uma tradição milenar. “A cultura dessas sociedades tem como tradição cuidar bem, glorificar e reverenciar seus idosos, resultado de uma educação milenar de dignidade e respeito. Os japoneses consultam seus anciãos antes de qualquer grande decisão, por considerarem seus conselhos sábios e experientes”, conta. “Os idosos têm intensa atuação nas decisões importantes de seus grupos sociais, especialmente nos destinos políticos”, completa.

A autora afirma ainda que existe uma aceitação maior dos japoneses à idade que carregam, pois naquele país é motivo de grande alegria possuir mais de 60 anos e uma grande bagagem de experiência. “Não se pergunta a idade a uma mulher jovem, mas sim às mais idosas, que respondem com muito orgulho terem 70 ou 80 anos, ao contrário do que se passa na sociedade brasileira, em que a partir de certa idade não se deve perguntar a idade a uma senhora para não causar constrangimentos, como terem-se muitos anos de vida fosse um motivo de vergonha ou ter-se algo a esconder.” No dia 15 de setembro, segundo Silvia Masc, os japoneses “oram pela longevidade dos mais velhos e os agradecem pelas contribuições feitas à sociedade ao longo de suas vidas”.

Dados

A data comemorativa foi instituída em 1947, com o nome de Toshiyori no Hi (dia do idoso). A nomenclatura foi alterada para Keirou no Hi (dia do respeito ao idoso) em 1966. O artigo A vulnerabilidade do idoso em situações de desastre, escrito por Airton Bodstein, Valéria Azevedo de Lima e Angela Abreu de Barros, alerta para a necessidade de uma maior preocupação com a população idosa do mundo, que deve aumentar bastante nos próximos anos. “O Japão é o único país no mundo que tem mais de 30% de sua população com 60 anos ou mais, mas a projeção para 2050 é de que existam 64 países nos quais a população idosa chegará a 30% da população”, afirmam os autores.

Os autores alertam ainda para a necessidade de uma mudança de tratamento aos idosos em países como o Brasil, onde chegam a ser tratados como inválidos e desrespeitados na hora de assumir o direito a sentar-se nos sobrecarregados ônibus públicos. “O Censo Demográfico do IBGE 2010 apontou um aumento bastante significativo desse grupo nos últimos 50 anos. Em 1960, 3,3 milhões de brasileiros tinham 60 anos ou mais e representavam 4,7% da população; em 2000, 14,5 milhões, ou 8,5% dos brasileiros, estavam nesse grupo. Na última década, o salto foi grande: em 2010 a representação passou para 10,8% da população, correspondendo a 20,6 milhões de pessoas.” Eles informam ainda que nos últimos 50 anos a esperança de vida aumentou 25 anos no país.

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